Impactos da moderação de tráfego na vitalidade urbana

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Osias Baptista Neto
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-8UDHRZ
Resumo: O aparecimento do automóvel, no final do século XIX, seguido da incondicional adesão da grande maioria das pessoas ao novo padrão de conforto e de status, provocou uma significativa modificação na vida das cidades, criando novos hábitos, novas percepções e alterando os padrões urbanos para atender às crescentes necessidades de espaço das máquinas. Esses espaços, antes destinados ao uso pelas pessoas a pé para circular, conviver, descansar e contemplar, deram lugar a pistas de circulação e locais de estacionamento dos veículos, criando-se a cultura de privilégio hierárquico dos motoristas sobre os pedestres, ou, mais apropriadamente, do automóvel sobre o homem. O aumento da mobilidade proporcionado pela nova tecnologia, visto inicialmente como benéfico à sociedade, resultou gradativamente na diminuição da qualidade de vida urbana. Vozes contrárias sempre se fizeram ouvir e ganharam mais força a partir da década de 1960, quando a crescente redução da qualidade de vida nas cidades mostrou que era preciso tomar medidas que a freassem e buscassem a recuperação da vitalidade urbana. Surgiram, então, diversos processos de restrição ao deslocamento dos automóveis em áreas urbanas, especialmente nas residenciais. Partindo-se da constatação de que a invasão das cidades pelos automóveis reduziu a qualidade de vida urbana, pergunta-se aqui se a recíproca é verdadeira, ou seja, se a imposição de restrições ao tráfego e ao estacionamento recupera a qualidade de vida perdida. Na busca de uma resposta, procuramos entender os conceitos de vitalidade urbana, investigando quais são as condições que fazem com que certos lugares públicos, como ruas e praças, tenham mais vida, atraiam mais pessoas. Estas condições são condensadas em uma matriz de critérios, a qual é aplicada na análise de um conjunto de trechos de vias em Belo Horizonte, selecionados e classificados em categorias de acordo com o nível de medidas moderadoras de tráfego a que tenham sido submetidos, verificando-se em que intensidade as diferentes condições são atendidas em cada um. Busca-se, em seguida, avaliar quais são as relações entre cada nível de intervenção física de moderação de tráfego, o atendimento dessas condições e a vitalidade urbana observada. Esta análise, fugindo do conceito usual de se avaliarem as medidas moderadoras de tráfego pelos indicadores de velocidade, volume e segurança, usuais na Engenharia de Tráfego, busca entender, ao invés disso, como a associação dessas medidas a outras, de cunho arquitetônico e paisagístico, se refletem no aumento da vitalidade urbana, na capacidade de atrair pessoas e promover a sua permanência nos lugares públicos. Esperamos, com isso, criar um novo prisma de observação para projetos de Engenharia de Tráfego, através do qual estes possam contemplar, juntamente com as suas metas tradicionais, medidas que promovam o aumento da vitalidade urbana das cidades.
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O aumento da mobilidade proporcionado pela nova tecnologia, visto inicialmente como benéfico à sociedade, resultou gradativamente na diminuição da qualidade de vida urbana. Vozes contrárias sempre se fizeram ouvir e ganharam mais força a partir da década de 1960, quando a crescente redução da qualidade de vida nas cidades mostrou que era preciso tomar medidas que a freassem e buscassem a recuperação da vitalidade urbana. Surgiram, então, diversos processos de restrição ao deslocamento dos automóveis em áreas urbanas, especialmente nas residenciais. Partindo-se da constatação de que a invasão das cidades pelos automóveis reduziu a qualidade de vida urbana, pergunta-se aqui se a recíproca é verdadeira, ou seja, se a imposição de restrições ao tráfego e ao estacionamento recupera a qualidade de vida perdida. Na busca de uma resposta, procuramos entender os conceitos de vitalidade urbana, investigando quais são as condições que fazem com que certos lugares públicos, como ruas e praças, tenham mais vida, atraiam mais pessoas. Estas condições são condensadas em uma matriz de critérios, a qual é aplicada na análise de um conjunto de trechos de vias em Belo Horizonte, selecionados e classificados em categorias de acordo com o nível de medidas moderadoras de tráfego a que tenham sido submetidos, verificando-se em que intensidade as diferentes condições são atendidas em cada um. Busca-se, em seguida, avaliar quais são as relações entre cada nível de intervenção física de moderação de tráfego, o atendimento dessas condições e a vitalidade urbana observada. Esta análise, fugindo do conceito usual de se avaliarem as medidas moderadoras de tráfego pelos indicadores de velocidade, volume e segurança, usuais na Engenharia de Tráfego, busca entender, ao invés disso, como a associação dessas medidas a outras, de cunho arquitetônico e paisagístico, se refletem no aumento da vitalidade urbana, na capacidade de atrair pessoas e promover a sua permanência nos lugares públicos. Esperamos, com isso, criar um novo prisma de observação para projetos de Engenharia de Tráfego, através do qual estes possam contemplar, juntamente com as suas metas tradicionais, medidas que promovam o aumento da vitalidade urbana das cidades.The coming of the automobile onto the scene in the late nineteenth century, followed by an unconditional adhesion of most people to a new standard of comfort and status, caused a significant change in the life of cities, creating new habits, new insights and changes of urban standards to meet the growing needs of space by those machines. These spaces, that used to be meant for people to walk around, live together, rest and gaze upon, were replaced by traffic lanes and parking spaces, thus creating a culture of a hierarchical privilege of drivers over pedestrians, or, more appropriately, of cars over men. The increase in mobility afforded by the new technology, first seen as beneficial to society, resulted gradually in a decline of quality in urban life. Opposing voices have always been heard, and have gained more strength since the 1960s, when the increasing loss of quality of life in the cities showed that it was necessary to take measures to stop the process and seek, instead, the recovery of urban vitality. Several cases of restrictions on car traffic in urban areas were then implemented, especially in residential ones. Starting from the assumption that the invasion of cities by automobiles has reduced the quality of urban life, the point in this paper is whether the reciprocal one is true, that is, if the imposition of traffic and parking restrictions recovers the loss in quality of life. In search of an answer, we have tried to understand the concepts of urban vitality, to investigate which conditions make certain public places, such as streets and squares, be more lively and attractive to people. These conditions are condensed into a matrix of criteria, which is applied to the analysis of a set of sections of streets in Belo Horizonte, selected and classified into categories according to the level of traffic reduction measures they have been subjected to, by checking the intensity of different conditions that are met in each case. The aim is then to assess what the relations between each level of traffic reducing interventions are, the fulfilment of these conditions and the observed urban vitality. This analysis, avoiding the ordinary concept of assessing traffic reducing measures through usual Traffic Engineering indicators, such as speed, volume and safety, aims to understand, instead, how the association of these measures to others in the realm of architecture and landscaping are reflected in the increase in urban vitality, in the ability to attract people and promote their presence and enjoyment of public places. We hope, in this way, to create a new perspective for Traffic Engineering projects, through which it would also be possible to envision, in addition to their traditional goals, measures to promote an increase in urban vitality in the cities.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGEngenharia de transportesEngenharia de tráfegoVitalidade urbanaTráfegoModeração de tráfegoCidadeImpactos da moderação de tráfego na vitalidade urbanainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisserta__o_osias.pdfapplication/pdf17332817https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-8UDHRZ/1/disserta__o_osias.pdfea4865920cf404ba5394c5f608aec7e2MD51TEXTdisserta__o_osias.pdf.txtdisserta__o_osias.pdf.txtExtracted texttext/plain331643https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-8UDHRZ/2/disserta__o_osias.pdf.txt30a511be89ff253ac044bcbd796182dfMD521843/BUOS-8UDHRZ2020-01-29 16:58:33.568oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-8UDHRZRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2020-01-29T19:58:33Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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