Hölderlin em Iena: união e cisão nos limites do pensamento

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Wagner de Avila Quevedo
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B9AJUY
Resumo: A tese parte de um problema filosófico elaborado na parte teórica da Fundação de toda a doutrina da ciência (1794-1795), de Fichte. Trata-se da exposição do sentimento de necessidade que acompanha a certeza da realidade a despeito de nossa inconsciência de como o que entendemos por real é produzido pela imaginação. Fichte precisa garantir que o processo de constituição da realidade permaneça à margem da consciência para que a experiência subjetiva não seja explicada como uma ilusão que, ao cabo, recairia num idealismodogmático. Uma vez que a própria atividade do pensamento é definida por Fichte enquanto determinação racional da imaginação, e como ela está diretamente implicada na explicação efetiva da subjetividade, minha hipótese de trabalho é que a crítica de Hölderlin a Fichte, em Iena, atinge em cheio esse problema da doutrina da ciência e, com ele, a pretensão de explicar a subjetividade a partir da experiência consciente com recurso a um eu-razão absoluto como seu elemento unificante. Para Hölderlin, essa estratégia ultrapassa as condições da consciência, e ele entende, por conseguinte, que a relação que a consciência estabelece com uma compreensão unitária da subjetividade é da ordem de uma cisão constitutiva que não podemos explicar adequadamente. A cisão está posta na própria atividade do pensamento: como cisão, ela aponta os limites dessa atividade de determinação racional da imaginação. De um lado, há a concepção de um ser puro e simples intocável pela consciência objetiva operante na cisão; de outro, a exigência de união com esse ser que é a totalidade. Motivado pela filosofia fichteana, Hölderlin rearticula essa problemática em Iena ao deslocar para o centro de explicação da consciência a ideia platônica de beleza, como um signo de união sensívelracional que estaria além da ferida aberta pela filosofia kantiana. Em suas diversas tentativas de união esboçadas nas versões de Hipérion (1795), a unidade começa a ser pensada em termos dinâmicos de unidade-totalidade com a recuperação do espinosismo difundido por Lessing e Jacobi sob o lema . Ao escrever o primeiro volume de Hipérion (1796), Hölderlin dinamiza ainda mais essa concepção pela inserção da beleza na dimensão histórica da unidade-totalidade, que passa a ser explicada como uma unidade que se diferencia em si mesma. Assim, exponho inicialmente o problema do eu absoluto em Fichte para, em seguida, situar a crítica de Hölderlin e acompanhar os desdobramentos no fragmento Juízo e Ser (1795). Depois de estabelecida a tese da cisão nos limites do pensamento, finalizo com a exposição de como esse pensamento dos limites é incorporado aos momentos da concepção de Hipérion até sua formulação definitiva de uma unidade diferenciada. Como resultado desse percurso, a união como cisão nos limites do pensamento configura-se como diferença no interior da unidade
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Uma vez que a própria atividade do pensamento é definida por Fichte enquanto determinação racional da imaginação, e como ela está diretamente implicada na explicação efetiva da subjetividade, minha hipótese de trabalho é que a crítica de Hölderlin a Fichte, em Iena, atinge em cheio esse problema da doutrina da ciência e, com ele, a pretensão de explicar a subjetividade a partir da experiência consciente com recurso a um eu-razão absoluto como seu elemento unificante. Para Hölderlin, essa estratégia ultrapassa as condições da consciência, e ele entende, por conseguinte, que a relação que a consciência estabelece com uma compreensão unitária da subjetividade é da ordem de uma cisão constitutiva que não podemos explicar adequadamente. A cisão está posta na própria atividade do pensamento: como cisão, ela aponta os limites dessa atividade de determinação racional da imaginação. De um lado, há a concepção de um ser puro e simples intocável pela consciência objetiva operante na cisão; de outro, a exigência de união com esse ser que é a totalidade. Motivado pela filosofia fichteana, Hölderlin rearticula essa problemática em Iena ao deslocar para o centro de explicação da consciência a ideia platônica de beleza, como um signo de união sensívelracional que estaria além da ferida aberta pela filosofia kantiana. Em suas diversas tentativas de união esboçadas nas versões de Hipérion (1795), a unidade começa a ser pensada em termos dinâmicos de unidade-totalidade com a recuperação do espinosismo difundido por Lessing e Jacobi sob o lema . Ao escrever o primeiro volume de Hipérion (1796), Hölderlin dinamiza ainda mais essa concepção pela inserção da beleza na dimensão histórica da unidade-totalidade, que passa a ser explicada como uma unidade que se diferencia em si mesma. Assim, exponho inicialmente o problema do eu absoluto em Fichte para, em seguida, situar a crítica de Hölderlin e acompanhar os desdobramentos no fragmento Juízo e Ser (1795). Depois de estabelecida a tese da cisão nos limites do pensamento, finalizo com a exposição de como esse pensamento dos limites é incorporado aos momentos da concepção de Hipérion até sua formulação definitiva de uma unidade diferenciada. Como resultado desse percurso, a união como cisão nos limites do pensamento configura-se como diferença no interior da unidadeThis study focuses on a philosophical issue worked out in the foundation of theoretical knowledge of Fichtes Science of Knowledge (1794-95), whose lectures Hölderlin attends in Jena from the second half of 1794 on. As Fichte develops it in his system, the way we perceivereality must be accompanied by the feeling of necessity and certainty of experiencing what is real, but we also perceive reality necessarily unconscious of its production by the power of imagination. In his argument, the transcendental philosopher must guarantee that this process paradoxically takes place outside the objective consciousness, otherwise reality would be illusory for the subjective experience, and hence the science of knowledge would be a mere dogmatic idealism. Since Fichte defines the activity of thought as a rational determining ofimagination, and given that this activity is linked with the effective explanation of subjectivity, my hypothesis is that the criticism Hölderlin offers to Fichte in Jena hits hard this nodal point o Science of Knowledge. And it also does the same with the whole methodological claim ofexplaining subjectivity within conscious experience by means of an absolute I as an unifying element, viz., the I that is reason. As Hölderlin sees it, this argument trespasses the conditions of consciousness, and accordingly the relation of consciousness with a unifying explanation ofsubjectivity remains exposed to a constitutive division we cannot account adequately for. The division is posited in the activity of thought itself, viz., as division, it defines the limits of this rational activity that determines imagination. On the one hand, there is a conception of a beingpure and simple untouchable by objective consciousness that is operative in the division; on the other, there is the demand of union with this being qua totality. Prompted by Fichtean Philosophy, Hölderlin restructures this issue by putting into the center of explanation of consciousness the Platonic idea of beauty, understood as a sign of sensible and rational union that would stitch the open wound of Kantian Philosophy. In some of his attempts of setting a union outlined in theversions of Hyperion (1795), Hölderlin conceives the unity in terms of a dynamic unity-totality, which restores the meaning of the Spinozism widespread by Lessing and Jacobi in the 1780s under the motto . When he writes the first volume of Hyperion (1796), Hölderlinstresses even more this conception by enrolling beauty into the historical dimension of unitytotality, therefore explained as a unity in itself differentiated. The study firstly pursuits the problem of an absolute I by Fichte, and then situates both Hölderlins criticism as its outcomes in the fragment Judgment and Being (1795). After exposing the thesis of division in thought, the work ends with an account of how this limits of thought or rather thought of limits are/is incorporated in some layers of the work on Hyperion until its final version of a differentiated unity. As a result, the union qua division within the limits of thoughtreveals itself as a difference within unityUniversidade Federal de Minas GeraisUFMGHolderlin, Friedrich, 1770-1843Fichte, Johann Gottlieb, 1762-1814FilosofiaIdealismo alemãoFilosofiaHölderlin em Iena: união e cisão nos limites do pensamentoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese_para_capa_dura___arquivo_para_impressa_o.pdfapplication/pdf6067496https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B9AJUY/1/tese_para_capa_dura___arquivo_para_impressa_o.pdf736eaf004d91761ffd5de29850c44982MD511843/BUOS-B9AJUY2019-08-14 05:53:44.554oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-B9AJUYRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-08-14T08:53:44Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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