Da panela ao copo: a produção de cerveja caseira como prática de lazer

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Alessandro Rodrigo Pedrosos Tomasi
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B69HB7
Resumo: Acompanhando um movimento americano e europeu denominado Renascimento da Cerveja (The Craft Beer Renaissance, no original), bem como o movimento Slow Food, no Brasil a produção de cervejas artesanais teve início nos anos de 1990 e, a partir daquela época, foi possível observar a abertura de inúmeras cervejarias, bem como o advento da produção caseira e o aumento no número de estabelecimentos que passaram a vender as cervejas artesanais. O estado de Minas Gerais seguiu este movimento e, até o período de construção deste texto, possuía 41 micro cervejarias registradas, com 15 cervejarias na região metropolitana de Belo Horizonte, considerada a Bélgica Brasileira, perdendo em produção de litros apenas para o estado de Santa Catarina, maior produtor nacional. Os anos de 2010 foram um marco para a produção de cerveja caseira, quando pôde ser observado um boom no engajamento desta atividade, o que despertou o interesse deste estudo e estabeleceu a pergunta: por que os indivíduos se engajam na produção de cerveja caseira como prática de lazer?. Neste estudo com características etnográficas, buscou-se observar e descrever aspectos desta prática de lazer, associando o acompanhamento e vivência pessoal da produção de cerveja caseira e entrevistas com cervejeiros, estabelecendo a leitura deste contexto a partir de três hipóteses iniciais: os cervejeiros caseiros, enquanto sujeitos práticos, são um grupo social, na medida em que possuem características comuns; a produção de cerveja caseira é uma ocupação na qual os sujeitos se engajam, a fim de estabelecer processos de enfrentamento a uma organização de sociedade alienante e excludente e; é uma ocupação que, como ocupação, é edificadora do sujeito, na medida em que o sujeito complexo em seus desejos e necessidades é o ator principal do processo pois, enquanto tal, se constrói na elaboração e execução de seu lazer. A produção de cerveja caseira, neste estudo, foi tratada então como ocupação, a partir do referencial proposto pelo núcleo de conhecimento da terapia ocupacional e; como um fenômeno social, a partir do referencial materialista histórico dialético, ambos intrincados na formação do pesquisador. Os resultados encontrados durante o processo corroboraram com as hipóteses: como fenômeno social, foi possível constatar que os produtores de cerveja se conformam como grupo social e que, como tal, possuem em características culturais comuns que permitem certa marca no mundo; que é uma prática essencialmente masculina, a despeito da história da produção de cerveja e; burguesa, dado o contexto necessário para o seu desenvolvimento. Como ocupação, foi possível concluir que os cervejeiros caseiros percebem esta atividade de lazer associada diretamente à sua práxis, ou seja, permeada de sentidos e significados, que faz parte da construção sócio histórica individual e coletiva de cada cervejeiro e que, como elemento central da vida, permite a ressignificação do processo de ser e estar no mundo.
id UFMG_cb721e0fd8013b9387fbb1886c2e8d5b
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-B69HB7
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Rafael Fortes SoaresAlvaro Vicente Graça Truppel Pereira do CaboCoriolano Pereira da Rocha JuniorJose Alfredo Oliveira DebortoliRegina Celi Fonseca RibeiroAlessandro Rodrigo Pedrosos Tomasi2019-08-11T23:07:02Z2019-08-11T23:07:02Z2018-10-30http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B69HB7Acompanhando um movimento americano e europeu denominado Renascimento da Cerveja (The Craft Beer Renaissance, no original), bem como o movimento Slow Food, no Brasil a produção de cervejas artesanais teve início nos anos de 1990 e, a partir daquela época, foi possível observar a abertura de inúmeras cervejarias, bem como o advento da produção caseira e o aumento no número de estabelecimentos que passaram a vender as cervejas artesanais. O estado de Minas Gerais seguiu este movimento e, até o período de construção deste texto, possuía 41 micro cervejarias registradas, com 15 cervejarias na região metropolitana de Belo Horizonte, considerada a Bélgica Brasileira, perdendo em produção de litros apenas para o estado de Santa Catarina, maior produtor nacional. Os anos de 2010 foram um marco para a produção de cerveja caseira, quando pôde ser observado um boom no engajamento desta atividade, o que despertou o interesse deste estudo e estabeleceu a pergunta: por que os indivíduos se engajam na produção de cerveja caseira como prática de lazer?. Neste estudo com características etnográficas, buscou-se observar e descrever aspectos desta prática de lazer, associando o acompanhamento e vivência pessoal da produção de cerveja caseira e entrevistas com cervejeiros, estabelecendo a leitura deste contexto a partir de três hipóteses iniciais: os cervejeiros caseiros, enquanto sujeitos práticos, são um grupo social, na medida em que possuem características comuns; a produção de cerveja caseira é uma ocupação na qual os sujeitos se engajam, a fim de estabelecer processos de enfrentamento a uma organização de sociedade alienante e excludente e; é uma ocupação que, como ocupação, é edificadora do sujeito, na medida em que o sujeito complexo em seus desejos e necessidades é o ator principal do processo pois, enquanto tal, se constrói na elaboração e execução de seu lazer. A produção de cerveja caseira, neste estudo, foi tratada então como ocupação, a partir do referencial proposto pelo núcleo de conhecimento da terapia ocupacional e; como um fenômeno social, a partir do referencial materialista histórico dialético, ambos intrincados na formação do pesquisador. Os resultados encontrados durante o processo corroboraram com as hipóteses: como fenômeno social, foi possível constatar que os produtores de cerveja se conformam como grupo social e que, como tal, possuem em características culturais comuns que permitem certa marca no mundo; que é uma prática essencialmente masculina, a despeito da história da produção de cerveja e; burguesa, dado o contexto necessário para o seu desenvolvimento. Como ocupação, foi possível concluir que os cervejeiros caseiros percebem esta atividade de lazer associada diretamente à sua práxis, ou seja, permeada de sentidos e significados, que faz parte da construção sócio histórica individual e coletiva de cada cervejeiro e que, como elemento central da vida, permite a ressignificação do processo de ser e estar no mundo.Following an American and European movement named The Craft Beer Renaissance, such as the Slow Food Movement, in Brazil the craft beer started in 90s and, from that time, it was possible to watch the opening of many breweries, rise up of homebrewering and increase of emporiums that sells craft beers. Minas Gerais state follow those movements and, until this text has been produced, had 41 microbreweries registered, with 15 of those located on Belo Horizontes Metropolitan Area, considered the Brazilian Belgium and losing in liters production only to Santa Catarina state, biggest Brazilian national craft beer producer. The years of 2010 was a boundary for homebrewering, when has been possible to observe a boom on the implication with this activity, which rouse the interest for this study and stablished the question: why do people implicate themselves on homebrewering as a leisure practice?. In this study, with ethnographic characteristics, it was sought to observe and to describe that leisure practice using attendance and personal living in homebrewering such as interviews with homebrewers, making the interpretations of those contexts from three hypotheses: homebrewers, as practical subjects, are a social group, according as common characteristics; homebrew is an occupation which people involve, to stablish coping processes against a alienating and excluding society and; is an occupation and, as occupation, helps to construct the complex subject, which, in his wishes and needs is the main actor of the leisure process cause, such it is, construct himself while live the leisure. Homebrew, in this study, has been treated as occupation, just like purposed by Occupational Therapy theoretical references and; as a social phenomenon, from dialectical historical materialism, both of them a part of researchers academic life. The results found in the research process agrees with the hypotheses: as a social phenomenon, has been concluded that the homebrewers are a social group and, such it is, have common cultural characteristics that allow an impression in the world; is essentially a male practice, instead history in homebrew; is bourgeois, from the necessary context to its development. As an occupation, it was possible to conclude that the homebrewers notice this leisure practice straightly associated with their praxis, surrounded of meanings, as an important piece of their social and historical construction, such individual as collective and, as central part of life, allows the redetermination of being in the world.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGLazerCerveja ArtesanalCerveja CaseiraOcupaçãoLazerDa panela ao copo: a produção de cerveja caseira como prática de lazerinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALda_panela_ao_copo__a_produ__o_de_cerveja_como_pr_tica_de_lazer.pdfapplication/pdf1121306https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B69HB7/1/da_panela_ao_copo__a_produ__o_de_cerveja_como_pr_tica_de_lazer.pdfbf11a38b12aa1f88d5044c208fd2c77cMD51TEXTda_panela_ao_copo__a_produ__o_de_cerveja_como_pr_tica_de_lazer.pdf.txtda_panela_ao_copo__a_produ__o_de_cerveja_como_pr_tica_de_lazer.pdf.txtExtracted texttext/plain308376https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B69HB7/2/da_panela_ao_copo__a_produ__o_de_cerveja_como_pr_tica_de_lazer.pdf.txt4e587f98651bf7182812f9e7e9392338MD521843/BUOS-B69HB72019-11-14 05:17:21.014oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-B69HB7Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T08:17:21Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Da panela ao copo: a produção de cerveja caseira como prática de lazer
title Da panela ao copo: a produção de cerveja caseira como prática de lazer
spellingShingle Da panela ao copo: a produção de cerveja caseira como prática de lazer
Alessandro Rodrigo Pedrosos Tomasi
Cerveja Artesanal
Cerveja Caseira
Ocupação
Lazer
Lazer
title_short Da panela ao copo: a produção de cerveja caseira como prática de lazer
title_full Da panela ao copo: a produção de cerveja caseira como prática de lazer
title_fullStr Da panela ao copo: a produção de cerveja caseira como prática de lazer
title_full_unstemmed Da panela ao copo: a produção de cerveja caseira como prática de lazer
title_sort Da panela ao copo: a produção de cerveja caseira como prática de lazer
author Alessandro Rodrigo Pedrosos Tomasi
author_facet Alessandro Rodrigo Pedrosos Tomasi
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Rafael Fortes Soares
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Alvaro Vicente Graça Truppel Pereira do Cabo
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Coriolano Pereira da Rocha Junior
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Jose Alfredo Oliveira Debortoli
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Regina Celi Fonseca Ribeiro
dc.contributor.author.fl_str_mv Alessandro Rodrigo Pedrosos Tomasi
contributor_str_mv Rafael Fortes Soares
Alvaro Vicente Graça Truppel Pereira do Cabo
Coriolano Pereira da Rocha Junior
Jose Alfredo Oliveira Debortoli
Regina Celi Fonseca Ribeiro
dc.subject.por.fl_str_mv Cerveja Artesanal
Cerveja Caseira
Ocupação
Lazer
topic Cerveja Artesanal
Cerveja Caseira
Ocupação
Lazer
Lazer
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Lazer
description Acompanhando um movimento americano e europeu denominado Renascimento da Cerveja (The Craft Beer Renaissance, no original), bem como o movimento Slow Food, no Brasil a produção de cervejas artesanais teve início nos anos de 1990 e, a partir daquela época, foi possível observar a abertura de inúmeras cervejarias, bem como o advento da produção caseira e o aumento no número de estabelecimentos que passaram a vender as cervejas artesanais. O estado de Minas Gerais seguiu este movimento e, até o período de construção deste texto, possuía 41 micro cervejarias registradas, com 15 cervejarias na região metropolitana de Belo Horizonte, considerada a Bélgica Brasileira, perdendo em produção de litros apenas para o estado de Santa Catarina, maior produtor nacional. Os anos de 2010 foram um marco para a produção de cerveja caseira, quando pôde ser observado um boom no engajamento desta atividade, o que despertou o interesse deste estudo e estabeleceu a pergunta: por que os indivíduos se engajam na produção de cerveja caseira como prática de lazer?. Neste estudo com características etnográficas, buscou-se observar e descrever aspectos desta prática de lazer, associando o acompanhamento e vivência pessoal da produção de cerveja caseira e entrevistas com cervejeiros, estabelecendo a leitura deste contexto a partir de três hipóteses iniciais: os cervejeiros caseiros, enquanto sujeitos práticos, são um grupo social, na medida em que possuem características comuns; a produção de cerveja caseira é uma ocupação na qual os sujeitos se engajam, a fim de estabelecer processos de enfrentamento a uma organização de sociedade alienante e excludente e; é uma ocupação que, como ocupação, é edificadora do sujeito, na medida em que o sujeito complexo em seus desejos e necessidades é o ator principal do processo pois, enquanto tal, se constrói na elaboração e execução de seu lazer. A produção de cerveja caseira, neste estudo, foi tratada então como ocupação, a partir do referencial proposto pelo núcleo de conhecimento da terapia ocupacional e; como um fenômeno social, a partir do referencial materialista histórico dialético, ambos intrincados na formação do pesquisador. Os resultados encontrados durante o processo corroboraram com as hipóteses: como fenômeno social, foi possível constatar que os produtores de cerveja se conformam como grupo social e que, como tal, possuem em características culturais comuns que permitem certa marca no mundo; que é uma prática essencialmente masculina, a despeito da história da produção de cerveja e; burguesa, dado o contexto necessário para o seu desenvolvimento. Como ocupação, foi possível concluir que os cervejeiros caseiros percebem esta atividade de lazer associada diretamente à sua práxis, ou seja, permeada de sentidos e significados, que faz parte da construção sócio histórica individual e coletiva de cada cervejeiro e que, como elemento central da vida, permite a ressignificação do processo de ser e estar no mundo.
publishDate 2018
dc.date.issued.fl_str_mv 2018-10-30
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-11T23:07:02Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-11T23:07:02Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B69HB7
url http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B69HB7
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B69HB7/1/da_panela_ao_copo__a_produ__o_de_cerveja_como_pr_tica_de_lazer.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B69HB7/2/da_panela_ao_copo__a_produ__o_de_cerveja_como_pr_tica_de_lazer.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv bf11a38b12aa1f88d5044c208fd2c77c
4e587f98651bf7182812f9e7e9392338
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589144928059392