Rede de atenção psicossocial em saúde mental e as redes sociais dos usuários : estudo de caso em um município mineiro

• Autor(a) principal: Maria Aline Gomes Barboza
• Data de Publicação: 2018
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/46855
• topic: Rede de atenção psicossocial; Saúde mental; Psicologia - Teses; Saúde mental - Teses; Redes de relações sociais - Teses

Esta pesquisa teve como objetivo principal analisar a interrelação entre a Rede de Atenção Psicossocial em Saúde Mental (RAPS) e as redes sociais de usuários da saúde mental no processo de inserção social desses usuários, a partir do estudo da rede de saúde mental do município de Ipatinga, Minas Gerais. Na análise dessa interrelação foram considerados os objetivos institucionais da RAPS que a colocam, no discurso oficial, como operadora da desinstitucionalização psiquiátrica, da construção de novas formas de sociabilidade e de contratualidade social. Buscou-se responder como a inserção do usuário na RAPS pode contribuir para aumentar sua capacidade de construir ou reconstruir redes sociais de apoio. Como meio e produto desta pesquisa, buscou-se ainda analisar concepções de território e redes sociais em sua centralidade para as teorias que propõem o modo psicossocial da atenção em saúde mental. Sem desconsiderar os atravessamentos institucionais e pessoais existentes no contexto de produção de dados, o percurso metodológico desta pesquisa pautou-se por uma abordagem interdisciplinar que integra métodos de inspiração etnográfica, cartográfica e da Análise de Redes Sociais. A interrelação entre a RAPS e as redes sociais no processo de inserção social de seus usuários mostrou-se, neste estudo de caso, complexa e problemática, apesar de ser muito desejada pelos atores envolvidos na Atenção Psicossocial em Saúde Mental. Os principais impasses observados relacionam-se ao modelo de oferta assistencial do Programa Municipal de Saúde Mental, cujos processos de trabalho privilegiam pouco a lógica interdisciplinar e a integralidade do cuidado em saúde. Soma-se a isto a forte cultura local de valorização do saber especialístico e da prática liberal em saúde, principalmente da psicologia, o que favorece pouca permeabilidade da rede institucional à diversificação das práticas coletivas e participativas. Estratégias de educação permanente, aprimoramento da gestão do trabalho dos serviços já existentes e a criação de novos dispositivos são apontados como saídas para tais impasses. Na interrelação da rede institucional com as redes sociais dos usuários, destaca-se o câmbio de ações esperadas para cada uma destas redes, considerando que vínculos familiares, de amizade, de vizinhança, religiosos e do cuidado em saúde possuem funções específicas no processo de inserção social dos usuários. Entretanto, avalia-se que a potencialidade da interrelação entre as redes é ainda pouco explorada no processo de inserção social dos usuários da RAPS.