Professores de Biologia e ensino de evolução: uma perspectiva comparativa em países com contraste de relação entre Estado e Igreja na América Latina

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Heslley Machado Silva
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-A3HFBJ
Resumo: O conflito entre o conhecimento científico e religioso tem ressurgido em diversas esferas da sociedade em todo o mundo. Entre os temas mais sensíveis nessa relação está o ensino da evolução biológica, com repercussões no campo da política educacional em vários países. Sustenta-se que o contexto do professor de Biologia pode influenciar as suas concepções sobre a evolução biológica. Foram selecionados para esta pesquisa países latino-americanos com relações distintas entre Estado e Igreja. A Argentina com uma religião oficial, o Brasil formalmente laico, mas relativizado, e o Uruguai com o laicismo consolidado. Investigou-se como os professores concebem a evolução biológica, usando como instrumentos o questionário BIOHEAD-CITIZEN, entrevistas e análise dos currículos de Biologia. Na análise dos questionários foram utilizadas as categorias de Barbour para relações entre ciência e religião, Conflito, Independência, Diálogo e Integração. Enquanto os professores argentinos e uruguaios indicaram a independência entre os dois campos, os brasileiros transitaram principalmente entre as categorias de conflito, diálogo e integração. A influência do tipo de religião na concepção do professor se revelou plausível. As entrevistas brasileiras demonstraram também um padrão distinto de discurso, apontando a religião como grande obstáculo ao ensino da evolução; nos outros países, houve uma pulverização de respostas. Todos os professores brasileiros alegaram a existência de conflito em sala de aula, algo menos comum nos outros dois países. Apenas os brasileiros indicaram haver um conflito interno entre o saber científico e o religioso ao ensinar a evolução biológica. Esse conflito ajuda a explicar a discrepância entre as respostas ao questionário. Outra possível explicação seria a formação deficitária em relação ao tema. Os professores argentinos e uruguaios relataram que a evolução biológica está contemplada sem a interferência religiosa, ao contrário da metade dos brasileiros. O currículo uruguaio é mais assertivo na temática, enquanto na Argentina e no Brasil os currículos possuem uma base comum, delegando aos estados os pontos fundamentais, possibilitando distorções. Conclui-se que os professores brasileiros vivenciam maior dificuldade no ensino de evolução, especialmente em relação à religião, enquanto essa questão está distante da realidade dos dois outros países.
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Investigou-se como os professores concebem a evolução biológica, usando como instrumentos o questionário BIOHEAD-CITIZEN, entrevistas e análise dos currículos de Biologia. Na análise dos questionários foram utilizadas as categorias de Barbour para relações entre ciência e religião, Conflito, Independência, Diálogo e Integração. Enquanto os professores argentinos e uruguaios indicaram a independência entre os dois campos, os brasileiros transitaram principalmente entre as categorias de conflito, diálogo e integração. A influência do tipo de religião na concepção do professor se revelou plausível. As entrevistas brasileiras demonstraram também um padrão distinto de discurso, apontando a religião como grande obstáculo ao ensino da evolução; nos outros países, houve uma pulverização de respostas. Todos os professores brasileiros alegaram a existência de conflito em sala de aula, algo menos comum nos outros dois países. Apenas os brasileiros indicaram haver um conflito interno entre o saber científico e o religioso ao ensinar a evolução biológica. Esse conflito ajuda a explicar a discrepância entre as respostas ao questionário. Outra possível explicação seria a formação deficitária em relação ao tema. Os professores argentinos e uruguaios relataram que a evolução biológica está contemplada sem a interferência religiosa, ao contrário da metade dos brasileiros. O currículo uruguaio é mais assertivo na temática, enquanto na Argentina e no Brasil os currículos possuem uma base comum, delegando aos estados os pontos fundamentais, possibilitando distorções. Conclui-se que os professores brasileiros vivenciam maior dificuldade no ensino de evolução, especialmente em relação à religião, enquanto essa questão está distante da realidade dos dois outros países.The conflict between scientific knowledge and religious have risen in several areas worldwide. Among the more sensitive themes in this topic is the teaching of biological evolution, with reverberation in the educational policy field in many countries. It is sustained that the context of the teacher of Biology can influence their views about the biological evolution. In this research was selected Latin - American countries with distinct relations between the State and the Church. Argentina with an official religion, and Brazil formally secular, but relativized, and Uruguai with its secularism consolidated. It was also investigated how the teachers conceive a biological evolution, using as tools the questionnaires of BIOHEAD-CITIZEN, through interviews and analysis of biology Curricula. In the analysis of the questionnaires were used the Barbour categories to the relations between science and religion, Conflict, Independence, Dialogue and Integration. While Argentine and Uruguayan teachers indicated independence between the two fields, the Brazilians chose mainly between the categories of conflict, dialogue and integration. The influence of the kind of religion in the teacher's conceiving proved plausible. The brazilian interviews also showed a distinct pattern of speech, pointing out the religion as a major obstacle to the teaching of evolution; in other countries, there were lots of answers. All Brazilian teachers claimed the existence of conflict in the classroom, something less common in the other two countries. Only Brazilians indicate an internal conflict between scientific knowledge and religious when teaching biological evolution. This conflict helps how to explain the discrepancy between the answers to the questionnaire. Another possible explanation is the loss-making training about the issue. The Argentine and Uruguayan teachers reported that the biological evolution is contemplated without religious interference, unlike half of the Brazilians. The Uruguayan curriculum is more assertive about the subject, while in Argentina and Brazil, the curricula have a common ground, delegating to the states crucial points, therefore allowing distortions. We can conclude that the Brazilian teachers experience have a higher difficulty in the teaching of evolution, particularly in relation to religion, while this issue is far from the reality of the two other countries.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGEducaçãoEducaçãoPesquisa comparadaProfessoresCriacionismoReligiãoEvoluçãoDarwinismoLaicismoProfessores de Biologia e ensino de evolução: uma perspectiva comparativa em países com contraste de relação entre Estado e Igreja na América Latinainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese_heslley.pdfapplication/pdf2977982https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-A3HFBJ/1/tese_heslley.pdf1153f6d1c93c8a9c4ff805ca717ab56aMD51TEXTtese_heslley.pdf.txttese_heslley.pdf.txtExtracted texttext/plain550895https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-A3HFBJ/2/tese_heslley.pdf.txt8367838897b46b84d820c33c51dd8da7MD521843/BUBD-A3HFBJ2019-11-14 19:51:34.421oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-A3HFBJRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T22:51:34Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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