Mulheres camponesas e culturas do escrito: trajetórias de lideranças comunitárias construídas nas CEBS
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMG |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1843/BUOS-9VENTC |
Resumo: | Esta pesquisa tem como objetivo analisar as condições e as instâncias formativas por meio das quais mulheres camponesas e líderes das CEBs, que pouco ou nunca frequentaram a escola, construíram sua participação nas culturas do escrito. Por essa razão buscou-se traçar e analisar o perfil de um grupo de seis camponesas a partir dos seguintes dados: situação familiar, social e econômica; escolaridade; faixa etária; e pertencimento religioso e étnico. Em seguida, reconstituiu-se, por intermédio da trajetória de vida delas, o processo de atuação e formação nas CEBs do campo, com destaque para os modos de participação nas culturas do escrito. O estudo insere-se no quadro de pesquisas a respeito dos modos de participação nas práticas culturais relacionadas à leitura e à escrita por meio de distintas instâncias de socialização. Ele surgiu do pressuposto de que não existe uma cultura escrita já dada, e sim uma diversidade de culturas do escrito que variam em função do contexto de uso e aprendizagem que não são exclusivamente dependentes da língua escrita baseada no sistema alfabético. Quanto ao embasamento teórico deste estudo, destacam-se Galvão (2007, 2010), Barton e Hamilton (1998), Kleiman (2008), Souza (2009), Kalman (2003, 2004a). A metodologia de investigação seguiu uma orientação dos pressupostos qualitativos de pesquisa. Utilizou-se história oral, diário de campo constituído a partir dos eventos de letramento observados nas CEBs e entrevistas, com a finalidade de identificar formas de acesso e apropriação de materiais escritos o que, porque, como e quando essas mulheres leem e escrevem. A análise documental possibilitou contextualizar e caracterizar as instituições envolvidas neste processo de investigação, situando-as no passado e no presente. Além disso, apresentam-se os significados, os papéis e as concepções que as líderes das CEBs atribuem à leitura e à escrita, especificamente a partir de algumas histórias de apropriação. Por intermédio dos procedimentos adotados na análise dos dados foi possível interpretar que as diferentes formas de participação nas culturas do escrito dessas mulheres se pautam na mediação entre o oral e o escrito, entre o memorizado e o compreendido, em um contexto no qual a oralidade é fundamental e a leitura e a escrita são necessárias. Esses modos de participação nas culturas do escrito, recorrentes nos depoimentos das entrevistadas, vinculam-se, como evidenciado pelos dados, às experiências vivenciadas por elas, especialmente à participação nas CEBs e à militância nos movimentos sociais de que fazem parte. Os resultados da investigação reafirmam a necessidade de formular políticas de Educação de Jovens e Adultos que incorporem, de modo mais estruturante, experiências que os sujeitos construíram ao longo de suas trajetórias de vida em torno da leitura e da escrita. Para isso é preciso investigar trabalhos relacionados com o letramento fora do âmbito escolar ou em grupos específicos, práticas situadas e locais. Assim sendo, podem surgir melhores soluções às necessidades e às preocupações de um grupo social particular, as quais se traduzem em diferentes formas de aprendizagem, fruto de demandas da vida cotidiana, das práticas religiosas e da participação cidadã. Por fim, esta análise sinaliza a necessidade de uma formação docente que contemple as diversas culturas do escrito, presentes na comunidade, sem, contudo, priorizar uma prática em detrimento de outras. |
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Carmem Lucia EitererClaudia Lemos VovioAntonio Dias NascimentoAna Maria de Oliveira GalvaoIsabel de Oliveira e SilvaSonia Maria Alves de Oliveira Reis2019-08-10T13:04:26Z2019-08-10T13:04:26Z2014-07-28http://hdl.handle.net/1843/BUOS-9VENTCEsta pesquisa tem como objetivo analisar as condições e as instâncias formativas por meio das quais mulheres camponesas e líderes das CEBs, que pouco ou nunca frequentaram a escola, construíram sua participação nas culturas do escrito. Por essa razão buscou-se traçar e analisar o perfil de um grupo de seis camponesas a partir dos seguintes dados: situação familiar, social e econômica; escolaridade; faixa etária; e pertencimento religioso e étnico. Em seguida, reconstituiu-se, por intermédio da trajetória de vida delas, o processo de atuação e formação nas CEBs do campo, com destaque para os modos de participação nas culturas do escrito. O estudo insere-se no quadro de pesquisas a respeito dos modos de participação nas práticas culturais relacionadas à leitura e à escrita por meio de distintas instâncias de socialização. Ele surgiu do pressuposto de que não existe uma cultura escrita já dada, e sim uma diversidade de culturas do escrito que variam em função do contexto de uso e aprendizagem que não são exclusivamente dependentes da língua escrita baseada no sistema alfabético. Quanto ao embasamento teórico deste estudo, destacam-se Galvão (2007, 2010), Barton e Hamilton (1998), Kleiman (2008), Souza (2009), Kalman (2003, 2004a). A metodologia de investigação seguiu uma orientação dos pressupostos qualitativos de pesquisa. Utilizou-se história oral, diário de campo constituído a partir dos eventos de letramento observados nas CEBs e entrevistas, com a finalidade de identificar formas de acesso e apropriação de materiais escritos o que, porque, como e quando essas mulheres leem e escrevem. A análise documental possibilitou contextualizar e caracterizar as instituições envolvidas neste processo de investigação, situando-as no passado e no presente. Além disso, apresentam-se os significados, os papéis e as concepções que as líderes das CEBs atribuem à leitura e à escrita, especificamente a partir de algumas histórias de apropriação. Por intermédio dos procedimentos adotados na análise dos dados foi possível interpretar que as diferentes formas de participação nas culturas do escrito dessas mulheres se pautam na mediação entre o oral e o escrito, entre o memorizado e o compreendido, em um contexto no qual a oralidade é fundamental e a leitura e a escrita são necessárias. Esses modos de participação nas culturas do escrito, recorrentes nos depoimentos das entrevistadas, vinculam-se, como evidenciado pelos dados, às experiências vivenciadas por elas, especialmente à participação nas CEBs e à militância nos movimentos sociais de que fazem parte. Os resultados da investigação reafirmam a necessidade de formular políticas de Educação de Jovens e Adultos que incorporem, de modo mais estruturante, experiências que os sujeitos construíram ao longo de suas trajetórias de vida em torno da leitura e da escrita. Para isso é preciso investigar trabalhos relacionados com o letramento fora do âmbito escolar ou em grupos específicos, práticas situadas e locais. Assim sendo, podem surgir melhores soluções às necessidades e às preocupações de um grupo social particular, as quais se traduzem em diferentes formas de aprendizagem, fruto de demandas da vida cotidiana, das práticas religiosas e da participação cidadã. Por fim, esta análise sinaliza a necessidade de uma formação docente que contemple as diversas culturas do escrito, presentes na comunidade, sem, contudo, priorizar uma prática em detrimento de outras.This research aims to analyze the conditions and formative instances through which peasant women and CEBs leaders, who rarely or never attended school, built their participation in written cultures. For this reason we tried to analyze the profile of a group of six peasant women according to their social and economic family situation; education; age; religious and ethnic belonging. Then, the process of performance and formation of these women in the CEBs was reconstituted through the course of their lives, highlighting the participation modes in written cultures. The study is part of a research framework about the participation modes in cultural practices related to reading and writing through different socialization instances. It emerged from the assumption that there is no given written culture but a diversity of written cultures that vary depending on the context of use and learning that is not solely dependent on the written language based on the alphabetic system. As for the theoretical basis of this study, we highlight Galvão (2007, 2010), Barton and Hamilton (1998), Kleiman (2008), Souza (2009),and Kalman (2003, 2004a). The research methodology followed an orientation from the qualitative research assumptions. It was used oral stories; field diaries based on literacy events observed in the CEBs; and interviews, in order to identify ways to access written materials - what, why, how and when these women read and write. The documents analysis allowed us to contextualize and characterize the institutions involved in this research process, placing them in the past and present. In addition, the meanings, roles and conceptions that the leaders of the CEBs attribute to reading and writing are presented, specifically through some appropriation stories. By the data analysis procedures, it was possible to interpret that the different forms of participation in the writing cultures are guided in between oral and written, and memorized and understood aspects in a context in which orality is fundamental and reading and writing are necessary. These participation modes in written cultures, recurrent in the interviewees statements, are linked to their experiences, especially the participation in CEBs and militancy in social movements that they take part of, as evidenced by the data. Research results reaffirm the need to formulate Youth and Adult Education policies that incorporate experiences the subjects had constructed throughout their life trajectories around reading and writing in a more structural way. This requires investigating papers related to literacy outside the school setting or in specific groups, situated and located practices. Therefore, there may be better solutions to the needs and concerns of a particular social group depending on demands of everyday life, religious practices and citizen participation, considering different ways of learning. Finally, this analysis indicates the need for teacher training that addresses the various writing cultures in the community, without, however, prioritizing one practice over the others.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGEducação femininaCamponesesEducaçãoLetramentoComunidades eclesiais de baseEscritaEducação ruralMulheres do campoMulheres camponesasLetramentoParticipação cidadãCEBsCulturas do escritoMulheres camponesas e culturas do escrito: trajetórias de lideranças comunitárias construídas nas CEBSinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALs_nia_maria_alves_de_oliveira_reis__tese_.pdfapplication/pdf3789355https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9VENTC/1/s_nia_maria_alves_de_oliveira_reis__tese_.pdf071df24eb04f4fa27fd510357090f86bMD51TEXTs_nia_maria_alves_de_oliveira_reis__tese_.pdf.txts_nia_maria_alves_de_oliveira_reis__tese_.pdf.txtExtracted texttext/plain714270https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9VENTC/2/s_nia_maria_alves_de_oliveira_reis__tese_.pdf.txt216ac7247f748abfaadfe0c2b1fbaabbMD521843/BUOS-9VENTC2019-11-14 05:38:17.148oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-9VENTCRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T08:38:17Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false |
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