Metáforas digitais do cotidiano
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMG |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1843/LETR-B2YQ82 |
Resumo: | Nossa paisagem comunicacional tem sido ocupada por botões de comando, mensagens de sistema, indicadores de progresso, ponteiros do mouse e outras convenções de interfaces digitais. Emergentes em textos de natureza diversa, esses recursos semióticos criados para mediar experiências digitais têm sido explorados na produção de sentido sobre nossas experiências, em atividades de linguagem diversas. Nesta pesquisa, de natureza aplicada, com abordagem qualitativa e base interpretativista, analiso 31 textos, entre peças publicitárias, estampas de camiseta, cartazes de protesto, memes, remixes, quadrinhos e cartoons. A investigação foi fundamentada na perspectiva cognitiva da linguagem, por meio da interseção entre as Teoria da Metáfora Conceptual, da Teoria da Metáfora Multimodal e da Teoria da Integração Conceptual. Da interseção entre essas teorias, foram destacados os conceitos de esquemas imagéticos, estruturas emergentes, compressões, projeções conceptuais e metafóricas, redes de integração. Com esse enquadramento, procurou-se responder aos questionamentos: a) que sentidos emergem de nossas experiências digitais?; b) como metáforas emergentes das experiências são apropriadas por outros processos metafóricos?; e c) que recursos semióticos tipicamente digitais são remediados em textos multimodais? Que papéis semióticos assumem nesse novo lugar? Na direção dessas perguntas, foram delineados os objetivos: a) situar as interfaces digitais no tripé Linguagem/Cognição/Cultura, sob escopo da Linguística Aplicada; b) identificar projeções metafóricas, esquemas imagéticos e domínios conceptuais tipicamente ligados às convenções de interfaces digitais; c) conhecer possibilidades de uso das convenções digitais em textos multimodais. Os textos foram categorizados com a ajuda de modelos do Design de Interação e da Ergonomia, e enquadrados nas dimensões a) superfícies, objetos e entidades; b) metáforas de manipulação e acesso; c) metáforas de processos digitais (salvar, formatar, deletar, desfazer e processo em curso). Como resultados, destaco: a) as metáforas de superfície geram proposições emergentes das relações esquemáticas entre convenções sobrepostas e conteúdos destacadas por recursos semióticos que indicam sua ativação; b) a metáfora arquivo, usada para conceptualizar objetos e entidades, empresta dimensões propriedades digitais a elementos do mundo físico, como pessoas e animais, ou a conceitos abstratos, como amor e rancor; c) ações emergentes de manipulação e acesso acionam os esquemas imagéticos atração e compulsão e estabelecem um pacto comunicativo em que uma necessidade de resposta fornece alternativas limitadas que restringem a produção de sentidos; d) as metáforas que incluem processos geram estruturas emergentes que integram outras metáforas, como objetos, superfícies e manipulação; e) a metáfora desfazer atualiza a metáfora de voltar no tempo para desfazer a última ação; f) a metáfora de processo em curso, instanciada pelo indicador de progresso, comprime dimensões espaçotemporais impossíveis de serem mensuradas por dispositivos físicos de medição do tempo. Esses resultados indicam que a presença das convenções de interface em textos multimodais mobiliza muitas e variadas estruturas conceptuais. Atribuir sentidos ao mundo e a nós mesmos por meio de metáforas assume dimensões em que as referências são dadas por um domínio conceptual emergente: o das experiências digitais mediadas por interfaces. |
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Vera Lucia M de Oliveira e PaivaJulio Cesar Rosa de AraujoAna Elisa Ferreira RibeiroCarla Viana CoscarelliSandra Maria Silva CavalcanteAna Elisa Costa Novais2019-08-11T03:37:50Z2019-08-11T03:37:50Z2018-04-10http://hdl.handle.net/1843/LETR-B2YQ82Nossa paisagem comunicacional tem sido ocupada por botões de comando, mensagens de sistema, indicadores de progresso, ponteiros do mouse e outras convenções de interfaces digitais. Emergentes em textos de natureza diversa, esses recursos semióticos criados para mediar experiências digitais têm sido explorados na produção de sentido sobre nossas experiências, em atividades de linguagem diversas. Nesta pesquisa, de natureza aplicada, com abordagem qualitativa e base interpretativista, analiso 31 textos, entre peças publicitárias, estampas de camiseta, cartazes de protesto, memes, remixes, quadrinhos e cartoons. A investigação foi fundamentada na perspectiva cognitiva da linguagem, por meio da interseção entre as Teoria da Metáfora Conceptual, da Teoria da Metáfora Multimodal e da Teoria da Integração Conceptual. Da interseção entre essas teorias, foram destacados os conceitos de esquemas imagéticos, estruturas emergentes, compressões, projeções conceptuais e metafóricas, redes de integração. Com esse enquadramento, procurou-se responder aos questionamentos: a) que sentidos emergem de nossas experiências digitais?; b) como metáforas emergentes das experiências são apropriadas por outros processos metafóricos?; e c) que recursos semióticos tipicamente digitais são remediados em textos multimodais? Que papéis semióticos assumem nesse novo lugar? Na direção dessas perguntas, foram delineados os objetivos: a) situar as interfaces digitais no tripé Linguagem/Cognição/Cultura, sob escopo da Linguística Aplicada; b) identificar projeções metafóricas, esquemas imagéticos e domínios conceptuais tipicamente ligados às convenções de interfaces digitais; c) conhecer possibilidades de uso das convenções digitais em textos multimodais. Os textos foram categorizados com a ajuda de modelos do Design de Interação e da Ergonomia, e enquadrados nas dimensões a) superfícies, objetos e entidades; b) metáforas de manipulação e acesso; c) metáforas de processos digitais (salvar, formatar, deletar, desfazer e processo em curso). Como resultados, destaco: a) as metáforas de superfície geram proposições emergentes das relações esquemáticas entre convenções sobrepostas e conteúdos destacadas por recursos semióticos que indicam sua ativação; b) a metáfora arquivo, usada para conceptualizar objetos e entidades, empresta dimensões propriedades digitais a elementos do mundo físico, como pessoas e animais, ou a conceitos abstratos, como amor e rancor; c) ações emergentes de manipulação e acesso acionam os esquemas imagéticos atração e compulsão e estabelecem um pacto comunicativo em que uma necessidade de resposta fornece alternativas limitadas que restringem a produção de sentidos; d) as metáforas que incluem processos geram estruturas emergentes que integram outras metáforas, como objetos, superfícies e manipulação; e) a metáfora desfazer atualiza a metáfora de voltar no tempo para desfazer a última ação; f) a metáfora de processo em curso, instanciada pelo indicador de progresso, comprime dimensões espaçotemporais impossíveis de serem mensuradas por dispositivos físicos de medição do tempo. Esses resultados indicam que a presença das convenções de interface em textos multimodais mobiliza muitas e variadas estruturas conceptuais. Atribuir sentidos ao mundo e a nós mesmos por meio de metáforas assume dimensões em que as referências são dadas por um domínio conceptual emergente: o das experiências digitais mediadas por interfaces.Our communicational landscape has been occupied by command buttons, system messages, progress indicators, mouse pointers, and other conventions of digital interfaces. Emerging in texts of a diverse nature, these semiotic resources created to mediate digital experiences have been explored in producing meaning about our experiences in various language activities. In this research, of an applied nature, with a qualitative approach and interpretative basis, I analyze 31 texts took from advertising pieces, t-shirt prints, protest posters, memes, remixes, comics and cartoons. The research was based on the cognitive perspective of language, through the intersection of the Conceptual Metaphor Theory, the Multimodal Metaphor Theory and the Conceptual Integration Theory. From the intersection of these theories, the concepts of imaging schemes, emerging structures, compressions, conceptual and metaphorical projections, and integration networks were highlighted. Within this framework, we tried to answer the following questions: a) what meanings emerge from our digital experiences? b) how are emerging metaphors of digital experiences appropriated by other metaphorical processes? and d) what typically digital semiotic features are remediated in multimodal texts? Following these questions, the objectives were: a) to situate the digital interfaces in the Language / Cognition / Culture tripod, under the scope of Applied Linguistics; b) to identify metaphorical projections, imaging schemes and conceptual domains typically linked to digital interface conventions; c) to know possibilities of using digital conventions in multimodal texts. The texts were categorized based on the Interaction Design and Ergonomics models, and framed in the dimensions of a) surfaces, objects and entities; b) metaphors of manipulation and access; c) metaphors of digital processes (save, format, delete, undo and process in progress). As results, I highlight: a) SURFACE metaphors generate propositions emerging from the schematic relations between overlapping conventions and contents highlighted by semiotic features that indicate their activation; b) ARCHIVE metaphor, used to conceptualize objects and entities, lends dimensions digital properties to elements of the physical world, such as people and animals, or to abstract concepts such as love and rancor; c) the emerging sensation of manipulation and access activates the imagery schemes ATTRACTION and COMPULSION and establish a communicative pact in which a need for response provides limited alternatives that restrict the production of meanings; d) metaphors that include PROCESSES generate emerging structures that integrate other metaphors such as OBJECTS, SURFACES AND HANDLING; e) the metaphor UNDO updates the metaphor of "going back in time" to "undo the last action"; f) the CURRENT PROCESS metaphor, instantiated by the progress indicator, compresses spatio-temporal dimensions impossible to be measured by physical time measurement devices. These results indicate that the presence of interface conventions in multimodal texts mobilizes many and varied conceptual structures. To attribute meanings to the world and to ourselves through metaphors assumes dimensions in which the references are given by an emergent conceptual domain: that of the digital experiences mediated by interfaces.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGLingüísticaInterfaces de usuário (Sistema de computador)MetáforaTecnologia Linguagensmetáforasinterfaces digitaisconvenções de interfaceMetáforas digitais do cotidianoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINAL1138d.pdfapplication/pdf3628124https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/LETR-B2YQ82/1/1138d.pdfe551730fe2076390312042f826b2f5dbMD51TEXT1138d.pdf.txt1138d.pdf.txtExtracted texttext/plain475712https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/LETR-B2YQ82/2/1138d.pdf.txt11a6117005ab66bbfd7e1e215cfc8c6fMD521843/LETR-B2YQ822019-11-14 11:38:19.007oai:repositorio.ufmg.br:1843/LETR-B2YQ82Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T14:38:19Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false |
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