Reabilitação psicossocial no CERSAM: uma história de "vida"

• Autor(a) principal: Julia Coutinho Nunes Castilho
• Data de Publicação: 2013
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-9MNK7E
• topic: Reabilitação psicossocial; Cotidiano; Pessoa em sofrimento mental; CERSAM; Realibitação; Psicologia social; Saúde mental; Psicologia

Com o início do movimento da Reforma Psiquiátrica Brasileira, no final da década de 70, a visão sobre a loucura e o modelo de atenção e assistência começou a se reestruturar. Ao surgirem novos serviços de saúde substitutivos aos hospitais psiquiátricos, como os Centros de Referência em Saúde Mental (CERSAMs ou CAPS III) em Belo Horizonte, a proposta passou a ser acompanhar os usuários em crise em seus contextos sem romper com suas relações cotidianas. Esta dissertação pretende contribuir à prática de atenção e à reabilitação psicossocial em saúde mental aliando reflexões teóricas à prática empírica em desenvolvimento, consolidando experiências e aproximando os conhecimentos da Universidade aos da prática clínica no âmbito público. Buscar-se-á compreender especificamente o processo de reabilitação psicossocial no CERSAM através dos conceitos e teorias sobre cotidiano assistencial e pessoal, afetado e afetável como instrumento de construção social e de cidadania, analisando um caso clínico grave, considerado bem-sucedido do ponto de vista da equipe que o acolheu. Trata-se de entender a complexidade do processo, abrindo pauta e reflexões sobre a reabilitação psicossocial e o cotidiano dos usuários e serviços municipais. Os objetivos específicos da pesquisa foram analisar os aportes teóricos da prática do processo de reabilitação psicossocial em diálogo com a realidade dos serviços substitutivos da rede de saúde de Belo Horizonte; e refletir sobre a trajetória de tratamento de um usuário acompanhado no CERSAM. Fez-se necessária a reflexão sobre o cotidiano assistencial que sustenta a prática reabilitativa; analisando os aportes teóricos da prática do processo de reabilitação psicossocial em diálogo com a realidade dos serviços substitutivos da rede de saúde de Belo Horizonte; e refletir sobre uma trajetória de tratamento de uma usuária acompanhada no CERSAM. Optou-se pela pesquisa qualitativa e foi feito um estudo de caso utilizando o método história de vida. O trabalho de campo combinou os instrumentos de observação, comunicação e levantamento de dados. Estudar e discutir esse caso significa produzir cultura antimanicomial. Ele ilustra, como conclusão, a afirmação de que o CERSAM não é local apenas de acolhimento à crise, mas de acolhimento de casos complexos e graves. Aponta as saídas escolhidas pela usuária em seu percurso nos serviços de saúde mental mineiros, principalmente no CERSAM, e levanta novos indicadores pessoais de seu processo de reabilitação psicossocial, mostrando o seu cotidiano possível. O projeto de reabilitação deve ser feito com o usuário que dele necessita, no caso a caso, enfrentando seus riscos e possibilidades concretos. Entende-se também que podemos organizar os diversos conceitos sobre reabilitação em duas linhas de entendimento: uma mais adaptacionista e outra mais politizada. Integrando alguns desses conceitos chega-se a uma leitura mais ampla de reabilitação psicossocial, compreendida enquanto uma postura ética e não somente como um procedimento técnico.