A atenção na fobia específica: um caso de globofobia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vivian Zicker Fiuza
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9EHG4M
Resumo: O presente trabalho pretende investigar a função cognitiva atenção em um caso de fobia específica de balões (globofobia), tratado com psicoterapia cognitivocomportamental. A atenção é um processo cognitivo através do qual alguns estímulos são selecionados e focalizados em detrimento a outros inúmeros estímulos que recebemos. Na ansiedade, existe um viés atencional para ameaça, que foi comprovado em estudos com portadores de fobia específica. Bar-Haim e colaboradores propuseram um modelo integrativo para os mecanismos subjacentes ao processamento de ameaças, no qual existem quatro sistemas: o sistema préatencional de avaliação de ameaças (SPAA), que avalia os estímulos; o sistema de alocação de recursos (SAR), que aloca os recursos de acordo com a avaliação, feita pelo SPAA, do grau de ameaça do estímulo; o sistema direcionado de avaliação de ameaças (SDAA) que faz a avaliação subsequente do grau de ameaça do estímulo considerando o contexto, aprendizados e experiências anteriores e recursos disponíveis; e o sistema de engajamentos em objetivos (SEO) que controla o engajamento em objetivos, de acordo com a avaliação feita pelo SDAA. Segundo os autores do modelo, nos quadros ansiosos poderia haver alteração em um ou mais componentes. No caso tratado, observamos as seguintes alterações na atenção: viés atencional para o objeto ameaçador, com uma resposta imediata de avaliação do balão como objeto ameaçador, que pode ser atribuída a um viés específico no SPAA (pré-atencional); em seguida, uma resposta de alerta pelo SAR, gerando necessidade de fuga e respostas autonômicas; uma incapacidade de o SDAA suplantar a resposta de alerta do SAR, mesmo com a avaliação racional de ausência de perigo. Através de intervenções com técnicas de psicoterapia cognitivocomportamental como desensibilização sistemática, o paciente focou sua atenção por um tempo mais prolongado no objeto fobogênico, sem fugir. Esse fato, aliado ao relaxamento muscular progressivo e o questionamento socrático gerou no paciente novas possibilidades de avaliacão racional do contexto e a captação de recursos para lidar melhor com o sintoma, com consequente fortalecimento do SDAA, que passou a ser capaz de minimizar a ativação do SAR. Portanto concluímos que as técnicas de psicoterapia cognitivo-comportamental foram eficientes para promover uma mudança no viés atencional do paciente com globofobia.
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Bar-Haim e colaboradores propuseram um modelo integrativo para os mecanismos subjacentes ao processamento de ameaças, no qual existem quatro sistemas: o sistema préatencional de avaliação de ameaças (SPAA), que avalia os estímulos; o sistema de alocação de recursos (SAR), que aloca os recursos de acordo com a avaliação, feita pelo SPAA, do grau de ameaça do estímulo; o sistema direcionado de avaliação de ameaças (SDAA) que faz a avaliação subsequente do grau de ameaça do estímulo considerando o contexto, aprendizados e experiências anteriores e recursos disponíveis; e o sistema de engajamentos em objetivos (SEO) que controla o engajamento em objetivos, de acordo com a avaliação feita pelo SDAA. Segundo os autores do modelo, nos quadros ansiosos poderia haver alteração em um ou mais componentes. No caso tratado, observamos as seguintes alterações na atenção: viés atencional para o objeto ameaçador, com uma resposta imediata de avaliação do balão como objeto ameaçador, que pode ser atribuída a um viés específico no SPAA (pré-atencional); em seguida, uma resposta de alerta pelo SAR, gerando necessidade de fuga e respostas autonômicas; uma incapacidade de o SDAA suplantar a resposta de alerta do SAR, mesmo com a avaliação racional de ausência de perigo. Através de intervenções com técnicas de psicoterapia cognitivocomportamental como desensibilização sistemática, o paciente focou sua atenção por um tempo mais prolongado no objeto fobogênico, sem fugir. Esse fato, aliado ao relaxamento muscular progressivo e o questionamento socrático gerou no paciente novas possibilidades de avaliacão racional do contexto e a captação de recursos para lidar melhor com o sintoma, com consequente fortalecimento do SDAA, que passou a ser capaz de minimizar a ativação do SAR. Portanto concluímos que as técnicas de psicoterapia cognitivo-comportamental foram eficientes para promover uma mudança no viés atencional do paciente com globofobia.Attention was studied in a case of specific phobia to balloons (globophobia) treated with cognitive behavioural therapy. Attention is an element of cognitive functioning whereby the numerous stimuli we receive are selected and only certain elements are focused on. In anxiety there is a threat-related attentional bias that has also been found also in subjects with specific phobia. Bar-Haim et al. proposed an integrative tentative model of the mechanisms underlying threat processing. The model has four stages: the preattentive threat evaluation system (PTES) that evaluates stimuli, the resource allocation system (RAS) that allocates resources according to the threat valence assigned by the PTES, the guided threat evaluation system (GTES) that evaluates the threat valence of the stimulus by assessing the context, comparing the present threat with previous learning and memory and evaluating the availability of coping resources, and the goal engagement system (GES) that controls goal engagement according to the evaluation of the GTES. Anxiety disorders could stem from abnormal processing patterns in one or several of these systems. In the case that was treated the following abnormalities were observed: an attentional threatrelated bias, with an immediate evaluation of the balloon as a threatening object, that could be explained by a bias in the preattentional PTES system; an alert response (RAS) leading to autonomical symptoms and an urge to escape; and an inability of the GTES to override the RAS response despite the patients rational evaluation of the absence of actual threat. Using cognitive-behavioural interventions such as systematic desensitization, the patient remained focused on balloons for longer periods of time. The prolonged exposure combined with the use of progressive muscle relaxation and socratic questioning led to new possible rational assessments and resources to cope with his symptom. Moreover, the GTES was enhanced, leading to a reduction in the RAS alert response. Thus, cognitive-behavioural techniques were efficient in changing the attentional threat-related bias in this patient with globophobia.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGTerapia cognitivo-comportamentalFobia específicaPsicoterapia cognitivocomportamentalGlobofobiaDessensibilização sistemáticaA atenção na fobia específica: um caso de globofobiainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALvzfiuza.pdfapplication/pdf1082093https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9EHG4M/1/vzfiuza.pdf008bbf22e337073e3ffab93349e188d7MD51TEXTvzfiuza.pdf.txtvzfiuza.pdf.txtExtracted texttext/plain53705https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9EHG4M/2/vzfiuza.pdf.txt4de65815bc5acb5053d1dda6e3036eafMD521843/BUBD-9EHG4M2019-11-14 06:22:47.081oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-9EHG4MRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T09:22:47Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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