Aprendizagem cotidiana em escritórios de arquitetura

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Glaucinei Rodrigues Correa
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-9LWP4G
Resumo: Nesta tese, aborda-se o cotidiano da produção de projetos em escritórios de arquitetura, com o objetivo de desvelar como as pessoas aprendem a fazer/elaborar tais projetos na prática. Para isso, relacionam-se duas abordagens antropológicas à aprendizagem de fazer projetos: a aprendizagem situada, de Jean Lave, e a constituição da habilidade, de Tim Ingold. O foco do estudo da aprendizagem aquiproposto centra-se nas práticas que levam o iniciante a compreender o processo baseando-se nas relações com outros aprendizes e com os mais experientes, diferentemente dos estudos que investigam o ensino na sala de aula que focalizam as práticas docentes, revelando as formas como o projeto é ensinado (a didática). A pesquisa foi realizada em dois escritórios de arquitetura, compreendendo a análise dossistemas de gestão de projetos, para entender o funcionamento dos escritórios; a observação cotidiana da produção de projetos, para perceber as práticas do dia a dia e a participação das pessoas no projeto; e as entrevistas, com a finalidade de buscar informações não percebidas na observação e mostrar como as questões relativas àprodução de projetos eram vistas pelas pessoas envolvidas no processo. A história de vida dos sujeitos pesquisados aponta a participação em contextos que envolvem a arquitetura previamente à formação acadêmica e a prática da arquitetura desde os primeiros semestres do curso. Percebeu-se que no cotidiano de trabalho nos escritórios de arquitetura há múltiplas situações que promovem a aprendizagem e que os arquitetos aprendem com práticas específicas desses ambientes, como a manipulação de modelos (arquivo-referência), a validação/avaliação do projeto (com a canetada) e a participação nas reuniões de crítica ao projeto (reuniões de CAC). Dentre essas práticas, a repetição, a observação e a relação entre pares fundamentam o processo de aprendizagem. Destaque-se que o acesso e a participação regulam as práticas cotidianas da aprendizagem do processo de fazer projetos arquitetônicos e o que se vê no dia a dia é a integração e a interação entre as pessoas; são processos de aprendizagem (e não de ensino). Essas práticas reiteram a ideia de que aprender a projetar é uma atividade complexa, que a aprendizagem é um processo de mudança das práticas e das pessoas e, sobretudo, que aprender é uma atividade mais relacional (coletiva) do que individual. Mostram, também, que aprender a fazer projetos arquitetônicos é um processo contínuo, lento e requer muitos anos de prática. As habilidades dos arquitetos são constituídas nesses ambientes e, portanto, nada têm de inatas. São práticas vivenciadas e aprendidas no dia a dia, são processos de redescoberta. Os processos e procedimentos da gestão de projetos, além de regular, padronizar e ajudar no controle do processo de desenvolvimento de projetos, colaboram para que as pessoas aprendam nesses ambientes. As contribuições desta pesquisa podem servir para arquitetos, professores, professores-arquitetos e alunos. A principal delas traz à tona essas práticas, que muitas vezes são invisíveis e, em alguns casos, até subestimadas, mas que revelam como um iniciante se torna arquiteto cotidianamente nesses ambientes.
id UFMG_8dd5ad6f62f5f8274dff42453c55f8fd
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-9LWP4G
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Marcelo Pinto GuimaraesOtavio Curtiss Silviano BrandaoAna Maria Rabelo GomesPaulo Roberto Pereira AnderyMaria Regina Álvares Correia DiasRuth Verde ZeinGlaucinei Rodrigues Correa2019-08-11T21:58:04Z2019-08-11T21:58:04Z2014-02-28http://hdl.handle.net/1843/BUOS-9LWP4GNesta tese, aborda-se o cotidiano da produção de projetos em escritórios de arquitetura, com o objetivo de desvelar como as pessoas aprendem a fazer/elaborar tais projetos na prática. Para isso, relacionam-se duas abordagens antropológicas à aprendizagem de fazer projetos: a aprendizagem situada, de Jean Lave, e a constituição da habilidade, de Tim Ingold. O foco do estudo da aprendizagem aquiproposto centra-se nas práticas que levam o iniciante a compreender o processo baseando-se nas relações com outros aprendizes e com os mais experientes, diferentemente dos estudos que investigam o ensino na sala de aula que focalizam as práticas docentes, revelando as formas como o projeto é ensinado (a didática). A pesquisa foi realizada em dois escritórios de arquitetura, compreendendo a análise dossistemas de gestão de projetos, para entender o funcionamento dos escritórios; a observação cotidiana da produção de projetos, para perceber as práticas do dia a dia e a participação das pessoas no projeto; e as entrevistas, com a finalidade de buscar informações não percebidas na observação e mostrar como as questões relativas àprodução de projetos eram vistas pelas pessoas envolvidas no processo. A história de vida dos sujeitos pesquisados aponta a participação em contextos que envolvem a arquitetura previamente à formação acadêmica e a prática da arquitetura desde os primeiros semestres do curso. Percebeu-se que no cotidiano de trabalho nos escritórios de arquitetura há múltiplas situações que promovem a aprendizagem e que os arquitetos aprendem com práticas específicas desses ambientes, como a manipulação de modelos (arquivo-referência), a validação/avaliação do projeto (com a canetada) e a participação nas reuniões de crítica ao projeto (reuniões de CAC). Dentre essas práticas, a repetição, a observação e a relação entre pares fundamentam o processo de aprendizagem. Destaque-se que o acesso e a participação regulam as práticas cotidianas da aprendizagem do processo de fazer projetos arquitetônicos e o que se vê no dia a dia é a integração e a interação entre as pessoas; são processos de aprendizagem (e não de ensino). Essas práticas reiteram a ideia de que aprender a projetar é uma atividade complexa, que a aprendizagem é um processo de mudança das práticas e das pessoas e, sobretudo, que aprender é uma atividade mais relacional (coletiva) do que individual. Mostram, também, que aprender a fazer projetos arquitetônicos é um processo contínuo, lento e requer muitos anos de prática. As habilidades dos arquitetos são constituídas nesses ambientes e, portanto, nada têm de inatas. São práticas vivenciadas e aprendidas no dia a dia, são processos de redescoberta. Os processos e procedimentos da gestão de projetos, além de regular, padronizar e ajudar no controle do processo de desenvolvimento de projetos, colaboram para que as pessoas aprendam nesses ambientes. As contribuições desta pesquisa podem servir para arquitetos, professores, professores-arquitetos e alunos. A principal delas traz à tona essas práticas, que muitas vezes são invisíveis e, em alguns casos, até subestimadas, mas que revelam como um iniciante se torna arquiteto cotidianamente nesses ambientes.In this thesis, it approaches the daily production of projects in architectural firms, aiming to reveal how people learn to do/develop such projects in practice. For this relate two anthropological approaches to learning making projects: a "situated learning" by Jean Lave and "constitution of skill" by Tim Ingold. The focus of the study of learning proposed here focuses on practices that lead the beginner to understand the process based on relationships with other learners and more experienced, unlike the studies that investigate learning in the classroom - that focus on teaching practices, revealing the ways in which design is taught (the teaching). The research was conducted in two architectural firms, including the analysis of project management systems, aiming tounderstand the functioning of the offices; everyday observation of production projects, to understand the practices of everyday life and people's participation in the project; interviews, in order to seek information not perceived in the observation and show how issues related to the production of projects were seen by the people involved in the process. The life history of the individuals pointing participation in contexts that involve the architecture prior to the academic education and practice of architecture from the first half of the course. It was noticed that the daily work in architectural offices there are multiple situations that promote learning and that architects learn from these practices specific environments, such as the manipulation of models (file-reference),validation/evaluation of the project and participation in the project review meetings. Among these practices, repetition, observation and peer relationship underlying the learning process. Stand out from the access and participation regulate the daily practices of learning the process of making architectural designs and what is seen in everyday life is the integration and interaction between people; are processes of learning (not teaching). These practices reiterate the idea that learning to project is a complex activity that learning is a process of changing practices and of persons and, above all, that learning is a more relational activity (collective) than individual. They show, too, to learn to do architectural projects is an ongoing process, slow and requires many years of practice. The skills of the architects are constituted in these environmentsand, therefore, have nothing innate. These practices are experienced and learned day by day, are processes of "rediscovery". The processes and procedures of project managementin addition to regular, standardize and help control project development process, collaborate so that people learn in these environments. The contributions of this research can serve to architects, teachers, teachers-architects and students. The main one brings up these practices, which are often invisible and in some cases even underestimated, but that reveal how a beginner becomes architect daily in these environments.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGPrática arquitetônicaAprendizagemProjetos arquitetônicosCotidianoAprendizagemProjetos de arquiteturaAprendizagem cotidiana em escritórios de arquiteturainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALglaucinei___tese_vers_o_final.pdfapplication/pdf2647507https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9LWP4G/1/glaucinei___tese_vers_o_final.pdf3b7ea4aa78e3ed2239eb43a663511c03MD51TEXTglaucinei___tese_vers_o_final.pdf.txtglaucinei___tese_vers_o_final.pdf.txtExtracted texttext/plain490723https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9LWP4G/2/glaucinei___tese_vers_o_final.pdf.txt078e98afa47e905dc1f04057b92f9e32MD521843/BUOS-9LWP4G2019-11-14 07:28:14.628oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-9LWP4GRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T10:28:14Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Aprendizagem cotidiana em escritórios de arquitetura
title Aprendizagem cotidiana em escritórios de arquitetura
spellingShingle Aprendizagem cotidiana em escritórios de arquitetura
Glaucinei Rodrigues Correa
Cotidiano
Aprendizagem
Projetos de arquitetura
Prática arquitetônica
Aprendizagem
Projetos arquitetônicos
title_short Aprendizagem cotidiana em escritórios de arquitetura
title_full Aprendizagem cotidiana em escritórios de arquitetura
title_fullStr Aprendizagem cotidiana em escritórios de arquitetura
title_full_unstemmed Aprendizagem cotidiana em escritórios de arquitetura
title_sort Aprendizagem cotidiana em escritórios de arquitetura
author Glaucinei Rodrigues Correa
author_facet Glaucinei Rodrigues Correa
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Marcelo Pinto Guimaraes
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Otavio Curtiss Silviano Brandao
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Ana Maria Rabelo Gomes
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Paulo Roberto Pereira Andery
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Maria Regina Álvares Correia Dias
dc.contributor.referee5.fl_str_mv Ruth Verde Zein
dc.contributor.author.fl_str_mv Glaucinei Rodrigues Correa
contributor_str_mv Marcelo Pinto Guimaraes
Otavio Curtiss Silviano Brandao
Ana Maria Rabelo Gomes
Paulo Roberto Pereira Andery
Maria Regina Álvares Correia Dias
Ruth Verde Zein
dc.subject.por.fl_str_mv Cotidiano
Aprendizagem
Projetos de arquitetura
topic Cotidiano
Aprendizagem
Projetos de arquitetura
Prática arquitetônica
Aprendizagem
Projetos arquitetônicos
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Prática arquitetônica
Aprendizagem
Projetos arquitetônicos
description Nesta tese, aborda-se o cotidiano da produção de projetos em escritórios de arquitetura, com o objetivo de desvelar como as pessoas aprendem a fazer/elaborar tais projetos na prática. Para isso, relacionam-se duas abordagens antropológicas à aprendizagem de fazer projetos: a aprendizagem situada, de Jean Lave, e a constituição da habilidade, de Tim Ingold. O foco do estudo da aprendizagem aquiproposto centra-se nas práticas que levam o iniciante a compreender o processo baseando-se nas relações com outros aprendizes e com os mais experientes, diferentemente dos estudos que investigam o ensino na sala de aula que focalizam as práticas docentes, revelando as formas como o projeto é ensinado (a didática). A pesquisa foi realizada em dois escritórios de arquitetura, compreendendo a análise dossistemas de gestão de projetos, para entender o funcionamento dos escritórios; a observação cotidiana da produção de projetos, para perceber as práticas do dia a dia e a participação das pessoas no projeto; e as entrevistas, com a finalidade de buscar informações não percebidas na observação e mostrar como as questões relativas àprodução de projetos eram vistas pelas pessoas envolvidas no processo. A história de vida dos sujeitos pesquisados aponta a participação em contextos que envolvem a arquitetura previamente à formação acadêmica e a prática da arquitetura desde os primeiros semestres do curso. Percebeu-se que no cotidiano de trabalho nos escritórios de arquitetura há múltiplas situações que promovem a aprendizagem e que os arquitetos aprendem com práticas específicas desses ambientes, como a manipulação de modelos (arquivo-referência), a validação/avaliação do projeto (com a canetada) e a participação nas reuniões de crítica ao projeto (reuniões de CAC). Dentre essas práticas, a repetição, a observação e a relação entre pares fundamentam o processo de aprendizagem. Destaque-se que o acesso e a participação regulam as práticas cotidianas da aprendizagem do processo de fazer projetos arquitetônicos e o que se vê no dia a dia é a integração e a interação entre as pessoas; são processos de aprendizagem (e não de ensino). Essas práticas reiteram a ideia de que aprender a projetar é uma atividade complexa, que a aprendizagem é um processo de mudança das práticas e das pessoas e, sobretudo, que aprender é uma atividade mais relacional (coletiva) do que individual. Mostram, também, que aprender a fazer projetos arquitetônicos é um processo contínuo, lento e requer muitos anos de prática. As habilidades dos arquitetos são constituídas nesses ambientes e, portanto, nada têm de inatas. São práticas vivenciadas e aprendidas no dia a dia, são processos de redescoberta. Os processos e procedimentos da gestão de projetos, além de regular, padronizar e ajudar no controle do processo de desenvolvimento de projetos, colaboram para que as pessoas aprendam nesses ambientes. As contribuições desta pesquisa podem servir para arquitetos, professores, professores-arquitetos e alunos. A principal delas traz à tona essas práticas, que muitas vezes são invisíveis e, em alguns casos, até subestimadas, mas que revelam como um iniciante se torna arquiteto cotidianamente nesses ambientes.
publishDate 2014
dc.date.issued.fl_str_mv 2014-02-28
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-11T21:58:04Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-11T21:58:04Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/BUOS-9LWP4G
url http://hdl.handle.net/1843/BUOS-9LWP4G
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9LWP4G/1/glaucinei___tese_vers_o_final.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9LWP4G/2/glaucinei___tese_vers_o_final.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 3b7ea4aa78e3ed2239eb43a663511c03
078e98afa47e905dc1f04057b92f9e32
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589210620297216