Estudo da permeabilidade intestinal em pacientes submetidos a tratamento cirúrgico da obesidade mórbida pela técnica de Bypass gástrico em Y de Roux

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Alexandre Lages Savassi Rocha
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9ZCQ86
Resumo: A cirurgia bariátrica constitui a forma mais eficaz de tratamento da obesidade mórbida, sendo o bypass gástrico em Y de Roux (BGYR) a técnica mais utilizada no Brasil. As modificações anatômicas promovidas pelo procedimento determinam a ocorrência de alterações morfofuncionais, metabólicas, hormonais e microbiológicas ainda pouco compreendidas. O estudo da permeabilidade intestinal é um método não-invasivo, que pode fornecer informações importantes sobre a estrutura e a função da barreira mucosa nos pacientes com obesidade grave, bem como as alterações que ocorrem após o BGYR e o processo de adaptação desencadeado pela cirurgia. O objetivo do estudo foi avaliar a influência do BGYR sobre a permeabilidade intestinal, comparando os testes realizados no pré-operatório (T0), no primeiro mês pós-operatório (T1) e no sexto mês pós-operatório (T6). Avaliou-se também a prevalência de supercrescimento bacteriano em pacientes com obesidade mórbida. O estudo da permeabilidade intestinal foi realizado pela análise das taxas de excreção urinária do manitol e da lactulose após ingestão oral das duas substâncias. Avaliou-se também a relação de excreção lactulose/manitol. A pesquisa foi realizada em 16 pacientes submetidos a cirurgia bariátrica pela técnica de BGYR no Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da UFMG. A casuística incluiu doze pacientes (75%) do gênero feminino e quatro pacientes (25%) do gênero masculino. A idade média foi de 40,7 ± 8,4 anos. O índice de massa corporal médio foi de 52,9 ± 5,8 Kg/m2. Os pacientes apresentavam as seguintes comorbidades: hipertensão arterial sistêmica (75%), diabetes mellitus tipo 2 (31,25%), dislipidemia (43,75%), hiperuricemia (6,25%). A perda ponderal média (avaliada no T6) foi de 26,6 ± 5,1%. A taxa de excreção do manitol foi significativamente menor no T1 em comparação com o T0 e o T6 (p=0,003). Não houve diferença significativa das taxas de excreção da lactulose, nem da relação lactulose/manitol, nas três avaliações. Entretanto, alguns pacientes apresentaram aumento expressivo da taxa de excreção da lactulose no T1 (de 2,6 a 65 vezes em comparação com T0) e no T6 (de 4 a 73 vezes em comparação com T0), acompanhadas de variações proporcionais da relação lactulose/manitol. A prevalência de supercrescimento bacteriano em um grupo de 32 pacientes obesos mórbidos (avaliados no préoperatório do BGYR) foi de 31,25% (10 pacientes). Concluiu-se que a realização do BGYR pode acarretar alterações da permeabilidade intestinal. As variações da taxa de excreção do manitol refletem, provavelmente, alterações da superfície absortiva intestinal no T1 (decorrente da exclusão da alça biliopancreática e de possível hipotrofia da mucosa na alça alimentar) e no T6 (secundária à hiperplasia do epitélio no jejunoíleo). Subgrupos de pacientes submetidos ao BGYR apresentam aumento expressivo da permeabilidade intestinal (avaliada pela taxa de excreção da lactulose e pela relação lactulose / manitol) no T1 e no T6. Essa alteração parece estar relacionada à realização do BGYR, mas não constitui tendência geral dos pacientes submetidos a esse procedimento. A prevalência de supercrescimento bacteriano do intestino delgado é maior nos pacientes com obesidade mórbida em comparação com a população geral.
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