Sapore, Sapere: por uma poética dos cinco sentidos em Italo Calvino

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bruna Fontes Ferraz
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/LETR-AY6GQ3
Resumo: Ao comentar sobre o livro que estava escrevendo que abordaria os cinco sentidos, Italo Calvino afirmou que o homem contemporâneo havia perdido o uso deles. Esse livro, que veio a ser publicado postumamente com o título de Sob o sol jaguar, suscitou reflexões que nortearam este trabalho em seu propósito de investigar a relação entre os cinco sentidos e a linguagem na obra do escritor italiano. A partir de indagações sobre a possível atrofia dos sentidos e o declínio da experiência no homem moderno, problematiza-se se a linguagem tornaria o homem insensível aos estímulos externos, ou se ela permitiria que as experiências sensíveis se tornassem acessíveis a ele. A palavra, ao criar um universo sensível à parte, pautado na ausência do referente, não nos deixaria esquecer o ausente, complementando-o com sua força conotativa. Assim, tanto os objetos quanto os signos que os representam podem exercer uma ação física sobre o nosso corpo: uma palavra pode estimular sentidos e despertar memórias; ficamos literalmente tocados por um texto. Para alcançar essa sensação de concretude, para que a palavra evoque seu referente, tornando-se um vestígio dele, a linguagem deve ser usada com precisão, buscando descrever uma gama de sensações. Calvino, o escritor míope, escrevia do fundo do opaco, completando as partes obscuras e nebulosas com sua imaginação. Ampliando as perspectivas que associam o escritor italiano a uma vertente mais intelectualista e racionalista, procura-se evidenciar o lado sensorial de alguns textos de Calvino, o qual também exercitou uma linguagem sensível, recorrendo aos cinco sentidos, ao sapore do mundo, para alcançar múltiplos saberes.
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