Condições de trabalho e comprometimento com a organização e com a carreira de docentes em um centro universitário privado

• Autor(a) principal: Anizaura Lidia Rodrigues de Souza
• Data de Publicação: 2014
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-9TNHCF
• topic: Comprometimento organizacional; Perspectiva psicossociológica; Condições de trabalho; Docentes; Comprometimento com a carreira; Trabalho; Comportamento organizacional; Psicologia

Adotando uma perspectiva psicossociológica, o objetivo do estudo foi explorar as relações entre as condições de trabalho, o comprometimento organizacional (CO) e o comprometimento com a carreira (CC) de docentes, em um centro universitário (CEU) da rede privada, no interior do estado de Minas Gerais. As condições de trabalho foram avaliadas de modo abrangente, considerando o conteúdo e o entorno do trabalho, a partir de quatro categorias: (1) contratuais e jurídicas; (2) físicas e materiais; (3) processos e características da atividade; e (4) ambiente sociogerencial. O comprometimento organizacional foi analisado a partir do modelo tridimensional (afetivo, calculativo e normativo) e o comprometimento com a carreira, do modelo tetradimensional (afetivo, normativo, investimentos acumulados e alternativas de mudanças). Desenvolvi duas linhas de ações de pesquisa. Na primeira, revisei a literatura de comprometimento organizacional e de carreira e desenvolvi uma reflexão crítica sobre elas com fundamento na perspectiva psicossociológica. Recortando tal reflexão, minutei um artigo científico. Constatei que apesar de avanços em alguns aspectos psicossociológicos nessas investigações, essa perspectiva se revelou em construção entre os artigos revisados. Predominou nesses artigos um foco no nível individual, caracterizado pelas análises das atitudes dos indivíduos perante as organizações e o trabalho. A inserção de elementos de ordem societal e organizacional precisa ganhar mais espaço nas pesquisas sobre os fenômenos psicossociais. A segunda linha consistiu em pesquisa empírica, no qual apliquei a triangulação metodológica, combinando estratégias de coleta de dados (questionários, entrevistas e registros em diário de campo) e de análises de dados (estatísticas diversas e análise de conteúdo). Obtive 145 questionários válidos e realizei 15 entrevistas. Explorei as percepções dos docentes das suas condições de trabalho no segundo artigo e, de modo geral, foram positivas na categoria das condições físicas e materiais, principalmente relativa aos espaços de trabalho, e, entre os fatores do ambiente sociogerencial: infraestrutura e pressão, ambiente conflitivo, violência e discriminação social. Foram negativas as avaliações na categoria contratual e jurídica e as pontuações no fator dos processos e características da atividade espaço de autonomia e nos fatores do ambiente sociogerencial participação, organização da atividade e oferta de informação de saúde. As entrevistas ressaltaram que os docentes se percebem cada vez mais exigidos em suas funções. Explorei as relações entre os fenômenos focalizados no terceiro artigo. Os fatores afetivos de CC e de CO caracterizaram melhor os vínculos dos docentes com a sua carreira e com a sua organização. Das condições físicas e materiais, o fator aspectos psicobiológicos foi o que mais afetou o CO e o CC. Os fatores dos processos e características da atividade se mostraram bons preditores para os fatores afetivo de CO, afetivo e de investimentos acumulados de CC. O fator infraestrutura e pressão, das condições do ambiente sociogerencial, ofereceu predição direta para os fatores afetivo de CO, afetivo e de investimentos acumulados de CC. O CC afetivo moderou as relações entre as condições de trabalho e o CO afetivo. Todos os resultados foram discutidos à luz dos modelos teóricos e empíricos que os fundamentaram, ancorados no pressuposto de que a relação do indivíduo com seu trabalho, sua organização e seu contexto é dialética. Assim, percepções positivas das condições de trabalho impactam no modo como os docentes estruturam seu CO e seu CC.