Aspectos relacionados ao tratamento da tuberculose e HIV/aids: abordagens qualitativa e quantitativa.

• Autor(a) principal: Natália Helena de Resende
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/48901; https://orcid.org/0000-0002-8553-1083
• topic: Tuberculose; HIV; Aids; Coinfecção; Efetividade; Farmacoterapia

A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) representa um grande desafio para o controle da tuberculose (TB) e a farmacoterapia de ambas as doenças é complexa. Este estudo teve como objetivo avaliar os aspectos relacionados ao tratamento da TB e do HIV/aids no acompanhamento dos pacientes coinfectados. Para atingir esse fim, ele foi organizado metodologicamente em quatro artigos: I- Análise de sobrevivência e dos fatores associados à efetividade do tratamento da TB em pacientes coinfectados com HIV/aids em uma coorte. II- Revisão sistemática da literatura com meta-análise sobre os inibidores da integrase (INI). III- Revisão integrativa dos problemas relacionados ao uso de medicamentos (PRM) no acompanhamento farmacoterapêutico de pacientes com TB, HIV/AIDS e na coinfecção. IV- Avaliação qualitativa da experiência subjetiva com uso de medicamentos e do abandono. No estudo de coorte realizado entre janeiro de 2015 e dezembro de 2019 foram acompanhados 244 pacientes, dos quais 58,2% não apresentaram efetividade do tratamento da TB, 12,3% foram a óbito e 11,1% abandonaram o tratamento. A supressão virológica no início do tratamento da TB (HR=1.961, IC=1.123- 3.422), a utilização prévia da terapia antirretroviral (HR= 1,68, IC =1,06-2,65), não ter tratado previamente a TB (HR=2.407, CI=1.197-3.501), não utilizar drogas ilícitas (HR= 1,77, IC =1,14-2,72) e utilizar o esquema básico da tuberculose (HR= 1,86, IC =1,08-3,21) foram variáveis significativas e associadas à cura segundo a análise de regressão de Cox. Não foram identificadas diferenças estatísticas entre os pacientes que utilizaram INI e outros esquemas antirretrovirais. Na revisão sistemática com metanálise não houve diferença significativa nos desfechos de eficácia, efetividade e segurança nos estudos que avaliaram efavirenz versus INI. Além disso, a utilização dos INI duas vezes ao dia compromete a adesão ao tratamento. O papel desses medicamentos deve ser melhor determinado por mais estudos de boa qualidade metodológica para avaliar sua eficácia, efetividade e segurança a longo prazo. Os PRM mais frequentes identificados por meio da revisão integrativa foram relacionados à segurança do medicamento e à indicação. Os estudos reforçaram que a intervenção farmacêutica pode reduzir o número de PRM e aumentar a qualidade do cuidado aos pacientes. Para o estudo qualitativo foram realizadas entrevistas de 81 pacientes. Na análise temática sobre a experiência com o uso de medicamentos se destacaram as experiências de adversidade e aspectos construídos socialmente. A resolutividade está associada ao entendimento de alívio dos sinais e sintomas e recuperação da saúde, entretanto os sentimentos de ambivalência permeiam os demais, podendo levar ao abandono do tratamento. Uma vez diagnosticado com TB, o tratamento oportuno e sem interrupções, independentemente da terapia antirretroviral utilizada proporciona o desfecho favorável, além da influência em fatores comportamentais, como o não uso de drogas ilícitas. Por serem pacientes com especificidades relacionadas ao tratamento medicamentoso, os profissionais de saúde devem ter atenção especial no processo de acompanhamento.