Nacionalismos e espaços de pertencimento na obra de Roberto Bolaño
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMG |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1843/39462 |
Resumo: | O presente trabalho visa pesquisar as políticas literárias promovidas por Roberto Bolaño na representação do escritor latino-americano, sendo considerado por sua fortuna crítica (VOLPI, 2006; ECHAVARRÍA,2013) o primeiro autor a romper com o paradigma do boom no imaginário mundial. Para levar a cabo essa tarefa, partiremos das demandas do campo editorial da década de 1990 – extremamente conformado às estéticas do realismo mágico –, para notar que não só Bolaño, mas também outros escritores denunciam uma divisão dos saberes e temas a serem tratados pela literatura de países periféricos e hegemônicos. No caso do nosso escritor, considerando o momento histórico das ditaduras latino-americanas e da ascensão do neoliberalismo, os nacionalismos são lidos em contiguidade com o padrão hegemônico de poder (QUIJANO, 2002), via de regra branco, capitalista e heterossexual. Trata-se, portanto, de tomar uma posição própria diante da oposição universal-global e regional-nacional, já que essas instâncias são percebidas de modo contínuo em suas intervenções críticas. No entanto, em contrapartida, como leitor da tradição canônica latino-americana, Bolaño realiza uma interpretação que a percebe como espaço de saída, isto é, o necessário abandono dos aspectos formais, mas a indispensável retomada, de modo não ortodoxo, de alguns de seus aspectos utópicos e anticoloniais. Propõe-se assim percorrer um percurso em que o escritor, de um lado, forja pela ficção um movimento literário – o Realvisceralismo – para promover um ajuste de contas com as tragédias latino-americanas do século XX (ROJO, 2004), mas também para encenar o abandono do lugar próprio do escritor latino-americano, propondo outros eixos de interpretação para a prática literária. De outro, reposicionando o referente latino-americano em diferentes horizontes de expectativas, sua obra dispõe de um mapa literário de alcance mundial. Nele, o fator latino-americano deixa de significar territorialidade ou consanguinidade (dentre tantos outros usos conservadores) para ganhar os contornos históricos dessa experiência no mundo, marcando-o como resultado de uma modernidade global fracassada ou como iteração particular da violência com que os diferentes povos foram integrados ao sistema mundo moderno. |
id |
UFMG_bc59777dd40ebbad8dae1d24a68a2854 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.ufmg.br:1843/39462 |
network_acronym_str |
UFMG |
network_name_str |
Repositório Institucional da UFMG |
repository_id_str |
|
spelling |
Graciela Inés Ravetti de Gómezhttp://lattes.cnpq.br/4496741263287579Georg Ottehttp://lattes.cnpq.br/1007447507538719Sara del Carmen Rojo de la RosaMarcos Antônio AlexandreMaria Aparecida de Oliveira de CarvalhoKarla Fernandes Ciprestrehttp://lattes.cnpq.br/4835501906428890Mariana Augusta Pinheiro Di Salvio Almeida2022-02-17T18:48:45Z2022-02-17T18:48:45Z2021-07-30http://hdl.handle.net/1843/39462O presente trabalho visa pesquisar as políticas literárias promovidas por Roberto Bolaño na representação do escritor latino-americano, sendo considerado por sua fortuna crítica (VOLPI, 2006; ECHAVARRÍA,2013) o primeiro autor a romper com o paradigma do boom no imaginário mundial. Para levar a cabo essa tarefa, partiremos das demandas do campo editorial da década de 1990 – extremamente conformado às estéticas do realismo mágico –, para notar que não só Bolaño, mas também outros escritores denunciam uma divisão dos saberes e temas a serem tratados pela literatura de países periféricos e hegemônicos. No caso do nosso escritor, considerando o momento histórico das ditaduras latino-americanas e da ascensão do neoliberalismo, os nacionalismos são lidos em contiguidade com o padrão hegemônico de poder (QUIJANO, 2002), via de regra branco, capitalista e heterossexual. Trata-se, portanto, de tomar uma posição própria diante da oposição universal-global e regional-nacional, já que essas instâncias são percebidas de modo contínuo em suas intervenções críticas. No entanto, em contrapartida, como leitor da tradição canônica latino-americana, Bolaño realiza uma interpretação que a percebe como espaço de saída, isto é, o necessário abandono dos aspectos formais, mas a indispensável retomada, de modo não ortodoxo, de alguns de seus aspectos utópicos e anticoloniais. Propõe-se assim percorrer um percurso em que o escritor, de um lado, forja pela ficção um movimento literário – o Realvisceralismo – para promover um ajuste de contas com as tragédias latino-americanas do século XX (ROJO, 2004), mas também para encenar o abandono do lugar próprio do escritor latino-americano, propondo outros eixos de interpretação para a prática literária. De outro, reposicionando o referente latino-americano em diferentes horizontes de expectativas, sua obra dispõe de um mapa literário de alcance mundial. Nele, o fator latino-americano deixa de significar territorialidade ou consanguinidade (dentre tantos outros usos conservadores) para ganhar os contornos históricos dessa experiência no mundo, marcando-o como resultado de uma modernidade global fracassada ou como iteração particular da violência com que os diferentes povos foram integrados ao sistema mundo moderno.The present work aims to research the literary policies promoted by Roberto Bolaño in the representation of the Latin American writer, being considered by his critical fortune (VOLPI, 2006; ECHAVARRÍA, 2013) the first author to break with the “boom” paradigm in the world imaginary. To carry out this task, we will start from the demands of the publishing field of the 1990s – extremely conformed to the aesthetics of magical realism – to note that not only Bolaño, but also other writers denounced a division of knowledge and themes to be addressed by literature of peripheral and hegemonic countries. In the case of our writer, considering the historical moment of Latin American dictatorships and the rise of neoliberalism, nationalisms are read in contiguity with the hegemonic pattern of power (QUIJANO, 2002), as a rule, white, capitalist and heterosexual. It is, therefore, about taking a stand of its own in the face of universalglobal and regional-national opposition, as these instances are continuously perceived in Bolaño’s critical interventions. However, on the other hand, as a reader of the Latin American canonical tradition, the author performs an interpretation that perceives it as an exit space, that is, the necessary abandonment of formal aspects, but the indispensable resumption, in an unorthodox way, of some of its utopian and anticolonial aspects. Thus, we propose to follow a path in which the writer, on one hand, forges a literary movement through fiction – Realvisceralism – to promote a reckoning with the Latin American tragedies of the 20th century (ROJO, 2004), but also to stage the abandonment of the Latin American writer's place, proposing other lines of interpretation for literary practice. On the other hand, repositioning the Latin American referent in different horizons of expectations, Bolaños’s work has a worldwide literary map. In it, the Latin American factor ceases to signify territoriality or consanguinity (among many other conservative uses) to gain the historical contours of this experience in the world, emphasizing the Latin American factor as a result of a failed global modernity or as a particular repetition of the violence with which different peoples were integrated into the modern world system.FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas GeraisporUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em Estudos LiteráriosUFMGBrasilFALE - FACULDADE DE LETRASBolaño, Roberto, 1953-2003. – Crítica e interpretaçãoFicção chilena – História e críticaEspaço e tempo na literaturaNacionalismo na literaturaPolíticas LiteráriasNacionalismos e espaços de pertencimento na obra de Roberto Bolañoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese_mariana_di_salvio_biblioteca.pdftese_mariana_di_salvio_biblioteca.pdfapplication/pdf2159301https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/39462/1/tese_mariana_di_salvio_biblioteca.pdf8c0798275f5ce655b029736b0d060fb8MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82118https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/39462/2/license.txtcda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272MD521843/394622022-02-17 15:48:45.52oai:repositorio.ufmg.br:1843/39462TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2022-02-17T18:48:45Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
Nacionalismos e espaços de pertencimento na obra de Roberto Bolaño |
title |
Nacionalismos e espaços de pertencimento na obra de Roberto Bolaño |
spellingShingle |
Nacionalismos e espaços de pertencimento na obra de Roberto Bolaño Mariana Augusta Pinheiro Di Salvio Almeida Políticas Literárias Bolaño, Roberto, 1953-2003. – Crítica e interpretação Ficção chilena – História e crítica Espaço e tempo na literatura Nacionalismo na literatura |
title_short |
Nacionalismos e espaços de pertencimento na obra de Roberto Bolaño |
title_full |
Nacionalismos e espaços de pertencimento na obra de Roberto Bolaño |
title_fullStr |
Nacionalismos e espaços de pertencimento na obra de Roberto Bolaño |
title_full_unstemmed |
Nacionalismos e espaços de pertencimento na obra de Roberto Bolaño |
title_sort |
Nacionalismos e espaços de pertencimento na obra de Roberto Bolaño |
author |
Mariana Augusta Pinheiro Di Salvio Almeida |
author_facet |
Mariana Augusta Pinheiro Di Salvio Almeida |
author_role |
author |
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv |
Graciela Inés Ravetti de Gómez |
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv |
http://lattes.cnpq.br/4496741263287579 |
dc.contributor.advisor2.fl_str_mv |
Georg Otte |
dc.contributor.advisor2Lattes.fl_str_mv |
http://lattes.cnpq.br/1007447507538719 |
dc.contributor.referee1.fl_str_mv |
Sara del Carmen Rojo de la Rosa |
dc.contributor.referee2.fl_str_mv |
Marcos Antônio Alexandre |
dc.contributor.referee3.fl_str_mv |
Maria Aparecida de Oliveira de Carvalho |
dc.contributor.referee4.fl_str_mv |
Karla Fernandes Ciprestre |
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv |
http://lattes.cnpq.br/4835501906428890 |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Mariana Augusta Pinheiro Di Salvio Almeida |
contributor_str_mv |
Graciela Inés Ravetti de Gómez Georg Otte Sara del Carmen Rojo de la Rosa Marcos Antônio Alexandre Maria Aparecida de Oliveira de Carvalho Karla Fernandes Ciprestre |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Políticas Literárias |
topic |
Políticas Literárias Bolaño, Roberto, 1953-2003. – Crítica e interpretação Ficção chilena – História e crítica Espaço e tempo na literatura Nacionalismo na literatura |
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv |
Bolaño, Roberto, 1953-2003. – Crítica e interpretação Ficção chilena – História e crítica Espaço e tempo na literatura Nacionalismo na literatura |
description |
O presente trabalho visa pesquisar as políticas literárias promovidas por Roberto Bolaño na representação do escritor latino-americano, sendo considerado por sua fortuna crítica (VOLPI, 2006; ECHAVARRÍA,2013) o primeiro autor a romper com o paradigma do boom no imaginário mundial. Para levar a cabo essa tarefa, partiremos das demandas do campo editorial da década de 1990 – extremamente conformado às estéticas do realismo mágico –, para notar que não só Bolaño, mas também outros escritores denunciam uma divisão dos saberes e temas a serem tratados pela literatura de países periféricos e hegemônicos. No caso do nosso escritor, considerando o momento histórico das ditaduras latino-americanas e da ascensão do neoliberalismo, os nacionalismos são lidos em contiguidade com o padrão hegemônico de poder (QUIJANO, 2002), via de regra branco, capitalista e heterossexual. Trata-se, portanto, de tomar uma posição própria diante da oposição universal-global e regional-nacional, já que essas instâncias são percebidas de modo contínuo em suas intervenções críticas. No entanto, em contrapartida, como leitor da tradição canônica latino-americana, Bolaño realiza uma interpretação que a percebe como espaço de saída, isto é, o necessário abandono dos aspectos formais, mas a indispensável retomada, de modo não ortodoxo, de alguns de seus aspectos utópicos e anticoloniais. Propõe-se assim percorrer um percurso em que o escritor, de um lado, forja pela ficção um movimento literário – o Realvisceralismo – para promover um ajuste de contas com as tragédias latino-americanas do século XX (ROJO, 2004), mas também para encenar o abandono do lugar próprio do escritor latino-americano, propondo outros eixos de interpretação para a prática literária. De outro, reposicionando o referente latino-americano em diferentes horizontes de expectativas, sua obra dispõe de um mapa literário de alcance mundial. Nele, o fator latino-americano deixa de significar territorialidade ou consanguinidade (dentre tantos outros usos conservadores) para ganhar os contornos históricos dessa experiência no mundo, marcando-o como resultado de uma modernidade global fracassada ou como iteração particular da violência com que os diferentes povos foram integrados ao sistema mundo moderno. |
publishDate |
2021 |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2021-07-30 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2022-02-17T18:48:45Z |
dc.date.available.fl_str_mv |
2022-02-17T18:48:45Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
format |
doctoralThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/1843/39462 |
url |
http://hdl.handle.net/1843/39462 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal de Minas Gerais |
dc.publisher.program.fl_str_mv |
Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários |
dc.publisher.initials.fl_str_mv |
UFMG |
dc.publisher.country.fl_str_mv |
Brasil |
dc.publisher.department.fl_str_mv |
FALE - FACULDADE DE LETRAS |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal de Minas Gerais |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UFMG instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) instacron:UFMG |
instname_str |
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) |
instacron_str |
UFMG |
institution |
UFMG |
reponame_str |
Repositório Institucional da UFMG |
collection |
Repositório Institucional da UFMG |
bitstream.url.fl_str_mv |
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/39462/1/tese_mariana_di_salvio_biblioteca.pdf https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/39462/2/license.txt |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
8c0798275f5ce655b029736b0d060fb8 cda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272 |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1803589555848216576 |