Contradições na atividade de trabalho das professoras dos anos iniciais em uma escola do Estado do Tocantins

• Autor(a) principal: Luciana Pereira de Sousa
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/34664
• topic: Atividade de trabalho; Aprendizagem expansiva.; Teoria Histórico-Cultural da Atividade; Políticas educacionais neoliberais; Regulação do trabalho docente; Educação; Professores - Condições de trabalho; Tocantins; Professores de ensino fundamental - Formação - Tocantins; Educação - Políticas Públicas - Tocantins

Este estudo diz respeito à complexidade das relações que constituem o trabalho de professoras que atuam no ensino fundamental – anos iniciais, no contexto da sociedade capitalista globalizada. Especificamente, investiga como ocorrem as aprendizagens de quatro professoras dos anos iniciais, quando precisam lidar com as demandas da Atividade de trabalho em uma escola comunitária, conveniada com a rede estadual de educação do Tocantins. A pesquisa adota a abordagem qualitativa, na perspectiva da Etnografia na Educação, fazendo observação participante na escola por um semestre letivo. O material empírico da pesquisa é composto de registros de aulas nas turmas de 4º e 5º anos, reuniões de planejamento e entrevistas com as professoras participantes da pesquisa. As análises foram realizadas na perspectiva da aprendizagem expansiva sob a lente teórica da Teoria Histórico-Cultural da Atividade. Com essa lente teórica, foi possível ampliar o olhar para os sujeitos-em-ação (professoras) direcionados ao ensino na escola e conectados aos movimentos históricos na educação por meio das políticas educacionais implementadas no estado. Estruturou-se uma unidade de análise, “Sistema de Atividades de trabalho das professoras” e, realizando diferentes movimentos, posiciona-se a lente de análise ora no nível micro da sala de aula, ora no macro das relações de trabalho das professoras com o sistema de ensino do estado, evidenciando-se tensões e a manifestação da contradição no Sistema de Atividades. Face à contradição na Atividade, as professoras vivem dilemas e conflitos que oscilam em frentes opostas no contexto educacional: ensinar para uma aprendizagem vista como desenvolvimento humano das crianças versus ensinar para atender as metas de eficácia e excelência dos indicadores do sistema educacional. A análise revela que, ao enfrentar as tensões, as professoras provocam constantes reestruturações do planejamento pedagógico e da própria prática docente. Se por um lado essas reestruturações alteram o cotidiano das professoras e geram sobrecarga de trabalho, por outro lado, geram resistências por parte delas às imposições do modelo de reprodução neoliberal, evidenciando um ganho de poder de ação quando se organizam coletivamente e criam alternativas de ensino não hierarquizadas pelo sistema. A forma como as professoras enfrentam as contradições na Atividade evidencia a dialética entre estrutura versus agência, pois elas buscam encontrar por elas mesmas caminhos para lidar ou romper com as formas de regulação do seu trabalho pelo sistema de ensino. O estudo revela como o discurso da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico reproduzido dentro da rede de ensino do Tocantins reforça a ênfase da disciplina de matemática para serem alcançados bons índices de avaliação e distinção da escola na rede de ensino. Esse discurso também regula o modo de trabalho das professoras para um tipo de formação que atende as exigências do mercado, conectando-as a uma vida profissional precária. Contudo, elas persistem em seu trabalho para um ensino que busque a aprendizagem como desenvolvimento humano das crianças.