Da arte de (re)posicionar-se: educação musical superior e construções de identidades profissionais de bacharéis em música que atuam no ensino

• Autor(a) principal: Euridiana Silva Souza
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/32239
• topic: Bacharelado em Música; Educação Musical Superior; Identidade Profissional; Currículo como prática; Carreira em música; Música; Educação musical; Música - Instrução e estudo; Formação profissional

O trabalho e a formação de músicos profissionais perpassam diferentes caminhos, uma vez que música, enquanto área de conhecimento, prática social, é concebida partindo do conhecimento prático – do saber-fazer. A carreira em música é caracterizada por atuações múltiplas, trabalhos fragmentados e, muitas vezes, instáveis. Tal realidade propicia a construção de diferentes identidades profissionais nos egressos do curso superior da área. Com o objetivo de investigar a influência do curso superior na formação destas identidades em bacharéis que atuam no ensino, este estudo foi desenhado cruzando dados da formação universitária e da experiência formativa e profissional de egressos de quatro instituições de ensino superior públicas no sudeste do Brasil: Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Faculdade de Música do Espírito Santo (FAMES). Os documentos para análise foram coletados nos sites das IES – projetos pedagógicos, ementas das disciplinas, grades curriculares – e em questionários online aplicados à 42 graduados nestas instituições. As análises tiveram por base de reflexão as categorias analíticas que constituem a equação da prática (BOURDIEU, 2008): [(habitus) (capital)] + campo = prática. Tal estrutura analítica permitiu localizar habitus profissionais e acadêmicos que ressaltaram as disparidades entre a formação superior e as realidades do mercado de trabalho em música. Emergiram das análises três discussões principais: 1) Sobre os modelos de carreira em música, que produzem multisujeitos atuantes em trajetórias não previsíveis. 2) Sobre os modelos de formação curricular, e as possibilidades oferecidas pelas instituições, favorecendo a reprodução de modelos colonialistas ou permitindo outras formações. 3) A atuação no mercado de ensino e assunção das identidades de professor e educador musical. As discussões apontaram: as lacunas entre o formação universitária e as realidades experienciadas no mercado de trabalho em música; as necessidades de restruturações curriculares e o papel fundamental de reposicionamento dos docentes, e dos próprios discentes no ensino superior; a atuação no mercado de ensino de música apenas como parte do processo de construção das identidades profissionais, não necessariamente determinante na construção dos sujeitos, uma vez que muitos ainda atuam apenas como forma de complementação de renda; a possibilidade de compreensão do ensino superior em música como educAÇÃO musical superior, enquanto processo formativo amplo e libertador.