A remoção dos desastres e os desastres da remoção: risco, vulnerabilidade e deslocamento forçado em Belo Horizonte

• Autor(a) principal: Raquel de Mattos Viana
• Data de Publicação: 2015
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/FACE-B7BPRQ
• topic: Remoção; Desastres; Abordagem Idade-Período-Coorte; Vulnerabilidade Socioambiental; Belo Horizonte; Métodos Mistos; Catástrofes naturais Belo Horizonte (MG); Vítimas de desastres Belo Horizonte (MG); Demografia; Chuvas

A cada ano no Brasil, no período das chuvas e em períodos de grande estiagem, são noticiadas tragédias com graves consequências em termos de perdas materiais e humanas para as populações mais pobres e vulneráveis. Dado o aumento médio na temperatura global e as alterações nos regimes climáticos, aliados às características do processo de urbanização no Brasil, o conceito de ´Refugiados Ambientais` tem sido utilizado para tratar dos deslocamentos forçados da população, provocando discussão no mundo acadêmico e científico sobre a adequação do conceito e sua capacidade de politização/despolitização do problema. Considerando a relação entre deslocamento forçado, eventos climáticos extremos e vulnerabilidade, a presente tese procura, por meio de um estudo de caso no município de Belo Horizonte, em Minas Gerais, entender algumas dimensões da vulnerabilidade socioambiental, procurando evidenciar a capacidade de resposta, resiliência e medidas adaptativas da população. Inspirado na abordagem Idade-Período-Coorte (IPC), é analisada a vulnerabilidade socioambiental e sua relação com o deslocamento forçado a partir destas três dimensões do tempo. O método escolhido foi o multimétodo, que alia técnicas de pesquisa de caráter quantitativo e qualitativo baseadas em diferentes fontes de informação. Para traçar um perfil dos desastres naturais em Belo Horizonte e na RMBH foram analisados os Relatórios de Avaliação de Danos (AVADAN) da Defesa Civil e as reportagens do jornal Estado de Minas relativas a estes eventos, na primeira década do século XXI. A fim de compreender a relação entre estes eventos e a vulnerabilidade socioambiental levantou-se alguns indicadores socioeconômicos e demográficos da região. A análise dos dados secundários mostrou que os grupos populacionais mais afetados são as crianças e os idosos e que o tamanho da população e sua densidade são dimensões importantes da vulnerabilidade socioambiental a desastres na capital. Em relação ao tratamento de dados primários, foram realizadas entrevistas em profundidade com moradores da extinta Vila Betânia, localizada às margens do córrego Bonsucesso, na região Oeste de Belo Horizonte, em área considerada de risco e removida pelo poder público em 2010. A análise das entrevistas com moradores e representantes da prefeitura municipal permitiu compreender o processo de remoção dessas famílias e levantou algumas hipóteses sobre a relação entre vulnerabilidade e deslocamento à luz de uma perspectiva teórica sobre as transições nos regimes demográficos.