Trabalhar no fio da navalha : desafios de conciliar urgência e referência em saúde mental em tempos de precarização do trabalho e desmonte da reforma psiquiátrica brasileira

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Daniela Tonizza de Almeida
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/30946
Resumo: Em um contexto sociopolítico e econômico caracterizado pelo recrudescimento de forças autoritárias e conservadoras que se articulam à uma política neoliberal e de precarização do trabalho, as conquistas históricas de garantia dos direitos sociais de usuários e trabalhadores no campo da saúde mental estão ameaçadas. O objetivo desse estudo foi investigar, a partir desse contexto, que afetos circulam, são produzidos e mobilizados nas situações de trabalho e como se inter-relacionam com os saberes e valores que orientam as atividades dos Técnicos Superiores de Saúde em um Centro de Atenção Psicossocial. Sobretudo, compreender como os afetos interferem nas relações entre os diferentes sujeitos implicados nos processos clínicos e em seu potencial para agir. Para tanto, valeu-se da Ergologia como um dispositivo dialógico e dialético que permitiu entrelaçar os saberes teóricos e da experiência, conjugando uma série de estratégias metodológicas: a revisão bibliográfica e documental, os diários de campo, a análise da implicação, os diálogos sobre a experiência compartilhada com quinze trabalhadores. O diálogo com a Psicossociologia possibilitou a elucidação de elementos geradores de angústia e desengajamento no trabalho, bem como de afetos que repercutiram no esfacelamento do coletivo em um momento de crise institucional. A precarização do trabalho contribuiu para o esgarçamento dos laços que unem o coletivo e o empobrecimento da experiência, acarretando prejuízo na qualidade do trabalho e na saúde de trabalhadores. Por meio da construção de imagens e metáforas que traduziram os afetos e os efeitos da atividade sobre o corpo, foi possível constatar que, frente às perdas, privações e contradições normativas, o corpo apareceu nos discursos como uma imagem mutilada, “sem pernas” e, frente à violência, como “anteparo” ou “recipiente” que a contém. No entanto, a atividade de referência mostrou que o corpo também é laço e tece rede. O mal-estar no trabalho apareceu associado a uma conjunção de aspectos sociais, históricos e políticos que convergem e se misturam com a história pessoal de cada sujeito, seus desejos e limites para produzir uma resposta a esse mal-estar, amparada nos valores que sustentam as lutas de cada um com o real que o afeta.
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Sobretudo, compreender como os afetos interferem nas relações entre os diferentes sujeitos implicados nos processos clínicos e em seu potencial para agir. Para tanto, valeu-se da Ergologia como um dispositivo dialógico e dialético que permitiu entrelaçar os saberes teóricos e da experiência, conjugando uma série de estratégias metodológicas: a revisão bibliográfica e documental, os diários de campo, a análise da implicação, os diálogos sobre a experiência compartilhada com quinze trabalhadores. O diálogo com a Psicossociologia possibilitou a elucidação de elementos geradores de angústia e desengajamento no trabalho, bem como de afetos que repercutiram no esfacelamento do coletivo em um momento de crise institucional. A precarização do trabalho contribuiu para o esgarçamento dos laços que unem o coletivo e o empobrecimento da experiência, acarretando prejuízo na qualidade do trabalho e na saúde de trabalhadores. Por meio da construção de imagens e metáforas que traduziram os afetos e os efeitos da atividade sobre o corpo, foi possível constatar que, frente às perdas, privações e contradições normativas, o corpo apareceu nos discursos como uma imagem mutilada, “sem pernas” e, frente à violência, como “anteparo” ou “recipiente” que a contém. No entanto, a atividade de referência mostrou que o corpo também é laço e tece rede. O mal-estar no trabalho apareceu associado a uma conjunção de aspectos sociais, históricos e políticos que convergem e se misturam com a história pessoal de cada sujeito, seus desejos e limites para produzir uma resposta a esse mal-estar, amparada nos valores que sustentam as lutas de cada um com o real que o afeta.In a sociopolitical and economic context characterized by the resurgence of authoritarian and conservative forces that are articulated to a neoliberal politics and precariousness of work, the historical achievements of guaranteeing the social rights of users and workers in the field of mental health are threatened. The purpose of this study was to investigate, from this context, what affects circulate, are produced and mobilized in work situations and how they are interrelated with the knowledge and values that guide the activities of the Higher Health Technicians in a Psychosocial Care Center. Above all, to understand how affections interfere in the relationships between the different subjects involved in the clinical processes and in their potential to act. In order to do so, it used Ergology as a dialogical and dialectical device that allowed to interweave theoretical knowledge and experience, combining a series of methodological strategies: bibliographical and documentary revision, field diaries, implication analysis, dialogues on the shared experience with fifteen workers. The dialogue with Psicossociology enabled the elucidation of elements that generate anguish and disengagement at work, as well as affections that had repercussions in the collapse of the collective at a time of institutional crisis. The precariousness of work has contributed to the erosion of the bonds that unite the collective and the impoverishment of the experience, causing a loss in the quality of work and the health of workers. Through the construction of images and metaphors that translated the affections and effects of the activity on the body, it was possible to verify that, faced with losses, privations and normative contradictions, the body appeared in the speeches as a mutilated image, "without legs" and front violence, as the "bulkhead" or "container" that contains it. However, the reference activity showed that the body is also loop and weaves network. The malaise in work appeared associated to a conjunction of social, historical and political aspects that converge and mix with the personal history of each subject, their desires and limits to produce a response to this malaise, supported by the values that sustain the struggles of each one with the real that affects him.porUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em PsicologiaUFMGBrasilFAF - DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIAAtividade humanaAfetoPrecarização do trabalhoSaúde mentalTrabalhar no fio da navalha : desafios de conciliar urgência e referência em saúde mental em tempos de precarização do trabalho e desmonte da reforma psiquiátrica brasileirainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALDaniela Tonizza de Almeida.pdfDaniela Tonizza de Almeida.pdfapplication/pdf3093642https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/30946/1/Daniela%20Tonizza%20de%20Almeida.pdf297436c39a7d0e2b2c1e70900a8510f7MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82119https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/30946/2/license.txt34badce4be7e31e3adb4575ae96af679MD52TEXTDaniela Tonizza de Almeida.pdf.txtDaniela Tonizza de Almeida.pdf.txtExtracted texttext/plain575106https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/30946/3/Daniela%20Tonizza%20de%20Almeida.pdf.txta4baa0f0cd2c7d524bd8b1fcbfdd3d50MD531843/309462019-11-14 13:21:57.368oai:repositorio.ufmg.br:1843/30946TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KCg==Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T16:21:57Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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