Jacques Lacan o inconsciente, do sentido do significante ao gozo da letra: um estudo teórico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Everton Fernandes Cordeiro
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-A4RF4C
Resumo: Esta dissertação pretende explorar o conceito de inconsciente, a partir das elaborações trazidas por Jacques Lacan, localizando alguns dos giros teóricos, por meio dos quais o psicanalista francês vai do sentido do significante ao gozo da letra. Nesse percurso, buscou - se investigar como o referido conceito se coloca a partir das diferenciações operadas por Lacan entre a letra e o significante. Nos anos 1950, sob o aforismo do inconsciente estruturado como linguagem, encontramos uma noção de inconsciente condicionada pela cadeia significante. Sob outra perspectiva, em O Seminário, livro11, ele será descrito como hiância. Assim, a noção de inconsciente transindividual ou intersubjetivo, posteriormente retificada em favor da promoção do inconsciente como discurso advindo do campo do Outro, em uma perspectiva distanciada da pulsão, dá lugar a um inconsciente pulsátil, pulsional, referindo - se a uma aliança entre o simbólico e a pulsão, entre o inconsciente estruturado como linguagem e o gozo. O inconsciente é descrito como homólogo a uma zona erógena, a uma borda que se abre e se fecha, marcada pela hiância de uma pulsação temporal. Em O Seminário, livro 17, temos o inconsciente como um saber articulado e não sabido pelo sujeito, mas que o desconcerta quando encontrado. Após esse primeiro achado, Freud descobre que existe algo além do princípio do prazer, cujo dado essencial, ele o constata na compulsão à repetição. Nela, não se trata de um recomeço, mas, de um traço, na medida em que comemora uma irrupção do gozo, diz Lacan. Nos anos 1970, ao melhor distinguir o campo da letra do campo do significante, não somente do ponto de vista de sua literalidade e como estrutura localizada do significante, mas também, como elemento que vincula algo da ordem do gozo, Lacan nos propõe pensar o inconsciente como letra. Assim, a partir da concepção dos Uns do enxame de significantes no inconsciente (S1, S1, S1, S1) desarticulados entre si, estar-se-ia, então, sob a perspectiva de um inconsciente letrificado, não estruturado pela cadeia de significantes, haja vista a possibilidade de a letra trazer a dimensão da noção de lalíngua que evidencia o gozo entrevisto no sem sentido dos significantes. Como desdobramento, apresentamos ao fim desse estudo, uma discussão contemporânea que tem sido construída acerca de dois estatutos do inconsciente: real e transferencial.
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Assim, a noção de inconsciente transindividual ou intersubjetivo, posteriormente retificada em favor da promoção do inconsciente como discurso advindo do campo do Outro, em uma perspectiva distanciada da pulsão, dá lugar a um inconsciente pulsátil, pulsional, referindo - se a uma aliança entre o simbólico e a pulsão, entre o inconsciente estruturado como linguagem e o gozo. O inconsciente é descrito como homólogo a uma zona erógena, a uma borda que se abre e se fecha, marcada pela hiância de uma pulsação temporal. Em O Seminário, livro 17, temos o inconsciente como um saber articulado e não sabido pelo sujeito, mas que o desconcerta quando encontrado. Após esse primeiro achado, Freud descobre que existe algo além do princípio do prazer, cujo dado essencial, ele o constata na compulsão à repetição. Nela, não se trata de um recomeço, mas, de um traço, na medida em que comemora uma irrupção do gozo, diz Lacan. Nos anos 1970, ao melhor distinguir o campo da letra do campo do significante, não somente do ponto de vista de sua literalidade e como estrutura localizada do significante, mas também, como elemento que vincula algo da ordem do gozo, Lacan nos propõe pensar o inconsciente como letra. Assim, a partir da concepção dos Uns do enxame de significantes no inconsciente (S1, S1, S1, S1) desarticulados entre si, estar-se-ia, então, sob a perspectiva de um inconsciente letrificado, não estruturado pela cadeia de significantes, haja vista a possibilidade de a letra trazer a dimensão da noção de lalíngua que evidencia o gozo entrevisto no sem sentido dos significantes. Como desdobramento, apresentamos ao fim desse estudo, uma discussão contemporânea que tem sido construída acerca de dois estatutos do inconsciente: real e transferencial.Cette étude vise à explorer le concept de l'inconscient à partir des élaborations apportées par Jacques Lacan, en localisant quelques - uns des tours théoriques parmi lesquels Le psychanalyste français va, avec le concept de l'inconscient, de la signification du signifiant à la jouissance de la lettre. Dans cette démarche, nous avons cherché à étudier comment le concept de l'inconscient est posé travers les différenciations effectuées par Lacan entre La lettre et le signifiant. Dans les années 1950, sous l'aphorisme sur l'inconscient structure comme un langage, nous trouvons une notion de l'inconscient conditionnée par la chaîne signifiante. Dans une autre perspective, dans Le Séminaire, livre 11, l'inconscient ne sera pasdécrit de la façon antérieure, mais comme béance. Ainsi, la notion d'un inconscient transindividuel ou intersubjectif, plus tard rectifiée pour la promotion de l'inconscient comme discours provenant du domaine de l'Autre, dans une perspective distanciée de la pulsion, cede la place à un inconscient pulsatif, pulsionnel, en faisant référence à une alliance entre Le symbolique et la pulsion, entre l'inconscient structuré comme un langage et la jouissance. L'inconscient est décrit comme homologue à une zone é rogène, un bord qui s'ouvre et se ferme, marqué par l'hiance d'une pulsation temporelle. Dans Le Séminaire, livre 17, nous avons l'inconscient comme un savoir articulé, non connu par le sujet, mais le déconcertant lorsque le sujet le trouve. Après cette première constatation, Freud découvre qu'il y a quelque chose au - delà du principe de plaisir, dont le fait essentiel, il le trouve dans la compulsion derépétition. Ici, il ne s'agit pas d'un nouveau départ, mais d'un trait, dans la mesure où une irruption de la jouissance est célébrée, dit Lacan. Dans les années 1970, afin de mieux distinguer le domaine de la lettre de celui du signifiant, non seulement du point de vue de salittéralité et en tant que structure localisée du signifiant, mais aussi comme un élément quirelie quelque chose de l'ordre de la jouissance, Lacan propose de penser l'inconscient comme lettre. Ainsi, depuis la conception des Uns de l'essaim de signifiants dans l'inconscient (S1,S1, S1, S1) désarticulés entre eux, il serait, alors, dans la perspective d'un inconscient comme lettre, pas structuré par la chaîne de signifiants, étant donnée la possibilité de la lettre apporter la dimension de la notion de lalangue montrant la jouissance entrevue dans la manque de sensdes signifiants. Dans le prolongement, nous présentons à la fin de cette étude une discussion contemporaine qui a été construit sur deux status de l'inconscientes: réel et transferenciel.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGInconscienteLacan, Jacques, 1901-1981PsicologiaSimbólicoInconscienteLetraRealLalínguaSignificanteGozoJacques Lacan o inconsciente, do sentido do significante ao gozo da letra: um estudo teóricoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdissertacaoevertonfcordeiro2015.pdfapplication/pdf1633369https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-A4RF4C/1/dissertacaoevertonfcordeiro2015.pdf46c3348cdee70fbb6952129b5d4fa743MD51TEXTdissertacaoevertonfcordeiro2015.pdf.txtdissertacaoevertonfcordeiro2015.pdf.txtExtracted texttext/plain332437https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-A4RF4C/2/dissertacaoevertonfcordeiro2015.pdf.txt9b44413d87219965da0015e2f6d2c7faMD521843/BUOS-A4RF4C2019-11-14 15:44:49.007oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-A4RF4CRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T18:44:49Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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