Vamos ao museu hoje?: lazer e educação em visitas mediadas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Romilda Aparecida Lopes
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9ZXGTN
Resumo: Esta pesquisa teve por objetivo investigar e analisar a articulação entre educação e lazer durante a preparação e o desenvolvimento de visitas mediadas realizadas em museus de Juiz de Fora, Minas Gerais, a partir do olhar dos gestores e dos mediadores. Além disso, buscou-se captar as lógicas e as peculiaridades que estruturam e sustentam estas práticas. De abordagem qualitativa, a metodologia deste estudo teve como base o desenvolvimento de investigação bibliográfica, observação participante e realização de entrevistas semiestruturadas com 10 voluntários, compreendendo mediadores e gestores de dois museus do município. A observação participante ocorreu durante as visitas mediadas. Cabe ressaltar que a pesquisa de campo e a análise das informações se apoiaram na lógica exposta por Boaventura de Sousa Santos (2006), fazendose valer, principalmente, do trabalho intitulado: Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências, em que o autor propõe três procedimentos sociológicos que sustentam uma nova racionalidade, que ele classifica como: a sociologia das ausências, a sociologia das emergências e o trabalho de tradução, cujos procedimentos possuem como objetivo principal a expansão do presente e a contração do futuro. Os resultados evidenciaram que, nos museus, lazer e educação têm peculiaridades bem definidas e delineadas, que se orientam de acordo com os diferentes interesses e finalidades que suscitam. Os sujeitos se valem do lazer e da educação para o desenvolvimento de ações no espaço do museu, seguindo as orientações presentes no contexto vivenciado, sendo perpassados por valores, ideologias, hegemonias, disputas políticas, liberdade e submissão, caracterizando assim uma experiência social construída e situada. Os caminhos que as experiências de lazer e educação percorrem durante as visitas mediadas refletem o desejo de uma época e as aspirações provenientes de momentos historicamente definidos. Foi possível constatar que a relação lazer-educação em visitas mediadas nos museus investigados, vista sob a ótica dos gestores e mediadores, revela a produção de não existências assentadas em lógicas monoculturais, isto é, princípios e atitudes que podem originar teorias e práticas dominantes e míopes, uma vez que em alguns momentos elas vislumbram uma parte reduzida da realidade museal. Nesse sentido, foi possível apreender que a relação lazer-educação, a partir das concepções dos entrevistados, reproduz dicotomias arraigadas nas noções de obrigatoriedade e não obrigatoriedade; produtivo e improdutivo; tempo de aprender e tempo de lazer. Já no que tange às lógicas que orientam as visitas mediadas, foi possível perceber que as noções de espaço privilegiado, espaço sagrado e espaço do saber reproduzem conceitos que frequentemente privilegiam a transposição de saberes, a produtividade, o aumento de visitantes, a segmentação dos tempos e a naturalização de diferenças. Contudo, foi possível apreender que as lógicas, quando contrapostas às ecologias propostas por Santos (2006), revelam outras possibilidades e relações, possibilitando intercâmbios e trocas. Dessa maneira, lazer e educação, vistos sob o prisma das ecologias, podem se revelar como aliados para as experiências vivenciadas nos museus ou, caso contrário, servirem como centros de poder e dominação.
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Cabe ressaltar que a pesquisa de campo e a análise das informações se apoiaram na lógica exposta por Boaventura de Sousa Santos (2006), fazendose valer, principalmente, do trabalho intitulado: Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências, em que o autor propõe três procedimentos sociológicos que sustentam uma nova racionalidade, que ele classifica como: a sociologia das ausências, a sociologia das emergências e o trabalho de tradução, cujos procedimentos possuem como objetivo principal a expansão do presente e a contração do futuro. Os resultados evidenciaram que, nos museus, lazer e educação têm peculiaridades bem definidas e delineadas, que se orientam de acordo com os diferentes interesses e finalidades que suscitam. Os sujeitos se valem do lazer e da educação para o desenvolvimento de ações no espaço do museu, seguindo as orientações presentes no contexto vivenciado, sendo perpassados por valores, ideologias, hegemonias, disputas políticas, liberdade e submissão, caracterizando assim uma experiência social construída e situada. Os caminhos que as experiências de lazer e educação percorrem durante as visitas mediadas refletem o desejo de uma época e as aspirações provenientes de momentos historicamente definidos. Foi possível constatar que a relação lazer-educação em visitas mediadas nos museus investigados, vista sob a ótica dos gestores e mediadores, revela a produção de não existências assentadas em lógicas monoculturais, isto é, princípios e atitudes que podem originar teorias e práticas dominantes e míopes, uma vez que em alguns momentos elas vislumbram uma parte reduzida da realidade museal. Nesse sentido, foi possível apreender que a relação lazer-educação, a partir das concepções dos entrevistados, reproduz dicotomias arraigadas nas noções de obrigatoriedade e não obrigatoriedade; produtivo e improdutivo; tempo de aprender e tempo de lazer. Já no que tange às lógicas que orientam as visitas mediadas, foi possível perceber que as noções de espaço privilegiado, espaço sagrado e espaço do saber reproduzem conceitos que frequentemente privilegiam a transposição de saberes, a produtividade, o aumento de visitantes, a segmentação dos tempos e a naturalização de diferenças. Contudo, foi possível apreender que as lógicas, quando contrapostas às ecologias propostas por Santos (2006), revelam outras possibilidades e relações, possibilitando intercâmbios e trocas. Dessa maneira, lazer e educação, vistos sob o prisma das ecologias, podem se revelar como aliados para as experiências vivenciadas nos museus ou, caso contrário, servirem como centros de poder e dominação.This research aimed to investigate and analyze the articulation between education and leisure during the preparation and development of mediated tours in museums of Juiz de Fora, Minas Gerais, through the eyes of their managers and mediators. Also, we aimed to understand the logic and peculiarities which structured and supported such practices. Of a qualitative approach, the methodology of this study had as a basis the development of a bibliographical investigation, participant observation, and through semi-structured interviews with 10 volunteers, including mediators and managers of the two museums of the city. The participant observation took place during the mediated tours, as well as with my participation on sporadic days. It is important to mention that the field research and the analysis of information were based on the logic exposed by Boaventura de Sousa Santos (2006), making use, mainly, of the paper entitled: For a sociology of absences and a sociology of emergences, in which the author proposed three sociological procedures which support a new rationality, which he classifies as: the sociology of absences, the sociology of emergences and the translation work, whose procedures have as main goal the expansion of the present and contraction of the future. The results highlight that, in museums, leisure and education, there are well-defined outlined peculiarities, which are guided in accordance to the different interests and intentions attributed to them. The subjects use leisure and education for the development of actions within the walls of the museum, following the guidelines present in the experienced context, being permeated by values, ideologies, hegemonies, political disputes, liberty and submission, characterizing, thus, a socially constructed and situated experience. The ways which experiences of leisure and education follow during the mediated tours reflect the desire of a time and the aspirations stemmed from historically defined moments. It was possible to observe that the relation leisureeducation in mediated tours in the museums visited, through the eyes of managers and mediators, show the production of non-existences based on monocultural logics, that is, principles and attitudes which can originate theories and practices that are domiant and farsided, since, in some moments they envision a reduced part of the reality of museums. In this sense, it was possible to learn that the relation leisure-education, from the conceptions of those interviewed, reproduce entrenched dichotomies in notions of obligatoriness and nonobligatoriness; productive and improductive; time to learn and time for leisure. As to what concerns the logics which guide the mediated tours, it was possible to perceive that notions of privileged space, sacred space and time for knowledge reproduce notions that, in many cases, privilege the transposition of knowledge, the productivity, and the raise in number of visitors, the segmentation of time and naturalization of differences. However, it was possible to learn that the logics, when contrasted with the ecologies proposed by Santos (2006), reveal other possibilities and relations, allowing for exchanges. This way, leisure and education, when seen through the prism of ecologies, can be considered allies for the experiences which take place in museums, or if they cannot, they would serve as centers of power and domination.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGMuseusEducaçãoLazerMuseusEducaçãoJuiz de Fora/MGLazerVisitas MediadasVamos ao museu hoje?: lazer e educação em visitas mediadasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALvamos_ao_museu_hoje___lazer_e_educa__o_em_museus___romilda_lopes__1_.pdfapplication/pdf1391169https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9ZXGTN/1/vamos_ao_museu_hoje___lazer_e_educa__o_em_museus___romilda_lopes__1_.pdf413b486961c6af1de2d07e946a041fa6MD51TEXTvamos_ao_museu_hoje___lazer_e_educa__o_em_museus___romilda_lopes__1_.pdf.txtvamos_ao_museu_hoje___lazer_e_educa__o_em_museus___romilda_lopes__1_.pdf.txtExtracted texttext/plain465796https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9ZXGTN/2/vamos_ao_museu_hoje___lazer_e_educa__o_em_museus___romilda_lopes__1_.pdf.txt55d87b358ee4a09799eb842e01a35497MD521843/BUBD-9ZXGTN2020-01-30 15:31:35.477oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-9ZXGTNRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2020-01-30T18:31:35Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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