“Água de lona” e “sangue de serragem” nos discursos de sujeitos circenses: o caso brasileiro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ana Rosa Camillo Aguiar
Data de Publicação: 2016
Outros Autores: Alexandre de Pádua Carrieri
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/43366
Resumo: Este artigo tem como objetivo apresentar como são construídos os discursos sobre a identidade social de circenses e fazer uma reflexão sobre o que tais discursos buscam legitimar e produzir em termos de verdade para os atores sociais estudados. Tem como base uma pesquisa de campo com circenses entrevistados em 31 circos itinerantes. Baseamo-nos em Woodward (2005) e Souza e Carrieri (2012) para efetuar a análise da identidade como resultado, ato de criação linguística, produto cultural e social; e em Foucault (1969; 1975; 1976; 1984a; 1984b; 2003; 2004; 2010) no entendimento das identidades como produtos das relações de poder. Adotamos a perspectiva da apreensão das identidades individuais e coletivas nas práticas discursivas, por meio do reconhecimento de padrões de práticas enunciativas comuns aos indivíduos, de Souza e Carrieri (2012). Metodologicamente, trabalhamos com a Análise Crítica do Discurso (ACD) (FAIRCLOUGH, 1992). Dois grandes percursos semânticos foram identificados: o da origem circense e o da tradição, explicitando o desejo do circense de se diferenciar do outro por meio de elementos genealógicos, como “sangue de serragem” e, também, do modo de existência, como em “água de lona”. Reconhecer o cotidiano dos circos e os enunciados discursivos que se ressigni-ficam constantemente, permite apreender essas organizações que têm se reproduzido no tempo e no espaço da contemporaneidade.
id UFMG_bbb9e7a1bcbd755e67aa726e83b0cf0d
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/43366
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling 2022-07-18T14:05:39Z2022-07-18T14:05:39Z2016237724726210.1590/1984-923077419849230http://hdl.handle.net/1843/43366Este artigo tem como objetivo apresentar como são construídos os discursos sobre a identidade social de circenses e fazer uma reflexão sobre o que tais discursos buscam legitimar e produzir em termos de verdade para os atores sociais estudados. Tem como base uma pesquisa de campo com circenses entrevistados em 31 circos itinerantes. Baseamo-nos em Woodward (2005) e Souza e Carrieri (2012) para efetuar a análise da identidade como resultado, ato de criação linguística, produto cultural e social; e em Foucault (1969; 1975; 1976; 1984a; 1984b; 2003; 2004; 2010) no entendimento das identidades como produtos das relações de poder. Adotamos a perspectiva da apreensão das identidades individuais e coletivas nas práticas discursivas, por meio do reconhecimento de padrões de práticas enunciativas comuns aos indivíduos, de Souza e Carrieri (2012). Metodologicamente, trabalhamos com a Análise Crítica do Discurso (ACD) (FAIRCLOUGH, 1992). Dois grandes percursos semânticos foram identificados: o da origem circense e o da tradição, explicitando o desejo do circense de se diferenciar do outro por meio de elementos genealógicos, como “sangue de serragem” e, também, do modo de existência, como em “água de lona”. Reconhecer o cotidiano dos circos e os enunciados discursivos que se ressigni-ficam constantemente, permite apreender essas organizações que têm se reproduzido no tempo e no espaço da contemporaneidade.This article aims to show how discourses about social identity of circus are constructed and askes about the truths that discourses seek to produce and legitimite . It is based on a field survey with 31 traveling circuses. We are based in Woodward (2005), Souza e Carrieri (2012) in the analysis of identity as a result, the act of creating linguistic, cultural and social product; Foucault (1969; 1975; 1976; 1984a; 1984b; 2003; 2004; 2010) in the understanding of identities as products of power relations. We adopt the perspective of Souza and Carrieri (2012) of approach individual and collective identities in the discursive practices. Analysis was performed via Critical Discourse Analysis (CDA) with Fairclough (1992). Two major semantic paths were identified, the circus origin and tradition, explaining the circus behalf to distinguish from others by genealogical elements like “sawdust blood” and mode of existence as in “water bag”. The recognition of circuses everyday practices and the discursive statements that are usually reframed, allows us to understand how these organizations have been reproduced in the contemporary time and space.porUniversidade Federal de Minas GeraisUFMGBrasilFCE - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVASOrganizações & Sociedade (on-line)IdentidadeIdentidade socialCircoIdentidadeCircoCotidianoDiscurso“Água de lona” e “sangue de serragem” nos discursos de sujeitos circenses: o caso brasileiro“Water bag” and “blood sawdust” in the discourses of circus subjectsinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://periodicos.ufba.br/index.php/revistaoes/article/view/11000/10933Ana Rosa Camillo AguiarAlexandre de Pádua Carrieriinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGLICENSELicense.txtLicense.txttext/plain; charset=utf-82042https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/43366/1/License.txtfa505098d172de0bc8864fc1287ffe22MD51ORIGINALÁguadelona e sanguedeserragem.pdfÁguadelona e sanguedeserragem.pdfapplication/pdf2327877https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/43366/2/%c3%81guadelona%20e%20sanguedeserragem.pdf2ad5b582878ec6d5d5af43e2997209f1MD521843/433662022-07-18 11:05:40.495oai:repositorio.ufmg.br:1843/43366TElDRU7vv71BIERFIERJU1RSSUJVSe+/ve+/vU8gTu+/vU8tRVhDTFVTSVZBIERPIFJFUE9TSVTvv71SSU8gSU5TVElUVUNJT05BTCBEQSBVRk1HCiAKCkNvbSBhIGFwcmVzZW50Ye+/ve+/vW8gZGVzdGEgbGljZW7vv71hLCB2b2Pvv70gKG8gYXV0b3IgKGVzKSBvdSBvIHRpdHVsYXIgZG9zIGRpcmVpdG9zIGRlIGF1dG9yKSBjb25jZWRlIGFvIFJlcG9zaXTvv71yaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbu+/vW8gZXhjbHVzaXZvIGUgaXJyZXZvZ++/vXZlbCBkZSByZXByb2R1emlyIGUvb3UgZGlzdHJpYnVpciBhIHN1YSBwdWJsaWNh77+977+9byAoaW5jbHVpbmRvIG8gcmVzdW1vKSBwb3IgdG9kbyBvIG11bmRvIG5vIGZvcm1hdG8gaW1wcmVzc28gZSBlbGV0cu+/vW5pY28gZSBlbSBxdWFscXVlciBtZWlvLCBpbmNsdWluZG8gb3MgZm9ybWF0b3Mg77+9dWRpbyBvdSB277+9ZGVvLgoKVm9j77+9IGRlY2xhcmEgcXVlIGNvbmhlY2UgYSBwb2zvv710aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2Pvv70gY29uY29yZGEgcXVlIG8gUmVwb3NpdO+/vXJpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSwgc2VtIGFsdGVyYXIgbyBjb250Ze+/vWRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNh77+977+9byBwYXJhIHF1YWxxdWVyIG1laW8gb3UgZm9ybWF0byBwYXJhIGZpbnMgZGUgcHJlc2VydmHvv73vv71vLgoKVm9j77+9IHRhbWLvv71tIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTvv71yaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUgbWFudGVyIG1haXMgZGUgdW1hIGPvv71waWEgZGUgc3VhIHB1YmxpY2Hvv73vv71vIHBhcmEgZmlucyBkZSBzZWd1cmFu77+9YSwgYmFjay11cCBlIHByZXNlcnZh77+977+9by4KClZvY++/vSBkZWNsYXJhIHF1ZSBhIHN1YSBwdWJsaWNh77+977+9byDvv70gb3JpZ2luYWwgZSBxdWUgdm9j77+9IHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vu77+9YS4gVm9j77+9IHRhbWLvv71tIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVw77+9c2l0byBkZSBzdWEgcHVibGljYe+/ve+/vW8gbu+/vW8sIHF1ZSBzZWphIGRlIHNldSBjb25oZWNpbWVudG8sIGluZnJpbmdlIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIGRlIG5pbmd177+9bS4KCkNhc28gYSBzdWEgcHVibGljYe+/ve+/vW8gY29udGVuaGEgbWF0ZXJpYWwgcXVlIHZvY++/vSBu77+9byBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2Pvv70gZGVjbGFyYSBxdWUgb2J0ZXZlIGEgcGVybWlzc++/vW8gaXJyZXN0cml0YSBkbyBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgcGFyYSBjb25jZWRlciBhbyBSZXBvc2l077+9cmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7vv71hLCBlIHF1ZSBlc3NlIG1hdGVyaWFsIGRlIHByb3ByaWVkYWRlIGRlIHRlcmNlaXJvcyBlc3Tvv70gY2xhcmFtZW50ZSBpZGVudGlmaWNhZG8gZSByZWNvbmhlY2lkbyBubyB0ZXh0byBvdSBubyBjb250Ze+/vWRvIGRhIHB1YmxpY2Hvv73vv71vIG9yYSBkZXBvc2l0YWRhLgoKQ0FTTyBBIFBVQkxJQ0Hvv73vv71PIE9SQSBERVBPU0lUQURBIFRFTkhBIFNJRE8gUkVTVUxUQURPIERFIFVNIFBBVFJPQ++/vU5JTyBPVSBBUE9JTyBERSBVTUEgQUfvv71OQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0Pvv70gREVDTEFSQSBRVUUgUkVTUEVJVE9VIFRPRE9TIEUgUVVBSVNRVUVSIERJUkVJVE9TIERFIFJFVklT77+9TyBDT01PIFRBTULvv71NIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0Hvv73vv71FUyBFWElHSURBUyBQT1IgQ09OVFJBVE8gT1UgQUNPUkRPLgoKTyBSZXBvc2l077+9cmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNh77+977+9bywgZSBu77+9byBmYXLvv70gcXVhbHF1ZXIgYWx0ZXJh77+977+9bywgYWzvv71tIGRhcXVlbGFzIGNvbmNlZGlkYXMgcG9yIGVzdGEgbGljZW7vv71hLgo=Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2022-07-18T14:05:40Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv “Água de lona” e “sangue de serragem” nos discursos de sujeitos circenses: o caso brasileiro
dc.title.alternative.pt_BR.fl_str_mv “Water bag” and “blood sawdust” in the discourses of circus subjects
title “Água de lona” e “sangue de serragem” nos discursos de sujeitos circenses: o caso brasileiro
spellingShingle “Água de lona” e “sangue de serragem” nos discursos de sujeitos circenses: o caso brasileiro
Ana Rosa Camillo Aguiar
Identidade
Circo
Cotidiano
Discurso
Identidade
Identidade social
Circo
title_short “Água de lona” e “sangue de serragem” nos discursos de sujeitos circenses: o caso brasileiro
title_full “Água de lona” e “sangue de serragem” nos discursos de sujeitos circenses: o caso brasileiro
title_fullStr “Água de lona” e “sangue de serragem” nos discursos de sujeitos circenses: o caso brasileiro
title_full_unstemmed “Água de lona” e “sangue de serragem” nos discursos de sujeitos circenses: o caso brasileiro
title_sort “Água de lona” e “sangue de serragem” nos discursos de sujeitos circenses: o caso brasileiro
author Ana Rosa Camillo Aguiar
author_facet Ana Rosa Camillo Aguiar
Alexandre de Pádua Carrieri
author_role author
author2 Alexandre de Pádua Carrieri
author2_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Ana Rosa Camillo Aguiar
Alexandre de Pádua Carrieri
dc.subject.por.fl_str_mv Identidade
Circo
Cotidiano
Discurso
topic Identidade
Circo
Cotidiano
Discurso
Identidade
Identidade social
Circo
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Identidade
Identidade social
Circo
description Este artigo tem como objetivo apresentar como são construídos os discursos sobre a identidade social de circenses e fazer uma reflexão sobre o que tais discursos buscam legitimar e produzir em termos de verdade para os atores sociais estudados. Tem como base uma pesquisa de campo com circenses entrevistados em 31 circos itinerantes. Baseamo-nos em Woodward (2005) e Souza e Carrieri (2012) para efetuar a análise da identidade como resultado, ato de criação linguística, produto cultural e social; e em Foucault (1969; 1975; 1976; 1984a; 1984b; 2003; 2004; 2010) no entendimento das identidades como produtos das relações de poder. Adotamos a perspectiva da apreensão das identidades individuais e coletivas nas práticas discursivas, por meio do reconhecimento de padrões de práticas enunciativas comuns aos indivíduos, de Souza e Carrieri (2012). Metodologicamente, trabalhamos com a Análise Crítica do Discurso (ACD) (FAIRCLOUGH, 1992). Dois grandes percursos semânticos foram identificados: o da origem circense e o da tradição, explicitando o desejo do circense de se diferenciar do outro por meio de elementos genealógicos, como “sangue de serragem” e, também, do modo de existência, como em “água de lona”. Reconhecer o cotidiano dos circos e os enunciados discursivos que se ressigni-ficam constantemente, permite apreender essas organizações que têm se reproduzido no tempo e no espaço da contemporaneidade.
publishDate 2016
dc.date.issued.fl_str_mv 2016
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2022-07-18T14:05:39Z
dc.date.available.fl_str_mv 2022-07-18T14:05:39Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/43366
dc.identifier.doi.pt_BR.fl_str_mv 10.1590/1984-9230774
dc.identifier.issn.pt_BR.fl_str_mv 19849230
identifier_str_mv 10.1590/1984-9230774
19849230
url http://hdl.handle.net/1843/43366
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.ispartof.pt_BR.fl_str_mv Organizações & Sociedade (on-line)
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv FCE - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/43366/1/License.txt
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/43366/2/%c3%81guadelona%20e%20sanguedeserragem.pdf
bitstream.checksum.fl_str_mv fa505098d172de0bc8864fc1287ffe22
2ad5b582878ec6d5d5af43e2997209f1
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1801676927365283840