Avaliação de imunogenicidade de formulados vacinais recombinantes contra Clostridioides difficile

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Carolina Pantuzza Ramos
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/62505
Resumo: A infecção por Clostridioides difficile (ICD) é de grande relevância em suínos neonatos, dado principalmente às perdas produtivas e manifestações clínicas associadas às lesões colônicas causadas pelos principais fatores de virulência do patógeno, as exotoxinas A (TcdA) e B (TcdB). A necessária aplicação de métodos de controle e prevenção de C. difficile e/ou seus fatores de virulência é potencializada pelo caráter zoonótico do agente, sendo os casos comunitários da infecção considerados emergentes e em ascensão. O agente, que se encontra disseminado em diversos países, incluindo o Brasil, possui o seu controle dependente principalmente de medidas sanitárias e, atualmente, de uma vacina baseada em toxoides A e B, cujos dados de eficácia em granjas positivas ainda são desconhecidos. Contudo, métodos imunoprofiláticos compostos por proteínas recombinantes, tecnologia sabidamente vantajosa para a produção industrial, ainda não existem. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo o desenvolvimento de duas vacinas recombinantes a partir de fragmentos imunogênicos das toxinas A e B de C. difficile para a prevenção da infecção em leitões. A seleção dos fragmentos antigênicos para elaboração das vacinas, formados pela porção C-terminal das toxinas A e B, contou com ensaios in silico para a avaliação da possível presença de epítopos para células B, bem como otimização dos códons para expressão em E. coli. Dada a montagem do vetor plasmideal sintético, clonagem em E. coli e expressão das proteínas, o estudo seguiu com a realização de testes de esterilidade, inocuidade e potência em hamsters. Ainda, foi realizada a imunização de coelhos em três doses e utilizando-se duas diferentes massas antigênicas de ambas as vacinas, seguido da realização de ensaios na espécie alvo, para análise e quantificação da produção de IgG anti-TcdA e anti-TcdB por ELISA. Foram sinterizadas duas vacinas: bivalente (AB), composta por fragmentos recombinantes de TcdA e de TcdB; e quimera (Q), correspondente à síntese dos mesmos fragmentos em uma única proteína. As vacinas recombinantes sintetizadas apresentaram-se estéreis e inócuas, apesar de não terem protegido os hamsters sírios, altamente susceptíveis à infecção, após o seu desafio. Títulos de anticorpos anti-TcdA e TcdB foram observadas a partir da primeira imunização dos coelhos com as vacinas AB e Q. O platô da reatividade entre os anticorpos presentes no soro dos animais e os antígenos foi atingido com a realização de duas doses, sendo desnecessária a aplicação de uma terceira dose (p≤0,05). Ainda, não foi observado diferenças significativas entre as massas antigênicas presentes nas vacinas (10 e 50 μg), tampouco foi observada diferença entre as vacinas Q e AB em coelhos (p≥0,05). Similarmente ao observado em coelhos, a presença de anticorpos anti-TcdA e anti-TcdB foi observada nas porcas imunizadas com a primeira dose de ambas as vacinas AB e Q (20 μg cada). A colostragem dos leitões neonatos por porcas vacinadas resultou em aquisição de imunidade passiva anti-TcdA e anti-TcdB pelos animais, em contraste com os leitões controle (p≤0,05). A imunização de porcas com a vacina Q conferiu títulos de anticorpos anti-TcdA e anti-TcdB superiores aos títulos induzidos pela vacina AB no soro dos leitões, sugerindo a superioridade deste composto como imunógeno contra as toxinas A e B de C. difficile. Em conclusão, o presente estudo mostrou que as proteínas recombinantes sintetizadas foram capazes de induzir títulos de anticorpos contra as proteínas A e B de C. difficile em matrizes suínas, sendo passivamente transferidos aos leitões colostrados que possivelmente tornaram-se protegidos contra a infecção por C. difficile.
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