Mito e argumento no Fédon

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rubens Garcia Nunes Sobrinho
Data de Publicação: 2004
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9XSH95
Resumo: A investigação levada a efeito neste trabalho tem o escopo de elucidar as razões pelas quais Platão faz um uso tão extenso da narrativa mítica, em conjunção com a argumentação, como característica da operacionalidade filosoilca que aparece nos diálogos do período médio de sua obra. Na História da Filosofia, os mitos platônicos tcMii sido negligenciados pelos eruditos e considerados peças de "literatura imaginativa" que, em si mesmas, não são meritórias de interesse filosófico. De uma maneira geral, os mitos não são considerados como elementos representativos do pensamento de Platão. Não obstante, o movimento dialético do Fétion evidencia que o emprego da narrativa mítica não só é lundamental para a inteligibilidade almejada pelo exame filosófico, mas é. também, uma forma discursiva cujo horizonte ultrapassa os limites e as exigências da argumentação mais estritamente racional. No primeiro capítulo, empreende-se uma delimitação do âmbito e do alcance operacional do mito filosófico no Fécloii. em contraposição com a argumentação conceptual. Busca-se a demarcação clara de uma oposição entre mito e conceito, ao mesmo tempo que o estabelecimento de uma relação solidária que determina a racionalidade peculiar ao mito filosófico c uma afetividade própria à argumentação dialética. O segundo capítulo explicita os argumentos aduzidos em favor da imortalidade da alma e o modo como a imbricação entre mito e argumento compõe e contribui para o exame da imortalidade, do conhecimento e da própria atividade filosófica. O terceiro capítulo desdobra as noções e teses mais fundamentais do diálogo, como a hipótese das Formas, a causalidade e a questão de um método investigativo que sintoniza o argumento com o mito filosófico. No quarto e último capítulo, empreende-se uma interpretação detalhada do mito escatológico final e uma correlação dos princípios de interpretação empregados com a argumentação global do diálogo. Busca-se a demonstração de que o tratamento exegético e a investigação aprofundada dos mitos filosóficos enriquecem, em muito, a compreensão dos diálogos platônicos. Para tanto, são confrontados dois modos de abordagem distintos, que nem sempre são convergentes: a interpretação alegórica fixa e uma interpretação estrutural modelada segundo a abordagem de Walter Burkert e .1. P. Vernant. Foram adotadas e cotejadas as traduções de Monique Dixsaut. Paul Vicaire. G. Reale e R. Hackforth. visto que pequenas variações nos termos gregos reverberam de maneira amplificada na interpretação dos conceitos envolvidos.
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Não obstante, o movimento dialético do Fétion evidencia que o emprego da narrativa mítica não só é lundamental para a inteligibilidade almejada pelo exame filosófico, mas é. também, uma forma discursiva cujo horizonte ultrapassa os limites e as exigências da argumentação mais estritamente racional. No primeiro capítulo, empreende-se uma delimitação do âmbito e do alcance operacional do mito filosófico no Fécloii. em contraposição com a argumentação conceptual. Busca-se a demarcação clara de uma oposição entre mito e conceito, ao mesmo tempo que o estabelecimento de uma relação solidária que determina a racionalidade peculiar ao mito filosófico c uma afetividade própria à argumentação dialética. O segundo capítulo explicita os argumentos aduzidos em favor da imortalidade da alma e o modo como a imbricação entre mito e argumento compõe e contribui para o exame da imortalidade, do conhecimento e da própria atividade filosófica. O terceiro capítulo desdobra as noções e teses mais fundamentais do diálogo, como a hipótese das Formas, a causalidade e a questão de um método investigativo que sintoniza o argumento com o mito filosófico. No quarto e último capítulo, empreende-se uma interpretação detalhada do mito escatológico final e uma correlação dos princípios de interpretação empregados com a argumentação global do diálogo. Busca-se a demonstração de que o tratamento exegético e a investigação aprofundada dos mitos filosóficos enriquecem, em muito, a compreensão dos diálogos platônicos. Para tanto, são confrontados dois modos de abordagem distintos, que nem sempre são convergentes: a interpretação alegórica fixa e uma interpretação estrutural modelada segundo a abordagem de Walter Burkert e .1. P. Vernant. Foram adotadas e cotejadas as traduções de Monique Dixsaut. Paul Vicaire. G. Reale e R. Hackforth. visto que pequenas variações nos termos gregos reverberam de maneira amplificada na interpretação dos conceitos envolvidos.The present rescareh aims at elarifying the reasons why Plato makes sueh an extensive use of mythieal narratives in his argument, a use whieh is typical of the way his middle period dialogues operate philosophically. In the ilistoiy of Philosophy, Plato's myths have been neglected by scholars who take them to be pieces of "imaginative literature", not worthy of philosophical interest in themselves. On the whole, they are not considered representative of Plato's thought. Nevertheless, the dialectic movement of the Phaccio shows that the use of mythical narratives is not only fundamental to the degree of intelligibility aimed at by philosophical exam, but also a resource which goes beyond the boundaries and demands of strict rational argument. In the first chapter, the point is to establish the operational scope of the philosophical myth in the Phuedo, as opposed to conceptual argument. This is done both by making a clear opposition between myth and concept as well as by establishing an intimate relationship that determines not only the rationality peculiar to myth but also the affection present in dialectical argument. 'fhe second chapter explains the arguments brought forward in favor of the immortality of the soul and the way the imbrication between myth and argument essentially integrates and contributes to the exam of immortality, of knowledge and of philosophical activity itself, 'fhe third chapter develops the dialogue's most important notions and theses, such as the hypothesis of Forms, causality and the issue of an inquiry method that reconciles argument and philosophical myth. The fourth and last chapter is both a detailed interpretation of the fmal eschatological myth and an attempt at establishing a clear relation between the principles of interpretation used and the global argument of the dialogue, 'fhe purpose is to show that the exegesis and the detailed exam of the philosophical myths contribute in a unique way to a deeper understanding of Plato's dialogues. From that perspective, the text opposes and relates two distinct approaches, not always compatible: the fixed allegorical interpretation and a more structural one, according to Burkert and Vernant. As a whole, the careful choice of terms is made through the comparison of different translations of the dialogue (M. Dixsaut, P. Vicaire, G. Reale, R. Hackforth), taking into account the fact that the smallest lexical variations have an amplified impact on the interpretation of the different concepts at stake.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGPlatão FedonFilosofiaFilosofia HistóriaFormasMitoInteligibilidadeMito e argumento no Fédoninfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdissertacao_rubensgarcianunessobrinho.pdfapplication/pdf25950512https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9XSH95/1/dissertacao_rubensgarcianunessobrinho.pdf884ed69b5b4ad2682954e4c788ef9472MD51TEXTdissertacao_rubensgarcianunessobrinho.pdf.txtdissertacao_rubensgarcianunessobrinho.pdf.txtExtracted texttext/plain572980https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9XSH95/2/dissertacao_rubensgarcianunessobrinho.pdf.txt43944776f665e5cac6a4ca4c205ced59MD521843/BUBD-9XSH952019-11-14 05:49:57.98oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-9XSH95Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T08:49:57Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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