Concepções de puérperas e profissionais de saúde de uma maternidade pública acerca da doação de leite materno.

• Autor(a) principal: Ludmilla Rodrigues Coelho Thomaz
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/34993
• topic: Banco de Leite; Leite materno; Colostro; Recém-nascido prematuro; Banco de Leite; Leite Humano; Colostro; Recém-nascido Prematuro

A mortalidade infantil é reconhecida como um dos grandes problemas da humanidade, sendo as complicações decorrentes da prematuridade uma das causas de enfrentamento mais desafiantes, por sua etiologia multifatorial e demandas de cuidados intensivos em saúde perinatal. Dentre os cuidados ao recém-nascido pré-termo (RNPT), a nutrição destaca-se na determinação da sobrevida e das morbidades. Quando alimentados com o leite da própria mãe, os RNPT apresentam melhor recuperação, comparados a outros alimentos. Uma assistência nutricional “padrão ouro” que, em casos de impossibilidades justificáveis, demanda uma alternativa, com maior proximidade de eficácia. Nesse cenário, ganha relevância a atuação dos Bancos de Leite Humano, especialmente, quanto à oferta sustentável de leite materno pasteurizado. Um grande desafio, pois depende de doações de puérperas aptas e sensíveis a essa causa. Assim, o objetivo deste estudo é compreender as concepções acerca da doação de leite materno de profissionais de saúde e puérperas de uma maternidade pública. Pesquisa descritiva, de abordagem qualitativa, envolvendo 30 puérperas e 52 profissionais de saúde. Foram realizadas entrevistas individuais, transcritas e analisadas, por meio da técnica da análise de conteúdo temático-categorial, com auxílio de software, à luz dos referenciais teóricos que sustentam a Política de Humanização da Saúde, da Rede Cegonha e de Práticas não medicalizantes em saúde. Emergiram três categorias, quais sejam: (1) “Valor do leite materno e doação do leite humano”, (2) “Olhar dos profissionais de saúde sobre a doação de leite humano" e (3) “Abordagem das puérperas para a doação do leite materno”. Apreenderam-se concepções com potencial de favorecer a doação de leite materno e, então, serem consideradas e outras que precisam ser (re) elaboradas para se tornarem potentes, em estratégicas/projetos para aumentar a doação de leite materno, especialmente, o leite colostro. Quanto ao sentido do leite materno colostro, apuraram-se concepções fortemente permeadas por aspectos biológicos, especialmente, pelos profissionais de saúde e já as concepções sobre o significado da doação de leite materno como uma abertura para rico campo de subjetividade. Quanto ao olhar e às práticas dos profissionais de saúde, quanto a mobilização de puérperas para doação de leite materno, foram desveladas concepções que, de um modo geral, precisam ser (re)significadas, como a autonomia e protagonismo dos sujeitos, corresponsabilidade entre eles, vínculos solidários e participação coletiva nas práticas de saúde que norteiam a Política Nacional de Humanização - para que a doação de leite materno seja um tema transversal na discussão das construções em equipe da maternidade, com gestão participativa, visando o acolhimento das puérperas para essa doação. Para isso, os profissionais de saúde precisam se sentir ou estar em uma equipe, em uma estratégia interdisciplinar para a doação de leite materno. Assim, apreende-se que este estudo apresenta subsídios relevantes para aperfeiçoar os processos de cuidado e ensino, que se entrelaçam nas práticas de intervenção dos profissionais de saúde para a mobilização de puérperas para a doação de leite materno, em uma compreensão ético-estético-política do trabalho.