Classificação e análise biohidrogeomorfológica das áreas úmidas de Minas Gerais: integração multicriterial, multiescalar e geoespacial

• Autor(a) principal: Cecília Siman Gomes
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/59097
• topic: áreas úmidas; classificação de áreas úmidas; funções ambientais; hidrogeomorfologia; áreas protegidas; Terras inundáveis – Minas Gerais; Hidrologia; Geomorfologia; Ecossistemas; Biodiversidade; Áreas protegidas

As Áreas Úmidas (AUs) são ecossistemas ou unidades funcionais presentes em diferentes contextos físicos e bióticos e que apresentam gêneses, tipologias e dimensões espaçotemporais variadas. As funções ambientais fornecidas pelas AUs são muito diversas e de grande relevância, como: recarga de aquíferos, manutenção de corpos hídricos, retenção de carbono e fornecimento de habitats. A preservação e o manejo sustentável das AUs demandam conhecimento de suas principais características e das inter-relações com os meios onde estão situadas. Logo, os inventários e as classificações das AUs desempenham um papel fundamental ao permitirem a análise sistemática da sua distribuição, extensão, tipos e principais características, fornecendo subsídios para o estabelecimento de ações de monitoramento, pesquisa e políticas de manejo e conservação desses ecossistemas de forma integrada ao meio. Nesse sentido, esta tese tem como objetivo principal desenvolver uma proposta de classificação biohidrogeomorfológica geoespacial das Áreas Úmidas do Estado de Minas Gerais, organizada em níveis escalares regionais, incluindo a análise de sua distribuição no território, a interpretação dos seus tipos e características, bem como a identificação de áreas potenciais de maior relevância para a sua proteção ambiental. Para isso, através da seleção e cruzamentos de dados geoespaciais, estruturou-se um inventário de AUs de Minas Gerais, totalizando aproximadamente 8.133,76 km². Para a classificação das AUs desse inventário, foram estruturados dois níveis escalares de análise – Nível 1-N1 (regional) e Nível 2-N2 (sub-regional) – e também foi proposto um terceiro nível – Nível 3 – de avaliação individual de exemplos de AUs no contexto local. Os parâmetros biohidrogeomorfológicos geoespaciais que compõem os níveis da classificação foram definidos e estruturados considerando seu papel na formação das AUs, seus tipos, características e/ou funções e sua escala de análise. O N1 possui quatro parâmetros: domínios geomorfológicos, sistemas aquíferos, pluviosidade e biomas; o N2 também possui quatro parâmetros: unidades geomorfológicas, tipos de aquíferos, déficit hídrico e ecorregiões; e o Nível 3 possui seis parâmetros: formas de relevo, altimetria, declividade, formas de terreno (forma da vertente e direção preferencial dos fluxos de água), ordem do curso d’água associado (quando aplicável) e fitofisionomias. Em sequência, as AUs do inventário foram classificadas a partir do cruzamento das unidades dos parâmetros do N1 e do N2, isolados e combinados entre si, sendo analisadas sua distribuição no território e os tipos de ambientes com maior ocorrência e potencial de dar origem a AUs, assim como interpretadas as suas características, formas de alimentação hídrica, tipos e/ou possíveis funções ambientais. Para a combinação do N1N2, foram feitos recortes específicos de áreas no estado para apresentar um panorama geral das características das AUs do inventário. Exemplos da classificação das AUs nos três níveis foram então apresentados para ilustrar e validar a proposta de classificação. Como parte da classificação, também analisou-se a ocorrência das AUs em relação à sobreposição dos seguintes instrumentos de gestão territorial: Áreas prioritárias para conservação (estadual e federal), Áreas prioritárias para criação de Unidades de Conservação (UCs), Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, Reserva da Biosfera da Caatinga e Reserva da Biosfera do Espinhaço. Foi delineado um mapeamento de áreas potenciais de maior relevância ambiental para a proteção de AUs de Minas Gerais, formando um panorama regional para possíveis delimitações e/ou expansões de novas UCs sob a ótica da diversidade, relevância e conservação das AUs para a manutenção de suas funções ambientais. Espera-se que esta tese possa subsidiar novas pesquisas e apoiar ações públicas que visem a proteção e manejo destes ecossistemas de forma integrada ao ambiente, nas diversas escalas de análise de planejamento e gestão territorial.