Avaliação da microbiota e perfil de citocinas extracelulares de pacientes com infecções intra-abdominais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Joao Fernando Goncalves Ferreira
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-9PFGVM
Resumo: As infecções intra-abdominais (IIA) compreendem um conjunto diverso de doenças cujas complicações levam a altas taxas de morbimortalidade, especialmente nas UTIs. Esses processos são frequentemente polimicrobianos, envolvendo aeróbios e anaeróbios. No entanto, um diagnóstico microbiológico preciso não é usualmente atingido. O objetivo deste estudo foi investigar a composição da microbiota de IIA e o seu perfil de susceptibilidade a antimicrobianos, incluindo-se as bactérias anaeróbias, assim como analisar a produção de citocinas extracelulares dos pacientes acometidos. Os espécimes clínicos foram obtidos de pacientes atendidos em quatro instituições de saúde de Belo Horizonte, Minas Gerais. Os microrganismos recuperados foram identificados pelo sistema Vitek 2 Biomeriéux e os anaeróbios Gram negativo foram, ainda, submetidos à PCR e sequenciamento de DNA, em caráter confirmatório. A CIM foi determinada pelo método da diluição em ágar para os anaeróbios e pelo Vitek 2 para os facultativos. Na avaliação da produção de ESBLs utilizou-se discos de cefinase. A presença das citocinas IL-1, IL-6, IL-8 e IL-10 e TNF foi verificada no soro e nas secreções dos pacientes com IIA por citometria de fluxo empregando-se o BD CBA Human Inflammatory Cytokines. Foram recuperados 83 microrganismos de 33 espécimes positivos, estando às bactérias anaeróbias presentes em 39,4% (13/33) destes casos, com predomínio do grupo B. fragilis. A identificação fenotípica foi confirmada pela PCR para 14 (93,3%) das 15 amostras de BGN anaeróbios. Resistência à penicilina foi observada em 80,0% dos anaeróbios, dos quais 86,7% eram ESBL positivos; 25,0% resistentes à clindamicina e 12,5% à cefoxitina. Metade das enterobactérias foi resistente a cinco ou mais antimicrobianos de diferentes classes, e 80,0% das amostras de A. baumannii ao imipenem. Observou-se 81,8% dos Staphylococcus spp. resistentes à meticilina. Apenas 12,5% dos Enterococcus ssp. foram resistentes à ampicilina, embora uma amostra de E. faecium tenha sido resistente inclusive à vancomicina. Os níveis das citocinas, com exceção da IL-10, foram mais altos no sítio da infecção (IIA) do que no soro dos pacientes avaliados. A origem hospitalar das IIA e a cultura microbiana positiva foram os únicos fatores que influenciaram o nível de produção de citocinas. Os dados obtidos reforçam a necessidade do estudo da prevalência e perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos em casos de IIA, tendo em vista a grande diversidade de microrganismos recuperados e o perfil de multiressistência de parte deles, principalmente entre os envolvidos em IIA de origem hospitalar.
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Os microrganismos recuperados foram identificados pelo sistema Vitek 2 Biomeriéux e os anaeróbios Gram negativo foram, ainda, submetidos à PCR e sequenciamento de DNA, em caráter confirmatório. A CIM foi determinada pelo método da diluição em ágar para os anaeróbios e pelo Vitek 2 para os facultativos. Na avaliação da produção de ESBLs utilizou-se discos de cefinase. A presença das citocinas IL-1, IL-6, IL-8 e IL-10 e TNF foi verificada no soro e nas secreções dos pacientes com IIA por citometria de fluxo empregando-se o BD CBA Human Inflammatory Cytokines. Foram recuperados 83 microrganismos de 33 espécimes positivos, estando às bactérias anaeróbias presentes em 39,4% (13/33) destes casos, com predomínio do grupo B. fragilis. A identificação fenotípica foi confirmada pela PCR para 14 (93,3%) das 15 amostras de BGN anaeróbios. Resistência à penicilina foi observada em 80,0% dos anaeróbios, dos quais 86,7% eram ESBL positivos; 25,0% resistentes à clindamicina e 12,5% à cefoxitina. Metade das enterobactérias foi resistente a cinco ou mais antimicrobianos de diferentes classes, e 80,0% das amostras de A. baumannii ao imipenem. Observou-se 81,8% dos Staphylococcus spp. resistentes à meticilina. Apenas 12,5% dos Enterococcus ssp. foram resistentes à ampicilina, embora uma amostra de E. faecium tenha sido resistente inclusive à vancomicina. Os níveis das citocinas, com exceção da IL-10, foram mais altos no sítio da infecção (IIA) do que no soro dos pacientes avaliados. A origem hospitalar das IIA e a cultura microbiana positiva foram os únicos fatores que influenciaram o nível de produção de citocinas. Os dados obtidos reforçam a necessidade do estudo da prevalência e perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos em casos de IIA, tendo em vista a grande diversidade de microrganismos recuperados e o perfil de multiressistência de parte deles, principalmente entre os envolvidos em IIA de origem hospitalar.Intra-abdominal infections (IAI) include a diverse set of diseases whose complications lead to high morbidity and mortality, especially in intensive care units. These processes are most frequently polymicrobial, involving aerobic and anaerobic bacteria. However, an accurate microbiological diagnosis is not usually achieved. The aim of this study was to investigate the composition of IAI microbiota and its antimicrobial susceptibility profiles, including the anaerobic bacteria, and analyze the production of extracellular cytokines in the affected patients. Clinical specimens were obtained from patients seen in four health institutions in Belo Horizonte. Microorganisms were identified by the Vitek 2 bioMérieux System and Gram negative anaerobes were also subjected to polymerase chain reaction (PCR) and DNA sequencing, in confirmatory character. The minimum inhibitory concentration was determined by the agar dilution method for anaerobes and by the Vitek 2 for facultative bacteria. In the evaluation of extended spectrum -Lactamases (ESBL) producing the cefinase disks were used. The presence of the cytokines IL- 1, IL- 6, IL -8 and IL -10 and TNF was verified in serum and secretions of patients with IIA by flow cytometry using the BD - CBA Human Inflammatory Cytokines. Of the 51 patients evaluated, 34 were already using some antimicrobials at the time of collection. Microorganisms were recovered from 33 of 51 patients, anaerobic bacteria were present in 39.4 % (13 /33) of the positive specimens, with a predominance of the Bacteroides fragilis group. Phenotypic identification was confirmed by PCR in 14 (93.3%) of 15 samples of anaerobic BGN. Penicillin resistance was observed in 80.0% of anaerobes, of which 86.7 % were ESBL positive, 25.0 % were resistant to clindamycin and 12.5 % to cefoxitin. Half of the Enterobacteriaceae was resistant to five or more antibiotics of different classes, and 80.0 % of A. baumannii strains were resistant to imipenem. There was 81.8% of Staphylococcus spp. methicillin-resistant and all Enterococcus spp. strains to clindamycin. One sample of E. faecium was also resistant to vancomycin. The levels of cytokines, except for IL-10 were higher in the site of infection (IIA) than in the serum of patients. The hospital origin of the IIA and positive microbial culture were the only factors that influenced the level of cytokine production. Our data supports the need to study the prevalence and antimicrobial susceptibility profile in cases of IIA, taking into account the great diversity of microorganisms recovered and profile multidrug resistance part of them, especially among those involved in IIA of hospital origin.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGMicrobiologiaResistência a antimicrobianosDiagnóstico microbiológicoMicrobiotaBactérias anaeróbicasCitocinasInfecções intra-abdominaisResistência a antimicrobianosAnaeróbiosEstudo microbiológicoInfecções intra-abdominaisPerfil de citocinasAvaliação da microbiota e perfil de citocinas extracelulares de pacientes com infecções intra-abdominaisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALvers_o_final_da_disserta__o.pdfapplication/pdf2498594https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9PFGVM/1/vers_o_final_da_disserta__o.pdf4f12c764ffecc08aec8e144674cdcfc2MD51TEXTvers_o_final_da_disserta__o.pdf.txtvers_o_final_da_disserta__o.pdf.txtExtracted texttext/plain251775https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9PFGVM/2/vers_o_final_da_disserta__o.pdf.txt1f25d8562d8873d4e9d8a39797aa969cMD521843/BUOS-9PFGVM2019-11-14 05:03:12.434oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-9PFGVMRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T08:03:12Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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