Consumo de frutas e hortaliças: o indivíduo e o ambiente

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Mariana Carvalho de Menezes
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/ANDO-AQCLAA
Resumo: As escolhas alimentares são complexas e mais bem compreendidas quando reconhecidos os fatores que a influenciam em diferentes níveis, como o indivíduo e o ambiente. Apesar do crescente interesse sobre a contribuição do ambiente para o consumo de alimentos, os estudos ainda são pontuais, os resultados inconsistentes e as evidências restritas aos países de renda alta. Objetivo: Identificar o consumo de frutas e hortaliças (FH) e os fatores individuais e ambientais associados a este consumo entre usuários do Programa Academia da Saúde (PAS) de Belo Horizonte, Minas Gerais. Métodos: Este trabalho será apresentado em três artigos, um estudo ecológico e dois transversais. No estudo ecológico objetivou-se realizar análise exploratória das características do ambiente e a sua relação com o consumo de FH. Nos estudos transversais objetivou-se identificar a associação entre habilidades individuais e o ambiente alimentar percebido com o consumo de FH; e investigar os fatores individuais, familiares e ambientais associados a este consumo. O estudo foi realizado com todos os usuários com 20 anos ou mais, em 18 polos do PAS amostrados por amostragem de conglomerado simples, estratificada pelas nove regiões administrativas do município. A coleta de dados constituiu de entrevistas com os usuários dos polos do PAS (domínio individual e familiar) e auditoria em estabelecimentos de FH contidos em buffers com raios de 1.600 metros ao redor dos polos amostrados (domínio ambiental). Os dados individuais investigados foram: variáveis biológicas, socioeconômicas (sexo, idade, estado civil, renda, ocupação e educação) e comportamentais (estágio de mudança, autoeficácia, equilíbrio decisão; e habilidades individuais - respostas a frases, em escala likert, relacionadas a tempo, custo/acessibilidade e habilidade de preparar FH). Para avaliar o ambiente alimentar, contemplou-se variáveis do ambiente alimentar familiar (segurança alimentar do domicilio), da comunidade (proximidade, densidade, acesso e tipo dos estabelecimentos de FH) e do consumidor (condição higiênico-sanitária dos estabelecimentos e qualidade do acesso às FH avaliada pelo Índice de acesso a alimentos em estabelecimentos - HFSI, o qual é composto por variáveis de disponibilidade, variedade e propaganda de FH e alimentos ultraprocessados). As técnicas de análise espacial constaram do Índice de Moran Local, cálculo do estimador de kernel, avaliação da proximidade, além da construção de mapas temáticos. A associação entre fatores individuais e ambientais e o consumo de FH foi testada a partir dos testes estatísticos t de Student para amostras independentes; one-way Análise de variância e testes post hoc; regressões lineares múltiplas; e regressão linear multinível. Resultados: Nos 18 polos do PAS avaliados foram entrevistados 3.414 indivíduos e analisados 336 estabelecimentos em seus territórios. O estudo ecológico encontrou uma inadequação de consumo de FH de 65,8% (<400 gramas diárias), sendo identificadas importantes variações geográficas, como: maior consumo médio em áreas com maior renda e concentração de estabelecimentos comerciais e, melhor acesso a alimentos saudáveis (área 2A: 410,5±185,7 g vs. área 4B: 311,2±159,9 g). Áreas com pior consumo de FH, por sua vez, possuíam estabelecimentos, em sua maioria, com pior acesso a alimentos saudáveis (mediana de HFSI no primeiro tercil = 10). Na mesma direção, identificou-se que a maioria dos participantes (52,0%) não era confiante sobre a disponibilidade de FH em seu território. Após ajustes, a habilidade individual foi mais fortemente associada ao consumo de FH (p<0,001), em comparação com o ambiente alimentar percebido, sendo que o aumento de um desvio padrão da pontuação da habilidade individual poderia aumentar a ingestão de FH em 35,10g. As análises multiníveis corroboraram estes resultados. O consumo de FH variou entre os contextos, sendo maior em áreas com melhores condições socioeconômicas e estabelecimentos comerciais com maiores valores de índice de acesso, como sacolões. Fatores individuais significativamente associados à ingestão de FH incluíram idade, renda, situação de insegurança alimentar do domicílio, estágio de mudança, autoeficácia e equilíbrio de decisão. Após controlar pelas características individuais, um maior consumo de FH também foi associado ao melhor índice de acesso a alimentos saudáveis. Conclusão: Este é um dos primeiros trabalhos a realizar uma avaliação abrangente do ambiente alimentar em um país em desenvolvimento, ampliando a compreensão da complexa relação entre os fatores ambientais e individuais e o consumo de FH. Verificou-se consumo inadequado de FH, influenciado por fatores individuais (comportamentais e socioeconômicos), familiar (insegurança alimentar) e ambientais. O ambiente alimentar do consumidor, aparentemente, foi mais importante para se ter uma alimentação saudável do que o ambiente alimentar da comunidade, o que aponta para novas possibilidades de intervenções voltadas para o incentivo do consumo de FH.
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No estudo ecológico objetivou-se realizar análise exploratória das características do ambiente e a sua relação com o consumo de FH. Nos estudos transversais objetivou-se identificar a associação entre habilidades individuais e o ambiente alimentar percebido com o consumo de FH; e investigar os fatores individuais, familiares e ambientais associados a este consumo. O estudo foi realizado com todos os usuários com 20 anos ou mais, em 18 polos do PAS amostrados por amostragem de conglomerado simples, estratificada pelas nove regiões administrativas do município. A coleta de dados constituiu de entrevistas com os usuários dos polos do PAS (domínio individual e familiar) e auditoria em estabelecimentos de FH contidos em buffers com raios de 1.600 metros ao redor dos polos amostrados (domínio ambiental). Os dados individuais investigados foram: variáveis biológicas, socioeconômicas (sexo, idade, estado civil, renda, ocupação e educação) e comportamentais (estágio de mudança, autoeficácia, equilíbrio decisão; e habilidades individuais - respostas a frases, em escala likert, relacionadas a tempo, custo/acessibilidade e habilidade de preparar FH). Para avaliar o ambiente alimentar, contemplou-se variáveis do ambiente alimentar familiar (segurança alimentar do domicilio), da comunidade (proximidade, densidade, acesso e tipo dos estabelecimentos de FH) e do consumidor (condição higiênico-sanitária dos estabelecimentos e qualidade do acesso às FH avaliada pelo Índice de acesso a alimentos em estabelecimentos - HFSI, o qual é composto por variáveis de disponibilidade, variedade e propaganda de FH e alimentos ultraprocessados). As técnicas de análise espacial constaram do Índice de Moran Local, cálculo do estimador de kernel, avaliação da proximidade, além da construção de mapas temáticos. 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Na mesma direção, identificou-se que a maioria dos participantes (52,0%) não era confiante sobre a disponibilidade de FH em seu território. Após ajustes, a habilidade individual foi mais fortemente associada ao consumo de FH (p<0,001), em comparação com o ambiente alimentar percebido, sendo que o aumento de um desvio padrão da pontuação da habilidade individual poderia aumentar a ingestão de FH em 35,10g. As análises multiníveis corroboraram estes resultados. O consumo de FH variou entre os contextos, sendo maior em áreas com melhores condições socioeconômicas e estabelecimentos comerciais com maiores valores de índice de acesso, como sacolões. Fatores individuais significativamente associados à ingestão de FH incluíram idade, renda, situação de insegurança alimentar do domicílio, estágio de mudança, autoeficácia e equilíbrio de decisão. Após controlar pelas características individuais, um maior consumo de FH também foi associado ao melhor índice de acesso a alimentos saudáveis. Conclusão: Este é um dos primeiros trabalhos a realizar uma avaliação abrangente do ambiente alimentar em um país em desenvolvimento, ampliando a compreensão da complexa relação entre os fatores ambientais e individuais e o consumo de FH. Verificou-se consumo inadequado de FH, influenciado por fatores individuais (comportamentais e socioeconômicos), familiar (insegurança alimentar) e ambientais. O ambiente alimentar do consumidor, aparentemente, foi mais importante para se ter uma alimentação saudável do que o ambiente alimentar da comunidade, o que aponta para novas possibilidades de intervenções voltadas para o incentivo do consumo de FH.Food choices are complex and better understood when the influences of factors at various levels are recognized, such as the individual and environment. Despite the growing interest in the contribution of environment to food consumption, findings are still inconsistent and the evidence is restricted to high-income countries. Objective: To identify fruit and vegetable (FV) intake and the individual and environmental factors associated with this consumption among users of the Health Academy Program (HAP) of Belo Horizonte, Minas Gerais. Methods: This thesis will be presented in three articles, one ecological study and two cross-sectional studies. In the ecological study the purpose was to perform an exploratory analysis of the environmental conditions and their relationship with FV intake. The cross-sectional studies aimed to identify the association between individual ability and the perceived food environment with FV consumption; and to examine the individual, family and environmental factors associated with this consumption. The study was conducted with all users aged 20 years or older from HAP centres sampled via stratified cluster sampling, stratified by the nine administrative districts of the municipality. Data collection included face-to-face interviews with users of HAP centres (individual and family domain), as well as FV store audits (environmental domain) contained within 1,600 m buffer zones at HAP sites. The individual data investigated were: biological and socioeconomic variables (sex, age, marital status, income, occupation and education) and psychosocial variables (stage of change, self-efficacy, decisional balance; and individual ability - answers to items on likert scale regarding perceived affordability, time and preparation skills). In order to evaluate food environment, we measured variables from home food environment (household food security), community nutrition environment (density, proximity, accessibility and type of food stores) and the consumer nutrition environment (sanitary-hygienic condition of food stores; quality of access to FV evaluated by the Healthy Food Store Index - HFSI, composed of variables of availability, variety, and advertising of FV and ultra-processed products). Spatial analysis techniques consisted of the Local Morans Index, Kernel intensity estimator, proximity assessment, and the construction of thematic maps. The association between individual and environmental factors and FV consumption were tested from Student t for independent samples, One-way Analysis of variance and post-hoc tests; multiple linear regressions; and multilevel linear regression. Results: In the 18 HAP centres evaluated, 3,414 individuals were interviewed and 336 food stores were analyzed in its territories. The ecological study found a FV inadequacy of 65.8% (<400 grams daily), with significant geographical variations: average consumption was higher in areas with higher income and concentration of food stores, and better index of access to healthy foods (site 2A: 410.5±185.7 g vs. site 4B: 311.2±159.9 g). Sites with poor FV consumption had the most stores with poor access to healthy foods (index in the first tertile, 10). In the same direction, the majority of participants (52.0%) were not confident about FV availability in their territory. After adjustments, individual ability was more strongly associated with FV consumption (p<0,001), compared to the food environment perception: a 1 standard deviation higher individual ability score was associated with a 35.10g higher FV intake. The multilevel analyzes corroborate these findings. FV intake varied between contexts, being higher in areas with better socioeconomic conditions and food stores with greater index of access, such as specialized FV markets. Individual-level factors significantly associated with FV intake included age, income, household food insecurity, stage of change, self-efficacy and decisional balance. After controlling for individual-level characteristics, a greater FV intake was also associated with better access to healthy food. Conclusion: This is one of the first studies to conduct a comprehensive assessment of food environment in a developing country, increasing the comprehension of the complex relationship between environmental and individual factors and FV consumption. We found inadequate intake of FV, influenced by individual (behavioral and socioeconomic), family (food insecurity) and environmental factors, which the consumer nutrition environment was more apparently predictive of healthy eating, than the community nutrition environment. The findings suggest new possibilities for interventions aimed at encouraging FV consumption.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGComercialização de ProdutosConsumo de AlimentosFatores SocioeconômicosAnálise MultinívelEnfermagemMeio AmbienteVerdurasNutrição de Grupos de RiscoInquéritos e QuestionáriosFrutasAnálise multinívelFatores epidemiológicosFrutas e hortaliçasAnálise espacialEstabelecimentos comerciaisAmbiente alimentarConsumo de frutas e hortaliças: o indivíduo e o ambienteinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALmariana_carvalho_de_menezes.pdfapplication/pdf15258666https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/ANDO-AQCLAA/1/mariana_carvalho_de_menezes.pdf226ccd61363aef3629717eaebd9d50ceMD51TEXTmariana_carvalho_de_menezes.pdf.txtmariana_carvalho_de_menezes.pdf.txtExtracted texttext/plain292833https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/ANDO-AQCLAA/2/mariana_carvalho_de_menezes.pdf.txt65aaee42a2a732ae536ab80686d9b0cfMD521843/ANDO-AQCLAA2019-11-14 19:44:59.413oai:repositorio.ufmg.br:1843/ANDO-AQCLAARepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T22:44:59Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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Nos estudos transversais objetivou-se identificar a associação entre habilidades individuais e o ambiente alimentar percebido com o consumo de FH; e investigar os fatores individuais, familiares e ambientais associados a este consumo. O estudo foi realizado com todos os usuários com 20 anos ou mais, em 18 polos do PAS amostrados por amostragem de conglomerado simples, estratificada pelas nove regiões administrativas do município. A coleta de dados constituiu de entrevistas com os usuários dos polos do PAS (domínio individual e familiar) e auditoria em estabelecimentos de FH contidos em buffers com raios de 1.600 metros ao redor dos polos amostrados (domínio ambiental). 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A associação entre fatores individuais e ambientais e o consumo de FH foi testada a partir dos testes estatísticos t de Student para amostras independentes; one-way Análise de variância e testes post hoc; regressões lineares múltiplas; e regressão linear multinível. Resultados: Nos 18 polos do PAS avaliados foram entrevistados 3.414 indivíduos e analisados 336 estabelecimentos em seus territórios. O estudo ecológico encontrou uma inadequação de consumo de FH de 65,8% (<400 gramas diárias), sendo identificadas importantes variações geográficas, como: maior consumo médio em áreas com maior renda e concentração de estabelecimentos comerciais e, melhor acesso a alimentos saudáveis (área 2A: 410,5±185,7 g vs. área 4B: 311,2±159,9 g). Áreas com pior consumo de FH, por sua vez, possuíam estabelecimentos, em sua maioria, com pior acesso a alimentos saudáveis (mediana de HFSI no primeiro tercil = 10). 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Conclusão: Este é um dos primeiros trabalhos a realizar uma avaliação abrangente do ambiente alimentar em um país em desenvolvimento, ampliando a compreensão da complexa relação entre os fatores ambientais e individuais e o consumo de FH. Verificou-se consumo inadequado de FH, influenciado por fatores individuais (comportamentais e socioeconômicos), familiar (insegurança alimentar) e ambientais. O ambiente alimentar do consumidor, aparentemente, foi mais importante para se ter uma alimentação saudável do que o ambiente alimentar da comunidade, o que aponta para novas possibilidades de intervenções voltadas para o incentivo do consumo de FH.
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