Representações sociais das famílias sobre Violência física na infância: como froma de educação

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Miguir Terezinha Vieccelli Donoso
Data de Publicação: 2006
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/ECJS-72FNNC
Resumo: Trata-se de estudo sobre violência física praticada contra a criança, sob a ótica dos pais ou responsáveis. Foram utilizados como base os fundamentos teóricos e metodológicos das representações sociais (RS). Constituíram-se dois corpus de pesquisa. Num primeiro momento, foram abordados mães, pais ou responsáveis de crianças em idade pré-escolar e escolar, sem queixas institucionais de violência física contra os filhos. Esta etapa se realizou em um centro de saúde de Belo Horizonte. Num segundo momento, foram abordados mães, pais ou responsáveis que já haviam sido formalmente denunciados por maus-tratos a crianças ou adolescentes e que se encontravam sob tutela. Esta abordagem se realizou com o auxílio de um programa da Secretaria do Bem Estar e Ação Social da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, que visa, dentre outros aspectos, o bem estar familiar. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG (COEP) e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (CEP SMSA/PBH). Os participantes foram convidados a falar sobre educação de crianças e necessidade de se estabelecer limites às mesmas: o que pensavam e como eram suas experiências. Optou-se pela entrevista semi-estruturada por esta ser considerada uma técnica de coleta de informações adequada aos objetivos do estudo. Para a análise das entrevistas, utilizou-se a análise do discurso (AD). Os roteiros de entrevistas semi-estruturadas foram constituídos por perguntas distintas, mas ambos os corpus sofreram os mesmos agrupamentos em quatro grandes temas, os quais foram divididos em categorias, que sofreram ou não subcategorizações. Os temas levantados foram: o que significa educar os filhos, formas de educar, percepção sobre castigo físico e o que motiva o castigo físico. Os resultados indicam que, no que se refere ao significado de educar, no imaginário social há uma mistura dos conceitos de educação, criação e cuidado. As formas de educar apresentaram-se variadas em ambos os corpus e passam por questões como estabelecer regras para manutenção da autoridade, conversar e aplicar castigos não físicos ou físicos. A transmissão cultural mostrou-se como um forte componente no processo de educar. Percebe-se a tradição no meio familiar, sendo que esta nem sempre é consciente. As atitudes dos pais se realizam segundo uma ação ou reação às formas de relações passadas. Observa-se grande aceitação da prática de castigo físico em crianças, o qual nem sempre é percebido como atitude violenta. Constata-se a existência de subnotificações dos casos de maus-tratos, pois no corpus 1 há relatos de violência (varadas, correadas, etc.), sendo que não houve denúncia formal em nem um dos casos. Todos os entrevistados reconhecem que já aplicaram castigo físico em suas crianças, mesmo os que se manifestam contrários a essa prática. Observa-se uma realidade dura e perversa imposta a algumas crianças. Em muitos casos, o lar e a família não lhes oferecem segurança, proteção e carinho.
id UFMG_8bd52360dba33229e531592a740d8f79
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/ECJS-72FNNC
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Janete RicasSimone AbibVânia Maria ManfroiPaula Cambraia de Mendonca ViannaLucia Maria Horta de Figueiredo GoulartRoberto Assis FerreiraMiguir Terezinha Vieccelli Donoso2019-08-12T19:55:59Z2019-08-12T19:55:59Z2006-11-13http://hdl.handle.net/1843/ECJS-72FNNCTrata-se de estudo sobre violência física praticada contra a criança, sob a ótica dos pais ou responsáveis. Foram utilizados como base os fundamentos teóricos e metodológicos das representações sociais (RS). Constituíram-se dois corpus de pesquisa. Num primeiro momento, foram abordados mães, pais ou responsáveis de crianças em idade pré-escolar e escolar, sem queixas institucionais de violência física contra os filhos. Esta etapa se realizou em um centro de saúde de Belo Horizonte. Num segundo momento, foram abordados mães, pais ou responsáveis que já haviam sido formalmente denunciados por maus-tratos a crianças ou adolescentes e que se encontravam sob tutela. Esta abordagem se realizou com o auxílio de um programa da Secretaria do Bem Estar e Ação Social da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, que visa, dentre outros aspectos, o bem estar familiar. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG (COEP) e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (CEP SMSA/PBH). Os participantes foram convidados a falar sobre educação de crianças e necessidade de se estabelecer limites às mesmas: o que pensavam e como eram suas experiências. Optou-se pela entrevista semi-estruturada por esta ser considerada uma técnica de coleta de informações adequada aos objetivos do estudo. Para a análise das entrevistas, utilizou-se a análise do discurso (AD). Os roteiros de entrevistas semi-estruturadas foram constituídos por perguntas distintas, mas ambos os corpus sofreram os mesmos agrupamentos em quatro grandes temas, os quais foram divididos em categorias, que sofreram ou não subcategorizações. Os temas levantados foram: o que significa educar os filhos, formas de educar, percepção sobre castigo físico e o que motiva o castigo físico. Os resultados indicam que, no que se refere ao significado de educar, no imaginário social há uma mistura dos conceitos de educação, criação e cuidado. As formas de educar apresentaram-se variadas em ambos os corpus e passam por questões como estabelecer regras para manutenção da autoridade, conversar e aplicar castigos não físicos ou físicos. A transmissão cultural mostrou-se como um forte componente no processo de educar. Percebe-se a tradição no meio familiar, sendo que esta nem sempre é consciente. As atitudes dos pais se realizam segundo uma ação ou reação às formas de relações passadas. Observa-se grande aceitação da prática de castigo físico em crianças, o qual nem sempre é percebido como atitude violenta. Constata-se a existência de subnotificações dos casos de maus-tratos, pois no corpus 1 há relatos de violência (varadas, correadas, etc.), sendo que não houve denúncia formal em nem um dos casos. Todos os entrevistados reconhecem que já aplicaram castigo físico em suas crianças, mesmo os que se manifestam contrários a essa prática. Observa-se uma realidade dura e perversa imposta a algumas crianças. Em muitos casos, o lar e a família não lhes oferecem segurança, proteção e carinho.This study addresses physical violence against children, from parents or guardians perspective, using theoretical and methodological principals of social representations. Two research corpuses have been organized. In the first one, mothers, fathers or guardians of pre-school or school age children, have been interviewed. In this group the interviewees were not subjects of formal complaint of physical violence against their offspring. This part of the study was conducted in a city health care in Belo Horizonte. In the second corpus, the interviewees were mothers, fathers or guardians with previous record of formal complaint for physical abuse and neglect against children or teenagers who were controlled. The approach to the parents was made with the aid of a program from the Belo Horizonte City Hall Department of Well-being and Social Action, which aims mainly at the family well-being. This research project has been approved by the UFMG committee of ethics in research (COEP) and by the Belo Horizonte Health Department Committee of Ethics in Research (CEP SMSA/PBH). The participants have been invited to talk about children upbringing and the need to set limits to them: parents thoughts about it and how their experiences were. Semi-structured interviews have been used since it was considered a more adequate technique to the objectives of this study. These interviews have been analyzed using discourse analysis. The semi-structured interview scripts used different questions but both corpuses were grouped likewise in four major themes which were divided in categories that may or not have been separated in subcategories. The referred themes were: what bringing up children means, ways of bringing up, beliefs about physical punishment and reasons for it. The results found show that as far as the meaning of upbringing is concerned, there is a mixture of concepts such as education, upbringing and caretaking in the social thought. The ways of bringing children up were found to be varied in both corpuses and involve establishing rules to maintain authority, talking and using punishment either physical or not. Cultural inheritance has been noticed as strong component in the process of raising children since there seems to be a tradition in the family although it is not always a conscious one. Parents attitudes are actions or reactions to experienced relations. It was observed that physical punishment in children is a well accepted practice and that it is not always understood as violent behavior. It was also noticed that physical abuse is not always notified since in the corpus 1 there are reports of violent acts (hitting with sticks or belts, etc.) whereas there was no formal complaint about them in any of the cases. All the interviewees admit having used physical punishment on their children. It was perceived that a hard and mean reality is imposed on some children. In many cases, the home and the family do not provide them with safety, protection and kindness.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGViolência domésticaEducaçãoCriança e violenciaViolênciaCriançaRelações pais-filhoViolênciaInfânciaRepresentações sociaisRepresentações sociais das famílias sobre Violência física na infância: como froma de educaçãoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALmiguir_terezinha_viecelli_donoso.pdfapplication/pdf508645https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/ECJS-72FNNC/1/miguir_terezinha_viecelli_donoso.pdf734c2249e4f1a14a2d89b5e269bdcf75MD51TEXTmiguir_terezinha_viecelli_donoso.pdf.txtmiguir_terezinha_viecelli_donoso.pdf.txtExtracted texttext/plain250878https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/ECJS-72FNNC/2/miguir_terezinha_viecelli_donoso.pdf.txtad6000c07149da2e98a64940d23f6857MD521843/ECJS-72FNNC2019-11-14 19:43:41.74oai:repositorio.ufmg.br:1843/ECJS-72FNNCRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T22:43:41Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Representações sociais das famílias sobre Violência física na infância: como froma de educação
title Representações sociais das famílias sobre Violência física na infância: como froma de educação
spellingShingle Representações sociais das famílias sobre Violência física na infância: como froma de educação
Miguir Terezinha Vieccelli Donoso
Violência
Infância
Representações sociais
Violência doméstica
Educação
Criança e violencia
Violência
Criança
Relações pais-filho
title_short Representações sociais das famílias sobre Violência física na infância: como froma de educação
title_full Representações sociais das famílias sobre Violência física na infância: como froma de educação
title_fullStr Representações sociais das famílias sobre Violência física na infância: como froma de educação
title_full_unstemmed Representações sociais das famílias sobre Violência física na infância: como froma de educação
title_sort Representações sociais das famílias sobre Violência física na infância: como froma de educação
author Miguir Terezinha Vieccelli Donoso
author_facet Miguir Terezinha Vieccelli Donoso
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Janete Ricas
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Simone Abib
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Vânia Maria Manfroi
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Paula Cambraia de Mendonca Vianna
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Lucia Maria Horta de Figueiredo Goulart
dc.contributor.referee5.fl_str_mv Roberto Assis Ferreira
dc.contributor.author.fl_str_mv Miguir Terezinha Vieccelli Donoso
contributor_str_mv Janete Ricas
Simone Abib
Vânia Maria Manfroi
Paula Cambraia de Mendonca Vianna
Lucia Maria Horta de Figueiredo Goulart
Roberto Assis Ferreira
dc.subject.por.fl_str_mv Violência
Infância
Representações sociais
topic Violência
Infância
Representações sociais
Violência doméstica
Educação
Criança e violencia
Violência
Criança
Relações pais-filho
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Violência doméstica
Educação
Criança e violencia
Violência
Criança
Relações pais-filho
description Trata-se de estudo sobre violência física praticada contra a criança, sob a ótica dos pais ou responsáveis. Foram utilizados como base os fundamentos teóricos e metodológicos das representações sociais (RS). Constituíram-se dois corpus de pesquisa. Num primeiro momento, foram abordados mães, pais ou responsáveis de crianças em idade pré-escolar e escolar, sem queixas institucionais de violência física contra os filhos. Esta etapa se realizou em um centro de saúde de Belo Horizonte. Num segundo momento, foram abordados mães, pais ou responsáveis que já haviam sido formalmente denunciados por maus-tratos a crianças ou adolescentes e que se encontravam sob tutela. Esta abordagem se realizou com o auxílio de um programa da Secretaria do Bem Estar e Ação Social da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, que visa, dentre outros aspectos, o bem estar familiar. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG (COEP) e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (CEP SMSA/PBH). Os participantes foram convidados a falar sobre educação de crianças e necessidade de se estabelecer limites às mesmas: o que pensavam e como eram suas experiências. Optou-se pela entrevista semi-estruturada por esta ser considerada uma técnica de coleta de informações adequada aos objetivos do estudo. Para a análise das entrevistas, utilizou-se a análise do discurso (AD). Os roteiros de entrevistas semi-estruturadas foram constituídos por perguntas distintas, mas ambos os corpus sofreram os mesmos agrupamentos em quatro grandes temas, os quais foram divididos em categorias, que sofreram ou não subcategorizações. Os temas levantados foram: o que significa educar os filhos, formas de educar, percepção sobre castigo físico e o que motiva o castigo físico. Os resultados indicam que, no que se refere ao significado de educar, no imaginário social há uma mistura dos conceitos de educação, criação e cuidado. As formas de educar apresentaram-se variadas em ambos os corpus e passam por questões como estabelecer regras para manutenção da autoridade, conversar e aplicar castigos não físicos ou físicos. A transmissão cultural mostrou-se como um forte componente no processo de educar. Percebe-se a tradição no meio familiar, sendo que esta nem sempre é consciente. As atitudes dos pais se realizam segundo uma ação ou reação às formas de relações passadas. Observa-se grande aceitação da prática de castigo físico em crianças, o qual nem sempre é percebido como atitude violenta. Constata-se a existência de subnotificações dos casos de maus-tratos, pois no corpus 1 há relatos de violência (varadas, correadas, etc.), sendo que não houve denúncia formal em nem um dos casos. Todos os entrevistados reconhecem que já aplicaram castigo físico em suas crianças, mesmo os que se manifestam contrários a essa prática. Observa-se uma realidade dura e perversa imposta a algumas crianças. Em muitos casos, o lar e a família não lhes oferecem segurança, proteção e carinho.
publishDate 2006
dc.date.issued.fl_str_mv 2006-11-13
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-12T19:55:59Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-12T19:55:59Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/ECJS-72FNNC
url http://hdl.handle.net/1843/ECJS-72FNNC
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/ECJS-72FNNC/1/miguir_terezinha_viecelli_donoso.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/ECJS-72FNNC/2/miguir_terezinha_viecelli_donoso.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 734c2249e4f1a14a2d89b5e269bdcf75
ad6000c07149da2e98a64940d23f6857
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589392181231616