A Prosódia no PARSING: evidências experimentais do acesso à informação prosódica no INPUT linguístico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Aline Alves Fonseca
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/LETR-96TJDF
Resumo: O presente estudo visa demonstrar, por meio de evidências experimentais, que o português em suas variantes brasileira e europeia, acessa aspectos prosódicos no input do processamento mental de frases. Analisamos, através de testes de produção, a realização prosódica, em Português Europeu e Brasileiro, de frases com ambiguidades estruturais temporárias, conhecidas na psicolinguística como sentenças Garden-Path. Tais estruturas possuem um SN em posição ambígua que pode ser erroneamente interpretado como objeto direto do verbo antecedente, mas que é, na verdade, sujeito do verbo seguinte, como em: a) Enquanto Gil caçou os coelhos correram pelo bosque com medo e b) Maria cumprimentou o João e o Paulo arregalou os olhos de espanto. No teste de produção, vimos que os falantes marcam uma fronteira de sintagma entoacional (I) para sinalizar a aposição que querem dar ao SN envolvido na ambiguidade do tipo Early/Late Closure. Conduzimos, então, testes de percepção, com duas técnicas experimentais chamadas Click Detection e Self-paced Listening, com o intuito de verificarmos se a marcação prosódica empregada na leitura é percebida pelos ouvintes e pode influenciar na compreensão e atribuição sintática das sentenças. Com os resultados dos testes de percepção vimos que os ouvintes são capazes de identificar particularidades prosódicas e que utilizam o material entoacional na interpretação de sentenças, o que nos dá margem para apoiar a Hipótese do Falante Racional (The Rational Speaker Hyphotesis) proposta por Carlson et al (2001) que prediz: os ouvintes usam a informação prosódica na interpretação dos constituintes de um enunciado e são capazes, inclusive, de perceber quando uma determinada fronteira possui múltiplas funções, pois os ouvintes interpretam que o falante não faz marcações prosódicas sem razão.Os resultados corroboram, ainda, a proposição de que o parser acessa as pistas prosódicas, quando disponíveis, para construir a estrutura sintática, assim como é capaz de acessar pistas de outras naturezas, como pistas lexicais e pragmáticas. Os nossos resultados sobre a ativação do componente prosódico no parser estão relacionados tanto com os achados de Kjelgaard & Speer (1999) e com o Phon-Concurrent Model proposto por Blodgett (2004b). No entanto, quando mais de uma pista de naturezas distintas estão competindo e são conflitivas não pudemos determinar em que ordem essas pistas são acessadas ou qual é o peso que cada uma confere às estruturas competidoras. Seguindo a linha de DeDe (2010) podemos afirmar que a prosódia atua no parser, mas que sua interação com outras pistas linguísticas no processamento ainda está por ser explicada.
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Tais estruturas possuem um SN em posição ambígua que pode ser erroneamente interpretado como objeto direto do verbo antecedente, mas que é, na verdade, sujeito do verbo seguinte, como em: a) Enquanto Gil caçou os coelhos correram pelo bosque com medo e b) Maria cumprimentou o João e o Paulo arregalou os olhos de espanto. No teste de produção, vimos que os falantes marcam uma fronteira de sintagma entoacional (I) para sinalizar a aposição que querem dar ao SN envolvido na ambiguidade do tipo Early/Late Closure. Conduzimos, então, testes de percepção, com duas técnicas experimentais chamadas Click Detection e Self-paced Listening, com o intuito de verificarmos se a marcação prosódica empregada na leitura é percebida pelos ouvintes e pode influenciar na compreensão e atribuição sintática das sentenças. Com os resultados dos testes de percepção vimos que os ouvintes são capazes de identificar particularidades prosódicas e que utilizam o material entoacional na interpretação de sentenças, o que nos dá margem para apoiar a Hipótese do Falante Racional (The Rational Speaker Hyphotesis) proposta por Carlson et al (2001) que prediz: os ouvintes usam a informação prosódica na interpretação dos constituintes de um enunciado e são capazes, inclusive, de perceber quando uma determinada fronteira possui múltiplas funções, pois os ouvintes interpretam que o falante não faz marcações prosódicas sem razão.Os resultados corroboram, ainda, a proposição de que o parser acessa as pistas prosódicas, quando disponíveis, para construir a estrutura sintática, assim como é capaz de acessar pistas de outras naturezas, como pistas lexicais e pragmáticas. Os nossos resultados sobre a ativação do componente prosódico no parser estão relacionados tanto com os achados de Kjelgaard & Speer (1999) e com o Phon-Concurrent Model proposto por Blodgett (2004b). No entanto, quando mais de uma pista de naturezas distintas estão competindo e são conflitivas não pudemos determinar em que ordem essas pistas são acessadas ou qual é o peso que cada uma confere às estruturas competidoras. Seguindo a linha de DeDe (2010) podemos afirmar que a prosódia atua no parser, mas que sua interação com outras pistas linguísticas no processamento ainda está por ser explicada.This present study aims to demonstrate, through experimental evidences, that both Brazilian and European Portuguese (BP and EP) speakers use prosodic cues on input of sentences processing early and they build syntactic structure with this cues. We analyzed the BP and EP prosodic utterance of local ambiguity known in the psycholinguistic as Garden-Path sentences by production tasks. These structures have a NP on an ambiguity position which may be incorrectly interpretedas an object of the first verb; however it is actually the subject of the following verb, for instance: a) While Mary was mending the sock fell off her lap; b) Mary kissed John and Paul started to laugh.We observed on speech production task that the speakers highlight an IPboundary to show the desired apposition for NP involved on the Early/Late Closure ambiguities.Then, we conducted perception tests with two experimental techniquesnamed Click Detection and Self-paced Listening to verify if the prosodic cues used on reading are perceived by listeners and may influence on both comprehension and syntactic analysis of sentences.The results perception tasks showed that the listeners are able to identifyprosodic particularities and use the intonational phrasing on sentencesinterpretation; this fact supports the Rational Speaker Hypothesis established by Carlson et al (2001): speakers are self-consistent, employing intonation in a manner consistent with their intended message and listeners interpret intonation by assuming that speakers do not make prosodic choices without some reason (andare, therefore, rational).The results corroborate with the fact that parser use the availableprosodic cues to build the syntactic structure as well to use cues from other sources such as lexical and pragmatic. In our case, the results about the prosodic constituent on processing are related to Kjelgaard & Speer (1999) and findings also to Phon-Concurrent Model developed by Blodgett (2004b). However, we could not determine the order that cues from different sources are accessed or what the weight of each one has within these competitors structures when more than onethese cues are competing and being conflictive. According to DeDe (2010), we can say that the prosody influences parser, but there is no feasible explanation for its interaction with other linguistics cues on processing.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGAnálise prosódica (Linguística)Compreensão na leituraPsicolingüísticaLíngua portuguesa FonologiaLingua portuguesa VersificaçãoINPUTPARSINGA Prosódia no PARSING: evidências experimentais do acesso à informação prosódica no INPUT linguísticoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese_aaf_versaofinal_revisada.pdfapplication/pdf11408488https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/LETR-96TJDF/1/tese_aaf_versaofinal_revisada.pdf23d8bdb9bea8e08cbfb1ce785c2238ebMD51TEXTtese_aaf_versaofinal_revisada.pdf.txttese_aaf_versaofinal_revisada.pdf.txtExtracted texttext/plain445492https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/LETR-96TJDF/2/tese_aaf_versaofinal_revisada.pdf.txtb341986b65a8755e99b4dcfa6ba4b6e2MD521843/LETR-96TJDF2019-11-14 18:16:29.59oai:repositorio.ufmg.br:1843/LETR-96TJDFRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T21:16:29Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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