Definido fraco e definido genérico: duas faces do mesmo fenômeno? Uma investigação experimental

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Thais Maira Machado de Sa
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/RMSA-ALTQC8
Resumo: Nos últimos anos, vem acontecendo um produtivo debate sobre a semântica apropriada dos definidos fracos (Beyssade e Oliveira, 2013). Carlson and Sussman (2005) propuseram que alguns definidos, os quais denominaram definidos fracos, não apresentam a propriedade de unicidade (uniqueness), que é a propriedade definidora dos sintagmas nominais definidos. Neste trabalho de tese, focamos na teoria de Carlson et al. (2013), que propõem que definidos fracos se referem a eventos em estruturas incorporadas, e, principalmente, em Aguilar-Guevara and Zwarts (2011, 2013), que propõem que definidos fracos são na verdade um DP genérico, em que o nome denota um tipo. Ao contrário dos trabalhos originais que focam em uma descrição formal, realizamos uma pesquisa empírica projetada para avaliar a hipótese se definidos fracos são interpretados como genéricos. Realizamos uma análise de Corpus em português brasileiro (PB) e quatro experimentos em inglês americano (IA) com o objetivo de comparar interpretações para definidos fracos, genéricos e regulares. No corpus, 2196 ocorrências de NPs definidos foram analisadas, em que observamos a função sintática do DP (sujeito, objeto, adjunto) e seu aspecto lexical (atividade, estado, télico). Os resultados levam à interessante conclusão de que, de acordo com nosso critério de categorização, DP fracos ocorrem mais frequentemente do que genéricos, e que também ocorrem na posição de sujeito, adjuntos, ao contrário do que as teorias aqui analisadas previam. Os experimentos realizados foram baseados na ideia de que a teoria do genérico que prediz que fracos e genéricos devem apresentar padrões semelhantes, enquanto a teoria da incorporação prediz todos apresentam padrões diferentes. Construímos 54 sentenças com um verbo de evento ou atividade, das quais 18 possuíam um objeto que poderia ser interpretado como definido fraco, genérico ou regular. O primeiro experimento empregou um julgamento de sentença, no qual 90 MTurkers deveriam avaliar se os substantivos nas sentenças poderiam ser julgados como um indivíduo ou como uma categoria, os fracos foram julgados mais como indivíduos, os genéricos como categoria. O segundo experimento utilizou uma tarefa de decisão forçada com reaplicação em PB, em que genéricos apresentaram uma significativa preferência por uma introdução de um nome novo, diferindo mais uma vez dos definidos fracos. No terceiro experimento, de completação livre, a proporção de continuações com a repetição da palavra alvo ocorreu em menor frequência para fracos, que seriam incorporados. O quarto experimento era uma tarefa de completação forçada, em que observamos que a forma do nome nu plural foi apenas utilizada nos genéricos. Argumentamos que todos os resultados sustentam que definidos genéricos apresentam um padrão diferente em relação aos fracos, constituindo uma categoria de expressões nominais definidas .
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Ao contrário dos trabalhos originais que focam em uma descrição formal, realizamos uma pesquisa empírica projetada para avaliar a hipótese se definidos fracos são interpretados como genéricos. Realizamos uma análise de Corpus em português brasileiro (PB) e quatro experimentos em inglês americano (IA) com o objetivo de comparar interpretações para definidos fracos, genéricos e regulares. No corpus, 2196 ocorrências de NPs definidos foram analisadas, em que observamos a função sintática do DP (sujeito, objeto, adjunto) e seu aspecto lexical (atividade, estado, télico). Os resultados levam à interessante conclusão de que, de acordo com nosso critério de categorização, DP fracos ocorrem mais frequentemente do que genéricos, e que também ocorrem na posição de sujeito, adjuntos, ao contrário do que as teorias aqui analisadas previam. Os experimentos realizados foram baseados na ideia de que a teoria do genérico que prediz que fracos e genéricos devem apresentar padrões semelhantes, enquanto a teoria da incorporação prediz todos apresentam padrões diferentes. Construímos 54 sentenças com um verbo de evento ou atividade, das quais 18 possuíam um objeto que poderia ser interpretado como definido fraco, genérico ou regular. O primeiro experimento empregou um julgamento de sentença, no qual 90 MTurkers deveriam avaliar se os substantivos nas sentenças poderiam ser julgados como um indivíduo ou como uma categoria, os fracos foram julgados mais como indivíduos, os genéricos como categoria. O segundo experimento utilizou uma tarefa de decisão forçada com reaplicação em PB, em que genéricos apresentaram uma significativa preferência por uma introdução de um nome novo, diferindo mais uma vez dos definidos fracos. No terceiro experimento, de completação livre, a proporção de continuações com a repetição da palavra alvo ocorreu em menor frequência para fracos, que seriam incorporados. O quarto experimento era uma tarefa de completação forçada, em que observamos que a forma do nome nu plural foi apenas utilizada nos genéricos. Argumentamos que todos os resultados sustentam que definidos genéricos apresentam um padrão diferente em relação aos fracos, constituindo uma categoria de expressões nominais definidas .For the last few years there has been a productive debate about the proper semantics ofweak definites (Beyssade and Oliveira, 2013). Carlson and Sussman (2005) proposedthat some definites, which they termed weak definites lack the uniqueness property thatis a defining property of regular definite noun phrases. In this investigation, we focus onCarlson et al. (2013) who propose that weak definites refer to events in incorporatedstructures, and mainly on Aguilar-Guevara and Zwarts (2011, 2013), who propose thatweak definites in an incorporated structures are a generic DP and the noun denotes akind, which accounts for its lack of individual reference. While those authors focus onformal descriptons, the current research is an empirical investigation which was designedto evaluate the hypothesis that weak definites are interpreted as generics. We conducted acorpus analysis in Brazilian Portuguese (BP) and four experiments in American English(AE), with the goal of comparing weak definite, regular definite and generic definiteinterpretations. In the corpus analysis, 2196 definite phrase occurrences were analyzed.We observed the DPs syntactic function (subject, object, adjunct) and the lexical aspect(activity, state, telic). As result, we present an interesting finding which is that, accordingto the categorization criteria employed here, weak DPs occur more than the generic ones.Another interesting finding is that the weak definites appear as subjects and that itappears as adjuncts as much as objects. The experiments were based on the idea that thegeneric hypothesis predicts that weak definites and generics should pattern together, theincorporation hypothesis predicts that they all should pattern differently from each other.We constructed 54 sentences with an event or activity verbal phrase, 18 of which had anobject that could have a weak, generic or regular interpretation. Experiment 1 used asentence judgement in which 90 MTurkers would evaluate if the nouns in the sentencescould be judge as an individual or a category, and weak definites were more similar toregular definites, as individual, and generics as category. Experiment 2 used a forced choicetask, with replication in BP, and generic definites show a significant preference for a newnoun continuation, which differs from weak. In experiment 3, we ran a free completiontask, and the proportion of continuations with the repetition of the target word wereless frequent on the weak condition, because they are incorporated. Experiment 4 used aforced completion task, and the bare plural form was only used in the generic condition.We argue that all results support that generic definites present a different pattern fromweak ones, constituting a category of definite noun phrases.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGLingüísticaPsicolingüísticalinguística experimentalpsicolinguísticadefinitudedefinido fracodefinido genéricoDefinido fraco e definido genérico: duas faces do mesmo fenômeno? 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