Estratificação do acesso ao ensino superior no Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Arnaldo Lopo Montalvao Neto
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-95BKMJ
Resumo: Este estudo analisa as chances de estudantes brasileiros fazerem a transição para o ensino superior entre o inicio dos anos 80 e o final da primeira década do século XXI. Procura-se identificar a presença tanto dos efeitos primários (efeito das origens no desempenho em exames de admissão), através da análise dos microdados do ENEM 2010, quanto dos efeitos secundários (diferenças nas taxas de transição por origem socioeconômica, mantendo-se constante o desempenho) da estratificação do acesso, através da análise dos microdados das PNADS 1982, e 2001 a 2009, e dos Censos Demográficos 1991, 2000 e2010. A análise dos efeitos secundários baseia­se tanto na dimensão vertical (alcance do nível superior de ensino) quanto na horizontal (alcance do nível superior por rede escolar, tipo institucional e área do conhecimento) do processo de estratificação educacional. Dados da PAD-MG 2009 são utilizados para estimar a estratificação por áreas do conhecimento. Os resultados indicam forte influências das origens socioeconômicas no desempenho dos estudantes no ENEM, apontando a pertinência dos efeitos primários no contexto brasileiro. lndicam também a existência dos efeitos secundários, ou seja, mesmo controlado o desempenho, as origens socioeconômicas são determinantes nas chances de estudantes fazerem a transição para o ensino superior. As principais análises realizadas baseiam-se emmodelos de regressão com identificação de classes latentes, método que busca minimizar o impacto da heterogeneidade não observada (efeito causado pela ausência de variáveis importantes e que são correlacionadas com aquelas presentes no modelo), Os resultadosindicam que estes modelos apresentam melhor ajuste que os modelos que não controlam por este problema, e que estes últimos tendem a subestimar as desigualdades sociais no acesso a este nivel de ensino. As desigualdades reais são maiores na rede privada, e menores na rede pública, onde o nível de desempenho e habilidades é mais importante para se fazer a transição. Ao longo do período encontrou-se evidências de queda das desigualdades raciais e daquelas relacionadas à influência do nivel educacional dos pais, principalmente na rede privada, mas estabilidade das desigualdades de classe. Os resultados indicam ainda que o acesso à educação superior tecnológica ê menos seletivo, em termos socioeconômicos, do que à educação acadêmica, e que, no que toca às áreas do conhecimento, os principais determinantes são o sexo, com mulheres se concentrando nas ciências humanas e da saúde, e a renda familiar, que aumenta as chances de acesso de estudantes de famílias de alta renda às áreas que proporcionam maior retorno socioeconômico. Conclusões baseadas nestes resultados argumentam pela necessidade de fontes de informações mais completas para integrar o estudo do efeitos primários e secundários, estimando a importância relativa de cada um. Argumentam também que o baixo nivel de estratificação no acesso à educação tecnológica, aliado à redução das desigualdades na rede privada em geral, são indicativos de que o melhor caminho para abertura do sistema deve se dar pela flexibilização das instituições, expandindo a educação tecnológica, e preservando o papel da rede pública como produtora de conhecimento.
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