Eis que, Posto que e Vez que como conectivos causais: variação e padronização no Português do Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Renaldo César Bueno Alves da Silva
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/LETR-AYMHNS
Resumo: Nesta dissertação, fundamentada na Sociolinguística (LABOV, 1972), examinou-se a realização de variantes conservadoras e inovadoras da variável <conectivos causais no português contemporâneo do Brasil> em três diferentes grupos de textos (judiciais, jornalísticos e técnico-científicos de áreas não jurídicas), bem como discutiu-se a possibilidade e a conveniência de se estabelecer uma única variedade padrão para o português escrito no Brasil. O objetivo precípuo foi testar a hipótese de que as expressões EIS QUE, POSTO QUE e VEZ QUE, empregadas como variantes inovadoras de conectivos causais, ocorrem exclusiva ou preponderantemente em textos redigidos por magistrados, por seus assessores e por seus assistentes, em comparação com textos jornalísticos e técnico-científicos de áreas não jurídicas. Tais locuções são itens funcionais (COELHO; VITRAL, 2010, p. 79), resultam de processos de gramaticalização (HOPPER; TRAUGOTT, 2003) e diferem de termos e expressões que usualmente se abrigam sob o rótulo de juridiquês e que se referem, grosso modo, a itens lexicais do português e a termos e expressões em latim aplicados a fatos e a situações próprios do universo jurídico. O procedimento metodológico consistiu em: selecionar amostras que contivessem número total de palavras idêntico em cada coletânea de textos; identificar as ocorrências de variantes causais inovadoras e conservadoras nos textos selecionados; registrar as ocorrências em quadros criados para esse fim; apurar a frequência absoluta e relativa das variantes em cada obra pesquisada, em cada grupo de textos e no total dos três conjuntos de textos. A análise dos dados revelou que os termos EIS QUE e VEZ QUE, como variantes de conectivos causais, ocorrem somente no grupo de textos judiciais. Por outro lado, a locução POSTO QUE, com sentido causal, é também encontrada no conjunto de textos jornalísticos e na coletânea de textos técnico-científicos, mas em frequência menor do que no grupamento de textos judiciais. Observou-se, ainda, que as variantes conservadoras causais da variável <conectivos causais no português contemporâneo do Brasil> também não se realizam de maneira uniforme nos três conjuntos de textos. Como os corpora desta pesquisa se enquadram no que se entende como língua padrão escrita (ROCHA, 2002, p. 67), as conclusões decorrentes dos dados analisados serviram como oportuno pretexto para o reexame da histórica controvérsia sobre padronização linguística no Brasil.
id UFMG_d42006982227058ead57606e3a0c787b
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/LETR-AYMHNS
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Maria do Carmo ViegasSueli Maria CoelhoPâmella Alves PereiraRenaldo César Bueno Alves da Silva2019-08-11T21:49:11Z2019-08-11T21:49:11Z2018-04-20http://hdl.handle.net/1843/LETR-AYMHNSNesta dissertação, fundamentada na Sociolinguística (LABOV, 1972), examinou-se a realização de variantes conservadoras e inovadoras da variável <conectivos causais no português contemporâneo do Brasil> em três diferentes grupos de textos (judiciais, jornalísticos e técnico-científicos de áreas não jurídicas), bem como discutiu-se a possibilidade e a conveniência de se estabelecer uma única variedade padrão para o português escrito no Brasil. O objetivo precípuo foi testar a hipótese de que as expressões EIS QUE, POSTO QUE e VEZ QUE, empregadas como variantes inovadoras de conectivos causais, ocorrem exclusiva ou preponderantemente em textos redigidos por magistrados, por seus assessores e por seus assistentes, em comparação com textos jornalísticos e técnico-científicos de áreas não jurídicas. Tais locuções são itens funcionais (COELHO; VITRAL, 2010, p. 79), resultam de processos de gramaticalização (HOPPER; TRAUGOTT, 2003) e diferem de termos e expressões que usualmente se abrigam sob o rótulo de juridiquês e que se referem, grosso modo, a itens lexicais do português e a termos e expressões em latim aplicados a fatos e a situações próprios do universo jurídico. O procedimento metodológico consistiu em: selecionar amostras que contivessem número total de palavras idêntico em cada coletânea de textos; identificar as ocorrências de variantes causais inovadoras e conservadoras nos textos selecionados; registrar as ocorrências em quadros criados para esse fim; apurar a frequência absoluta e relativa das variantes em cada obra pesquisada, em cada grupo de textos e no total dos três conjuntos de textos. A análise dos dados revelou que os termos EIS QUE e VEZ QUE, como variantes de conectivos causais, ocorrem somente no grupo de textos judiciais. Por outro lado, a locução POSTO QUE, com sentido causal, é também encontrada no conjunto de textos jornalísticos e na coletânea de textos técnico-científicos, mas em frequência menor do que no grupamento de textos judiciais. Observou-se, ainda, que as variantes conservadoras causais da variável <conectivos causais no português contemporâneo do Brasil> também não se realizam de maneira uniforme nos três conjuntos de textos. Como os corpora desta pesquisa se enquadram no que se entende como língua padrão escrita (ROCHA, 2002, p. 67), as conclusões decorrentes dos dados analisados serviram como oportuno pretexto para o reexame da histórica controvérsia sobre padronização linguística no Brasil.In this dissertation, based on Sociolinguistics (LABOV, 1972), the occurrence of conservative and innovative variants of the variable <causative connectors in Brazils contemporary Portuguese language> in three different groups of texts (judicial, journalistic and technical-scientific of non-legal areas) was examined, and the possibility and convenience of establishing a single standard variety to the written Portuguese language in Brazil was also discussed. The aim of this research was to verify the hypothesis that the expressions EIS QUE, POSTO QUE and VEZ QUE, used as innovative variants of causative connectors, occur exclusively or predominantly in texts written by magistrates, their advisors and their assistants, compared to journalistic and technical-scientific texts of non-legal areas. These locutions are functional (COELHO; VITRAL, 2010, p. 79), result from grammaticalization processes (HOPPER; TRAUGOTT, 2003), and differ from terms and expressions which are usually placed under the label juridiquês (neologism in vogue in Brazil to designate the unnecessary and excessive use of legal jargon and technical terms of law) and that roughly refer to the lexical items of the Portuguese language and to the Latin terms and expressions applied to facts and specific situations of the universe of law. The methodological procedure has consisted in: selecting samples which had got the same total number of words in each collection of texts; identifying the occurrences of innovative and conservative causative variants in the selected texts; recording occurrences in tables created for this purpose; determining the absolute and relative frequency of the variants in each searched work, in each group of texts and in the total of three sets of texts. The analysis of the data revealed that the terms EIS QUE and VEZ QUE, as variants of causative connectors, only occur in the group of judicial texts. On the other hand, the locution POSTO QUE, with causative sense, is also found in the set of journalistic texts and in the collection of technical-scientific texts, but in a lower frequency than in the group of judicial texts. It was also observed that the conservative causative variants of the variable <causative connectors in Brazils contemporary Portuguese language> do not perform consistently in the three sets of texts. As the corpora of this research fit into what is understood as written standard language (ROCHA, 2002, p. 67), the conclusions derived from the analyzed data have served as a suitable pretext to the reexamination of the historical controversy on linguistic standardization in Brazil.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGMudanças lingüísticasLíngua portuguesa VariaçãoSociolinguísticaEIS QUEPOSTO QUEVEZ QUEVariação LinguísticaPadronização LinguísticaConectivos CausaisEis que, Posto que e Vez que como conectivos causais: variação e padronização no Português do Brasilinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINAL1870m.pdfapplication/pdf2786571https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/LETR-AYMHNS/1/1870m.pdfdddbe3d807be6bff0bb95838a2c78e5fMD51TEXT1870m.pdf.txt1870m.pdf.txtExtracted texttext/plain545250https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/LETR-AYMHNS/2/1870m.pdf.txt2a3dc1b1f48452be801c914e7cd8ae49MD521843/LETR-AYMHNS2019-11-14 05:53:02.641oai:repositorio.ufmg.br:1843/LETR-AYMHNSRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T08:53:02Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Eis que, Posto que e Vez que como conectivos causais: variação e padronização no Português do Brasil
title Eis que, Posto que e Vez que como conectivos causais: variação e padronização no Português do Brasil
spellingShingle Eis que, Posto que e Vez que como conectivos causais: variação e padronização no Português do Brasil
Renaldo César Bueno Alves da Silva
EIS QUE
POSTO QUE
VEZ QUE
Variação Linguística
Padronização Linguística
Conectivos Causais
Mudanças lingüísticas
Língua portuguesa Variação
Sociolinguística
title_short Eis que, Posto que e Vez que como conectivos causais: variação e padronização no Português do Brasil
title_full Eis que, Posto que e Vez que como conectivos causais: variação e padronização no Português do Brasil
title_fullStr Eis que, Posto que e Vez que como conectivos causais: variação e padronização no Português do Brasil
title_full_unstemmed Eis que, Posto que e Vez que como conectivos causais: variação e padronização no Português do Brasil
title_sort Eis que, Posto que e Vez que como conectivos causais: variação e padronização no Português do Brasil
author Renaldo César Bueno Alves da Silva
author_facet Renaldo César Bueno Alves da Silva
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Maria do Carmo Viegas
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Sueli Maria Coelho
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Pâmella Alves Pereira
dc.contributor.author.fl_str_mv Renaldo César Bueno Alves da Silva
contributor_str_mv Maria do Carmo Viegas
Sueli Maria Coelho
Pâmella Alves Pereira
dc.subject.por.fl_str_mv EIS QUE
POSTO QUE
VEZ QUE
Variação Linguística
Padronização Linguística
Conectivos Causais
topic EIS QUE
POSTO QUE
VEZ QUE
Variação Linguística
Padronização Linguística
Conectivos Causais
Mudanças lingüísticas
Língua portuguesa Variação
Sociolinguística
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Mudanças lingüísticas
Língua portuguesa Variação
Sociolinguística
description Nesta dissertação, fundamentada na Sociolinguística (LABOV, 1972), examinou-se a realização de variantes conservadoras e inovadoras da variável <conectivos causais no português contemporâneo do Brasil> em três diferentes grupos de textos (judiciais, jornalísticos e técnico-científicos de áreas não jurídicas), bem como discutiu-se a possibilidade e a conveniência de se estabelecer uma única variedade padrão para o português escrito no Brasil. O objetivo precípuo foi testar a hipótese de que as expressões EIS QUE, POSTO QUE e VEZ QUE, empregadas como variantes inovadoras de conectivos causais, ocorrem exclusiva ou preponderantemente em textos redigidos por magistrados, por seus assessores e por seus assistentes, em comparação com textos jornalísticos e técnico-científicos de áreas não jurídicas. Tais locuções são itens funcionais (COELHO; VITRAL, 2010, p. 79), resultam de processos de gramaticalização (HOPPER; TRAUGOTT, 2003) e diferem de termos e expressões que usualmente se abrigam sob o rótulo de juridiquês e que se referem, grosso modo, a itens lexicais do português e a termos e expressões em latim aplicados a fatos e a situações próprios do universo jurídico. O procedimento metodológico consistiu em: selecionar amostras que contivessem número total de palavras idêntico em cada coletânea de textos; identificar as ocorrências de variantes causais inovadoras e conservadoras nos textos selecionados; registrar as ocorrências em quadros criados para esse fim; apurar a frequência absoluta e relativa das variantes em cada obra pesquisada, em cada grupo de textos e no total dos três conjuntos de textos. A análise dos dados revelou que os termos EIS QUE e VEZ QUE, como variantes de conectivos causais, ocorrem somente no grupo de textos judiciais. Por outro lado, a locução POSTO QUE, com sentido causal, é também encontrada no conjunto de textos jornalísticos e na coletânea de textos técnico-científicos, mas em frequência menor do que no grupamento de textos judiciais. Observou-se, ainda, que as variantes conservadoras causais da variável <conectivos causais no português contemporâneo do Brasil> também não se realizam de maneira uniforme nos três conjuntos de textos. Como os corpora desta pesquisa se enquadram no que se entende como língua padrão escrita (ROCHA, 2002, p. 67), as conclusões decorrentes dos dados analisados serviram como oportuno pretexto para o reexame da histórica controvérsia sobre padronização linguística no Brasil.
publishDate 2018
dc.date.issued.fl_str_mv 2018-04-20
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-11T21:49:11Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-11T21:49:11Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/LETR-AYMHNS
url http://hdl.handle.net/1843/LETR-AYMHNS
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/LETR-AYMHNS/1/1870m.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/LETR-AYMHNS/2/1870m.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv dddbe3d807be6bff0bb95838a2c78e5f
2a3dc1b1f48452be801c914e7cd8ae49
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589161859416064