Processos de imitação das ações de cuidado pelos bebês na educação infantil

• Autor(a) principal: Larissa Monique de Souza Almeida Ribeiro
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/48810
• topic: Bebês; Cuidado; Imitação; Educação infantil; Abordagem histórico-cultural; Etnografia em educação; Educação; Crianças; Cuidados; Imitação; Educação infantil

Esta tese buscou compreender a gênese dos processos de imitação das ações de cuidado pelos bebês durante as vivências de práticas coletivas de educação e cuidado em uma Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI Ciranda) em Belo Horizonte. Baseamos nossas concepções teóricas e metodológicas em princípios da Abordagem Histórico-Cultural (VIGOTSKI, 1929; 1934/2010; TOMASELLO, 2003; 2005) e da Etnografia em Educação (GREEN; DIXON; ZAHARLICK, 2005). A Abordagem Histórico-Cultural permite entender que o homem é um agregado de relações sociais construído dialogicamente com o Outro. Em um viés dialético, o interesse está no processo de mudanças e transformações e no que ele desencadeia na constituição humana. A Etnografia em Educação é compreendida como uma lógica de investigação, uma epistemologia que envolve reconhecimento do Outro, para subsidiar a descrição dos modos de vida do grupo social pesquisado. Nossa defesa é a de que, como fator essencial, imitar pressupõe uma determinada compreensão do significado da ação do outro, ou seja, é a base pela qual o homem se apropria do conhecimento e desenvolve-se como humano (VIGOTSKI, 1934/2010). Logo, a imitação é uma atividade voltada para algum objetivo que, a partir da percepção e ação no mundo, os bebês se apropriam da ação intencional do adulto e criam meios para alcançá-lo, representando a sua entrada no mundo cultural com e por intermédio do Outro (TOMASELLO, 2003). A investigação de campo deu-se em uma turma de bebês ao longo de dois anos (2017-2018). Identificamos, no grupo pesquisado, diferentes formas de apropriação cultural na interação entre os pares, os adultos, as materialidades e as linguagens. Analisamos, de forma mais específica, a construção de uma narrativa em torno do cuidado partilhado entre eles, evidenciado através da expressão corporal, gestos, movimentos, carinhos compartilhados, em um processo estruturado e repetido de práticas de cuidado que assumiram centralidade. A análise dos eventos aponta para a tese de que a imitação é uma atividade complexa que sintetiza diversas funções culturais durante as interações nos contextos de educação e cuidado coletivos. Caracteriza-se como uma das vias fundantes do desenvolvimento cultural dos bebês que engendra as vivências e possibilita ações no campo perceptivo e imaginário, nas interações estabelecidas nas práticas sociais (entre pares, adultos e materialidades). Nesse sentido, a imitação é constituída pela unidade [afeto/cognição social situada/culturas/linguagens em uso (ACCL)] (GOMES; NEVES, 2021).