Cantando e escutando amores : as obras intelectuais de Dona Ivone Lara e de Leci Brandão sobre relações afetivo-sexuais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lucianna Sousa Furtado Brito
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/54430
https://orcid.org/0000-0002-4818-9370
Resumo: O objetivo desta tese é investigar como as obras intelectuais de Dona Ivone Lara e Leci Brandão sobre o amor teorizam sobre experiências compartilhadas por mulheres negras no campo afetivo-sexual. Aliamos nossa perspectiva comunicacional, focada nas interações comunicativas entre os sujeitos, ao paradigma interseccional e outras contribuições do pensamento feminista negro, valorizando a música como expressão da intelectualidade negra. Dentre as canções compostas e cantadas pelas autoras, selecionamos as que abordam o amor e as relações afetivo-sexuais, ouvindo-as junto a pesquisas científicas e outras produções intelectuais sobre o tema, privilegiando perspectivas femininas negras para valorizar esse lugar epistêmico em consonância com a empiria. A metodologia de análise das obras poético-musicais de Dona Ivone Lara e Leci Brandão aborda a concepção do amor e as interações comunicativas cantadas segundo três eixos: 1) a construção da sujeita eu lírica, referente às formas de subjetivação; 2) a prática do amor, desejo ou relacionamento, relativo às formas de constituição do relacionamento com a(o) sujeita(o) amada(o) ou desejada(o); 3) o lugar do amor, desejo ou relacionamento na sociedade, pertinente à inserção social e à dimensão política mais ampla. Nossa análise evidencia que Dona Ivone Lara e Leci Brandão elaboram concepções distintas do amor: a primeira traz marcas do banzo e melancolia na transitoriedade dos amores, enquanto a última aborda contradições entre modelos heterossexistas e a luta contra a homofobia, afirmando o prazer e a verdade dos amores homoafetivos. As duas autoras tomam a prática do amor como ponto de partida para se constituírem como sujeitas em suas canções, concretizando em seu trabalho artístico-político ações coerentes com suas trajetórias profissionais. Ambas se engajam na autovalorização feminina negra, afirmando-se dignas de respeito e do direito de amar e serem amadas. Suas canções convergem nas funções de oferecer conselhos afetivos e de estabelecer critérios para diferenciar amores desejáveis de relações infelizes, cantando o amor por meio de práticas de afirmação da vida, como o bem-querer, reciprocidade, respeito e felicidade. A fé e a religiosidade emergem de maneiras distintas: embora ambas afirmem o amor como dádiva divina, nas canções de Lara, a divindade é associada às noções de justiça, recompensa e punição, enquanto nas de Brandão, a felicidade sagrada do amor é concretizada em sua realização carnal, sexual. Ambas contestam a noção romântica de amor eterno, propondo alternativas para relacionamentos marcados pela desvalorização, em que Lara trata o fim dos amores como natural e inevitável e Brandão defende a busca por um amor à altura da sua própria forma de amar. A análise demonstra, por fim, que, ainda que não nomeiem a opressão de raça, gênero e origem social nos mesmos termos que as pesquisas científicas sobre o tema, as canções se posicionam como resistência contra as estruturas de poder e seus impactos nas vidas sociais de mulheres negras, aproximando-se de questões centrais para o pensamento feminista negro. Desse modo, nosso método de escuta e análise permitiu ouvir os entrelugares silenciosos que conectam as canções às experiências compartilhadas por mulheres negras em suas relações afetivo-sexuais.
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Dentre as canções compostas e cantadas pelas autoras, selecionamos as que abordam o amor e as relações afetivo-sexuais, ouvindo-as junto a pesquisas científicas e outras produções intelectuais sobre o tema, privilegiando perspectivas femininas negras para valorizar esse lugar epistêmico em consonância com a empiria. A metodologia de análise das obras poético-musicais de Dona Ivone Lara e Leci Brandão aborda a concepção do amor e as interações comunicativas cantadas segundo três eixos: 1) a construção da sujeita eu lírica, referente às formas de subjetivação; 2) a prática do amor, desejo ou relacionamento, relativo às formas de constituição do relacionamento com a(o) sujeita(o) amada(o) ou desejada(o); 3) o lugar do amor, desejo ou relacionamento na sociedade, pertinente à inserção social e à dimensão política mais ampla. Nossa análise evidencia que Dona Ivone Lara e Leci Brandão elaboram concepções distintas do amor: a primeira traz marcas do banzo e melancolia na transitoriedade dos amores, enquanto a última aborda contradições entre modelos heterossexistas e a luta contra a homofobia, afirmando o prazer e a verdade dos amores homoafetivos. As duas autoras tomam a prática do amor como ponto de partida para se constituírem como sujeitas em suas canções, concretizando em seu trabalho artístico-político ações coerentes com suas trajetórias profissionais. Ambas se engajam na autovalorização feminina negra, afirmando-se dignas de respeito e do direito de amar e serem amadas. Suas canções convergem nas funções de oferecer conselhos afetivos e de estabelecer critérios para diferenciar amores desejáveis de relações infelizes, cantando o amor por meio de práticas de afirmação da vida, como o bem-querer, reciprocidade, respeito e felicidade. A fé e a religiosidade emergem de maneiras distintas: embora ambas afirmem o amor como dádiva divina, nas canções de Lara, a divindade é associada às noções de justiça, recompensa e punição, enquanto nas de Brandão, a felicidade sagrada do amor é concretizada em sua realização carnal, sexual. Ambas contestam a noção romântica de amor eterno, propondo alternativas para relacionamentos marcados pela desvalorização, em que Lara trata o fim dos amores como natural e inevitável e Brandão defende a busca por um amor à altura da sua própria forma de amar. A análise demonstra, por fim, que, ainda que não nomeiem a opressão de raça, gênero e origem social nos mesmos termos que as pesquisas científicas sobre o tema, as canções se posicionam como resistência contra as estruturas de poder e seus impactos nas vidas sociais de mulheres negras, aproximando-se de questões centrais para o pensamento feminista negro. Desse modo, nosso método de escuta e análise permitiu ouvir os entrelugares silenciosos que conectam as canções às experiências compartilhadas por mulheres negras em suas relações afetivo-sexuais.This research aims to explore how Dona Ivone Lara’s and Leci Brandão’s intellectual works on love theorize about Black women’s shared experiences in their affective and sexual lives. We combine our perspective on Communication, which focuses on communicative interactions between subjects, to the intersectional paradigm and other contributions from Black feminist thought, elevating music as an expression of Black intellectual tradition. Among the songs composed and sung by the authors, we selected those that approach love and affective-sexual relations, listening to them alongside works from scientific research and other intellectual production about the issue, privileging Black female perspectives in order to value this epistemic position in accordance with the empirical material. The method for analyzing Dona Ivone Lara’s and Leci Brandão’s musical-poetical works approaches the conception of love and the sung communicative interactions according to three axes: 1) the lyrical subject’s elaboration, concerning the forms of subjectivation; 2) the practice of love, desire and relationships, regarding the constitution of the relationship with the loved or desired subject; 3) the position of love, desire and the relationship in society, referring to its social place and its broader political dimension. Our analysis shows that Dona Ivone Lara and Leci Brandão elaborate different conceptions of love: while the first tackles the marks of “banzo” and melancholy in love’s transience, the latter approaches the contradictions between heterosexual models and the struggle against homophobia, elevating the pleasure and truth present in homoaffective love. Both authors take the practice of love as a starting point to constitute themselves as subjects in their songs, materializing, in their artistic-political work, actions which are consistent with their professional lives. Both engage in Black female self-valuation, stating themselves as worthy of respect and the right to love and be loved. Their songs converge in the functions of offering relationship advice and establishing criteria to differentiate desirable love from unhappy relationships, singing love through life-affirming practices such as fondness, reciprocity, respect and happiness. Faith and religious beliefs emerge in different ways: although both approach love as a divine gift, in Lara’s songs the divine entity is associated with the notions of justice, reward and punishment, while in Brandão’s the sacred happiness of love is realized in its carnal, sexual fulfillment. Both challenge the romantic notion of eternal love, proposing alternatives to relationships characterized by devaluation, in which Lara treats love’s ending as natural and inevitable and Brandão advocates the search for a love that matches her own way of loving. Finally, the analysis shows that, although they do not name the oppression of race, gender and social origin in the same terms as scientific research on the subject, the songs position themselves as resistance against power structures and their impacts on Black women’s social lives, in close relation to central issues for Black feminist thought. Therefore, our method for listening and analyzing the songs allowed us to hear the silent in-between spaces that connect them to Black women’s shared experiences in their affective-sexual relationships.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorporUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em Comunicação SocialUFMGBrasilFAF - DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIALComunicação - TesesAmor - TesesRelações de gênero - TesesFeminismo - TesesAmorRaçaGêneroPensamento feminista negroSambaCantando e escutando amores : as obras intelectuais de Dona Ivone Lara e de Leci Brandão sobre relações afetivo-sexuaisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALCantando e escutando amores as obras intelectuais de Dona Ivone Lara e de Leci Brandão sobre relações afetivo-sexuais.pdfCantando e escutando amores as obras intelectuais de Dona Ivone Lara e de Leci Brandão sobre relações afetivo-sexuais.pdfapplication/pdf2954054https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/54430/1/Cantando%20e%20escutando%20amores%20as%20obras%20intelectuais%20de%20Dona%20Ivone%20Lara%20e%20de%20Leci%20Brand%c3%a3o%20sobre%20rela%c3%a7%c3%b5es%20afetivo-sexuais.pdffb4416d977ddc926162670e205dd764bMD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82118https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/54430/2/license.txtcda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272MD521843/544302023-06-04 09:32:55.059oai:repositorio.ufmg.br:1843/54430TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2023-06-04T12:32:55Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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