O DSM, o sujeito e a clínica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Max Silva Moreira
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/VCSA-8QWG6D
Resumo: Esta dissertação objetiva demonstrar que, embora o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), desde sua terceria edição, afirme o caráter ateórico de sua metodologia, há uma relevante contribuição da teoria psicanalítica sobre a histeria subjacente aos Transtornos Somatoformes e aos Transtornos Dissociativos ali descritos. Para isso, relacionamos eventos que demonstram as controvertidas situações que expuseram a psiquiatria ao questionamento público de suas bases científicas para, em seguida, realizar um breve histórico sobre o desenvolvimento das classificações psiquiátricas, identificando a metodologia empregada em sua elaboração. Verificamos que a aplicação do método científico ao estudo das doenças mentais, tendo sido inspirado por outras disciplinas, como a botânica e a física, associou-se ao objetivo de estabelecimento de uma classificação universal das doenças mentais. A referência ao método científico levou a psiquiatria a uma bipolaridade entre um oraganicismo de base e outra vertente psicogênica não tendo jamais, no âmbito da metodologia científica, conseguido resolver o impasse do estabelecimento da etiologia das doenças mentais. A difusão da psicanálise nos Estados Unidos, a partir das conferências de Freud em 1909, na Universidade Clark e por intermédio do trabalho de Adolf Meyer, influenciou as duas primeiras versões do manual e levou a um movimento da psiquiatria norte-americana pela supressão dessas referências a partir do DSM-III. Considerava-se que a etiologia psicanalítica das doenças mentais não se adequava à ciência, e ameaçava desvincular a psiquiatria da medicina. Por outro lado, estudos de confiabilidade realizados na Euroa e na América, em meados do século vinte, revelaram problemas na validação dos diagnósticos. Isto levou a Associação Psiquiátrica Americana (APA) a tratar a falta de validade dos diagnósticos pelo aumento de sua confiabilidade, pela aplicação de um índice estatítico (o Cieficiente Kappa de Cohen), e a normalizar a entrevista clínica. Demonstramos como esses esforços constituem estratégias para a exclusão do sujeito não apenas do manual, como também da clínica e da formação profissional. Por fim, especificamos o diagnóstico de Transtorno Conversivo, historicamente vinculado à histeria - categoria extinta do manual - como exemplo da herança psicanálitica no DSM.
id UFMG_7d68475de12a7b454b33278fc0829a88
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/VCSA-8QWG6D
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Paulo Cesar de Carvalho RibeiroAntonio Marcio Ribeiro TeixeiraPaulo Roberto CeccarelliMax Silva Moreira2019-08-14T07:42:09Z2019-08-14T07:42:09Z2010-04-09http://hdl.handle.net/1843/VCSA-8QWG6DEsta dissertação objetiva demonstrar que, embora o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), desde sua terceria edição, afirme o caráter ateórico de sua metodologia, há uma relevante contribuição da teoria psicanalítica sobre a histeria subjacente aos Transtornos Somatoformes e aos Transtornos Dissociativos ali descritos. Para isso, relacionamos eventos que demonstram as controvertidas situações que expuseram a psiquiatria ao questionamento público de suas bases científicas para, em seguida, realizar um breve histórico sobre o desenvolvimento das classificações psiquiátricas, identificando a metodologia empregada em sua elaboração. Verificamos que a aplicação do método científico ao estudo das doenças mentais, tendo sido inspirado por outras disciplinas, como a botânica e a física, associou-se ao objetivo de estabelecimento de uma classificação universal das doenças mentais. A referência ao método científico levou a psiquiatria a uma bipolaridade entre um oraganicismo de base e outra vertente psicogênica não tendo jamais, no âmbito da metodologia científica, conseguido resolver o impasse do estabelecimento da etiologia das doenças mentais. A difusão da psicanálise nos Estados Unidos, a partir das conferências de Freud em 1909, na Universidade Clark e por intermédio do trabalho de Adolf Meyer, influenciou as duas primeiras versões do manual e levou a um movimento da psiquiatria norte-americana pela supressão dessas referências a partir do DSM-III. Considerava-se que a etiologia psicanalítica das doenças mentais não se adequava à ciência, e ameaçava desvincular a psiquiatria da medicina. Por outro lado, estudos de confiabilidade realizados na Euroa e na América, em meados do século vinte, revelaram problemas na validação dos diagnósticos. Isto levou a Associação Psiquiátrica Americana (APA) a tratar a falta de validade dos diagnósticos pelo aumento de sua confiabilidade, pela aplicação de um índice estatítico (o Cieficiente Kappa de Cohen), e a normalizar a entrevista clínica. Demonstramos como esses esforços constituem estratégias para a exclusão do sujeito não apenas do manual, como também da clínica e da formação profissional. Por fim, especificamos o diagnóstico de Transtorno Conversivo, historicamente vinculado à histeria - categoria extinta do manual - como exemplo da herança psicanálitica no DSM.This thesis aims to show that, although the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM), since its third edition, states the atheoretical character of itsmethodology, there is a relevant contribution of the psychoanalytical theory about hysteria that underlies the Somatoform Disorders and Dissociative Disorders described in it. In order to do so, we have selected events that illustrate the controversial situations that exposed psychiatry to public questioning in terms of its scientific base and, then, organized a brief history of the development of psychiatric classifications, identifying the methodology used in its elaboration. We have verified that the application of the scientific method to the study of mental diseases, having been inspired by other fields such as botanic and physics, was associated with the objective of establishing a universal classification of mental diseases. The reference to the scientific method led psychiatry to a bipolarity between a base organicism and another psychogenic aspect, not having ever, in the range of scientific methodology, been able to solve the deadlock of the establishment of the etiology of mental diseases. The dissemination of psychoanalysis in the United States, following Freud conferences in 1909 at Clark University and also through Adolf Meyer's work, influenced the first two versions of the manual, and led to a movement of the North American psychiatry by suppressing these references from DSM-III. It was considered that the psychoanalytic etiology of the mental diseases did not suit science and threatened to disassociate psychiatry from medicine. On the other hand, studies in dependability that had taken place in Europe and North America, in mid-20th century, revealed problems in the validation of diagnosis, which led the American Psychiatry Association (APA) to deal with the lack of validity of the diagnosis by increasing its dependability, by applying a statistical index (Cohen's Kappa coefficiet), and to standardize the clinic interview. We show that these efforts constitute strategies for the exclusion of the subject not only from the manual, but also the clinic and professional training. Finally, we have specified the diagnosis of the Conversion Disorder, which has been historically connected to hysteria - an extinct category from tje manual - as an example of the psychoanalytic heritage of the DSM.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGInconscienteDoenças mentais ClassificaçãoPsicanálisePsiquiatriaDSMPsicologiaClínicaDiscurso da ciênciaMétodo científicoDiagnósticoPsicanáliseValidadeSujeitoClassificaçõesConfiabilidadeDSMO DSM, o sujeito e a clínicainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALo_dsm__o_sujeito_e_a_clinica.pdfapplication/pdf750791https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/VCSA-8QWG6D/1/o_dsm__o_sujeito_e_a_clinica.pdfd027807cb623f6b6d7e45f1d0d15083dMD511843/VCSA-8QWG6D2019-08-14 04:42:09.349oai:repositorio.ufmg.br:1843/VCSA-8QWG6DRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-08-14T07:42:09Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv O DSM, o sujeito e a clínica
title O DSM, o sujeito e a clínica
spellingShingle O DSM, o sujeito e a clínica
Max Silva Moreira
Clínica
Discurso da ciência
Método científico
Diagnóstico
Psicanálise
Validade
Sujeito
Classificações
Confiabilidade
DSM
Inconsciente
Doenças mentais Classificação
Psicanálise
Psiquiatria
DSM
Psicologia
title_short O DSM, o sujeito e a clínica
title_full O DSM, o sujeito e a clínica
title_fullStr O DSM, o sujeito e a clínica
title_full_unstemmed O DSM, o sujeito e a clínica
title_sort O DSM, o sujeito e a clínica
author Max Silva Moreira
author_facet Max Silva Moreira
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Paulo Cesar de Carvalho Ribeiro
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Antonio Marcio Ribeiro Teixeira
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Paulo Roberto Ceccarelli
dc.contributor.author.fl_str_mv Max Silva Moreira
contributor_str_mv Paulo Cesar de Carvalho Ribeiro
Antonio Marcio Ribeiro Teixeira
Paulo Roberto Ceccarelli
dc.subject.por.fl_str_mv Clínica
Discurso da ciência
Método científico
Diagnóstico
Psicanálise
Validade
Sujeito
Classificações
Confiabilidade
DSM
topic Clínica
Discurso da ciência
Método científico
Diagnóstico
Psicanálise
Validade
Sujeito
Classificações
Confiabilidade
DSM
Inconsciente
Doenças mentais Classificação
Psicanálise
Psiquiatria
DSM
Psicologia
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Inconsciente
Doenças mentais Classificação
Psicanálise
Psiquiatria
DSM
Psicologia
description Esta dissertação objetiva demonstrar que, embora o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), desde sua terceria edição, afirme o caráter ateórico de sua metodologia, há uma relevante contribuição da teoria psicanalítica sobre a histeria subjacente aos Transtornos Somatoformes e aos Transtornos Dissociativos ali descritos. Para isso, relacionamos eventos que demonstram as controvertidas situações que expuseram a psiquiatria ao questionamento público de suas bases científicas para, em seguida, realizar um breve histórico sobre o desenvolvimento das classificações psiquiátricas, identificando a metodologia empregada em sua elaboração. Verificamos que a aplicação do método científico ao estudo das doenças mentais, tendo sido inspirado por outras disciplinas, como a botânica e a física, associou-se ao objetivo de estabelecimento de uma classificação universal das doenças mentais. A referência ao método científico levou a psiquiatria a uma bipolaridade entre um oraganicismo de base e outra vertente psicogênica não tendo jamais, no âmbito da metodologia científica, conseguido resolver o impasse do estabelecimento da etiologia das doenças mentais. A difusão da psicanálise nos Estados Unidos, a partir das conferências de Freud em 1909, na Universidade Clark e por intermédio do trabalho de Adolf Meyer, influenciou as duas primeiras versões do manual e levou a um movimento da psiquiatria norte-americana pela supressão dessas referências a partir do DSM-III. Considerava-se que a etiologia psicanalítica das doenças mentais não se adequava à ciência, e ameaçava desvincular a psiquiatria da medicina. Por outro lado, estudos de confiabilidade realizados na Euroa e na América, em meados do século vinte, revelaram problemas na validação dos diagnósticos. Isto levou a Associação Psiquiátrica Americana (APA) a tratar a falta de validade dos diagnósticos pelo aumento de sua confiabilidade, pela aplicação de um índice estatítico (o Cieficiente Kappa de Cohen), e a normalizar a entrevista clínica. Demonstramos como esses esforços constituem estratégias para a exclusão do sujeito não apenas do manual, como também da clínica e da formação profissional. Por fim, especificamos o diagnóstico de Transtorno Conversivo, historicamente vinculado à histeria - categoria extinta do manual - como exemplo da herança psicanálitica no DSM.
publishDate 2010
dc.date.issued.fl_str_mv 2010-04-09
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-14T07:42:09Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-14T07:42:09Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/VCSA-8QWG6D
url http://hdl.handle.net/1843/VCSA-8QWG6D
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/VCSA-8QWG6D/1/o_dsm__o_sujeito_e_a_clinica.pdf
bitstream.checksum.fl_str_mv d027807cb623f6b6d7e45f1d0d15083d
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1801676652901564416