Espaços coletivos de trabalho: entre a produção e a reprodução

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Viviane Zerlotini da Silva
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-9LEM5B
Resumo: Os grupos de trabalho associado, ao produzir os seus espaços, adotam outra racionalidade na organização espacial, não fundamentada em bases exclusivamente produtivistas. A racionalidade reprodutivista contém traços de autonomia porque não separa os espaços de moradia e de trabalho. Contudo, no senso comum técnico e em geral prevalecem as ideias de separação e funcionalização dos espaços, tal como a ideologia burguesa concebe e a arquitetura moderna reforça, contribuindo para o afastamento do indivíduo da esfera pública. Por sua vez, os grupos de trabalho associado enfrentam limitações na produção de seu espaço referentes à escassez de recursos, ao acesso precário às informações e às determinações externas de concorrência de mercado. O desafio desses coletivos e das propostas teóricas e práticas que pretendem favorecê-los consiste em superar as pseudoalternativas, previamente definidas pela vulnerabilidade e precariedade a que estão submetidos. Esta pesquisa busca identificar as bases conceituais das ferramentas mediações ou interfaces de espacialidades, que possam potencializar os traços de autonomia e autogestão já presentes na produção do espaço por trabalhadores associados, tendo por horizonte a livre associação entre produtores e reprodutores e a precedência da reprodução sobre a produção, no sentido de ser a base principal da existência da sociedade. De modo a potencializar os traços de autonomia e a superar as relações opressoras de gênero e de trabalho, os técnicos ocupados com os coletivos devem compreender em profundidade, e de maneira crítica, as vantagens e os pequenos ganhos de autonomia dos arranjos sócio-espaciais elaborados pelos coletivos, e que são minimamente alternativos aos arranjos convencionais, como a proximidade ou coincidência entre moradia e trabalho, as relações de proximidade entre os membros do grupo, as relações não hierárquicas, a organização horizontal do trabalho de reprodução e de produção, a coabitação da família estendida, os efeitos úteis da força social de trabalho de reprodução e de produção, a combinação de várias escalas de ação, o desenvolvimento das capacidades efetivas dos indivíduos, o livre intercâmbio de ideias, a posse coletiva da terra e de seus meios de produção e a produção do espaço político.
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O desafio desses coletivos e das propostas teóricas e práticas que pretendem favorecê-los consiste em superar as pseudoalternativas, previamente definidas pela vulnerabilidade e precariedade a que estão submetidos. Esta pesquisa busca identificar as bases conceituais das ferramentas mediações ou interfaces de espacialidades, que possam potencializar os traços de autonomia e autogestão já presentes na produção do espaço por trabalhadores associados, tendo por horizonte a livre associação entre produtores e reprodutores e a precedência da reprodução sobre a produção, no sentido de ser a base principal da existência da sociedade. De modo a potencializar os traços de autonomia e a superar as relações opressoras de gênero e de trabalho, os técnicos ocupados com os coletivos devem compreender em profundidade, e de maneira crítica, as vantagens e os pequenos ganhos de autonomia dos arranjos sócio-espaciais elaborados pelos coletivos, e que são minimamente alternativos aos arranjos convencionais, como a proximidade ou coincidência entre moradia e trabalho, as relações de proximidade entre os membros do grupo, as relações não hierárquicas, a organização horizontal do trabalho de reprodução e de produção, a coabitação da família estendida, os efeitos úteis da força social de trabalho de reprodução e de produção, a combinação de várias escalas de ação, o desenvolvimento das capacidades efetivas dos indivíduos, o livre intercâmbio de ideias, a posse coletiva da terra e de seus meios de produção e a produção do espaço político.In order to produce their spaces groups of associated work adopt another rationality in spatial organization, not founded only in productivist bases. The reproductivist rationality includes traces of autonomy because it does not separate living and work spaces. Nevertheless, in technical and general common sense prevails the ideas of separation and functionalization of spaces, as bourgeois ideology conceives and modern architecture reinforces, contributing to the individual away from the public sphere. In turn, the associated work groups face limitations in the production of their space concerning the scarcity of resources, limited access to information and external determinations of market competition. The challenge of those groups and the theoretical and practical proposals that claim to favor them is to overcome the pseudo-alternative, previously defined by the vulnerability and insecurity they are submitted to. This research seeks to identify the conceptual basis of the tools mediations or interfaces of spatiality, that can leverage the features of autonomy and self-management already present in the production of space by associated workers, having for the horizon the free association of producers and breeders and the reproduction take precedence over production, in the sense of being the principal basis of the existence of society. In order to enhance the traits of autonomy and overcome oppressive gender and work relations, technicians busy with the collective must understand deeply, and critically, the advantages and small gains in autonomy of socio-spatial arrangements established by the collective, and they are minimally alternative to conventional arrangements, such as proximity or coincidence between residence and work, the relations of proximity between the group members, non-hierarchical relationships, horizontal organization of work of reproduction and production, cohabitation of the extended family, the useful effects of social workforce of reproduction and production, the combination of various scales of action, the development of effective capabilities of individuals, the free exchange of ideas, collective ownership of land and its means of production and production of political space.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGEconomia solidáriaEspaço (Arquitetura)Tecnologia Aspectos sociaisTrabalho associadoAutonomia coletivaRacionalidade reprodutivistaProdução do espaçoPráticas sócio-espaciaisTecnologia socialEspaços coletivos de trabalho: entre a produção e a reproduçãoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALfim_maio.pdfapplication/pdf22270569https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9LEM5B/1/fim_maio.pdfb7da4c300e9621d0e3d5b38134978b6cMD51TEXTfim_maio.pdf.txtfim_maio.pdf.txtExtracted texttext/plain999529https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9LEM5B/2/fim_maio.pdf.txt3f50ade2353359ba99ac2886e9d0e50bMD521843/BUOS-9LEM5B2019-11-14 05:26:20.288oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-9LEM5BRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T08:26:20Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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