Experiência ontológica e tradição na experiência de guardiões de memórias
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMG |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1843/49214 |
Resumo: | No mundo contemporâneo, a vinculação com o passado é problematizada como algo a ser superado e as expressões mais características do sujeito tendem a ser lidas como processos de invenção da própria subjetividade. Nesse cenário, produções em ciências humanas que se ocupam de temas como a percepção do sujeito sobre ele mesmo ou a tradição tendem a tomálos como processos antagônicos, tornando-se difícil compreender o caso dos guardiões de memórias contemporâneos: sujeitos que num movimento pessoal decidem se dedicar a algo que vem do passado, estruturando obras de cuidado de memórias. Neste trabalho objetivamos investigar como se configura a relação entre experiência ontológica e tradição na elaboração da experiência de pessoas que se dedicam à preservação cultural na contemporaneidade. Situando-nos no âmbito da psicologia da cultura, realizamos pesquisa empírica adotando a Fenomenologia Clássica (Husserl e Stein) como referencial teórico-metodológico. Para coleta de dados, selecionamos intencionalmente quatro sujeitos cuja dedicação a memórias estruturou-se em obras de preservação com incidência social em âmbitos diversos (familiar, comunitário, artístico, político) em diferentes regiões do Brasil. Realizamos entrevistas semiestruturadas que foram textualizadas como narrativas. Cada uma foi analisada fenomenologicamente em quatro eixos temáticos: elaboração da obra de preservação; o emergir da pessoalidade e a experiência ontológica; a elaboração da tradição; a relação entre experiência ontológica e tradição na elaboração da experiência. Reconhecemos elementos essenciais dessa relação nas quatro entrevistas analisadas, construindo uma experiência-tipo. Em determinado momento de sua trajetória, a pessoa se maravilha com algo que vem do passado e se reconhece chamada a cuidar disso. Respondendo afirmativamente a esse chamado por meio de uma obra, ela tem ocasião de elaborar o passado e a alteridade como presenças a partir das quais ela se dá conta do próprio ser. Dedicar-se ao que vem do outro emerge então como ser fiel à própria experiência, abrindo caminho para a atualização da tradição num processo pessoal de buscar contribuir para a constituição do mundo por meio de sua obra de preservação. Experimentando realização pessoal, ela lida com obstáculos e aceita sacrifícios reafirmando a radicalidade de cuidar daquilo para o qual se viu chamada. Cuidando para dar continuidade e disponibilizar de modo próprio o que lhe foi transmitido, a pessoa reafirma a centralidade dos valores que convergem num ideal que a tradição suscita em si. Com este ideal ela avalia outras tradições e seu próprio gesto de preservação, evidenciando possibilidades e limites. Dando-se conta de que seu ideal lhe foi dado e a supera, a pessoa vive a sua obra como gratidão ao que lhe foi gratuitamente ofertado, doação de si a algo que lhe dá um lugar no mundo e realiza o próprio ser. Na discussão desses resultados, delimitamos como a relação entre experiência ontológica e tradição na elaboração dos guardiões de memórias estrutura-se como reconhecimento de uma missão pessoal dirigida à afirmação de um ideal despertado em si pela tradição. Afirmando a própria experiência como espaço de reconhecimento de sentido, a pessoa toma o ideal como ímpeto para formular e corrigir seus projetos, empenhando-se para que eles se enraízem nos valores da tradição apreendidos como correspondentes ao próprio ser e ao mundo. Finalizamos indicando como a análise dessas experiências documentam caminhos como a tradição tem lugar no mundo contemporâneo, problematizando abordagens que tematizam a subjetividade de forma necessariamente individualista e provocando-nos a considerar implicações de que o cuidado da memória seja pessoalmente correspondente nos dias atuais. |
id |
UFMG_fcabdf4ac8023f3db1b542c4da6fd5e9 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.ufmg.br:1843/49214 |
network_acronym_str |
UFMG |
network_name_str |
Repositório Institucional da UFMG |
repository_id_str |
|
spelling |
Miguel Mahfoudhttp://lattes.cnpq.br/3953712417488145Olga Rodrigues de Moraes Von SimsonMarco Luiz FernandesRaquel Martins de AssisAdriano Roberto Afonso do Nascimentohttp://lattes.cnpq.br/4167975355085236Roberta Vasconcelos Leite2023-01-30T01:34:42Z2023-01-30T01:34:42Z2015-02-26http://hdl.handle.net/1843/49214No mundo contemporâneo, a vinculação com o passado é problematizada como algo a ser superado e as expressões mais características do sujeito tendem a ser lidas como processos de invenção da própria subjetividade. Nesse cenário, produções em ciências humanas que se ocupam de temas como a percepção do sujeito sobre ele mesmo ou a tradição tendem a tomálos como processos antagônicos, tornando-se difícil compreender o caso dos guardiões de memórias contemporâneos: sujeitos que num movimento pessoal decidem se dedicar a algo que vem do passado, estruturando obras de cuidado de memórias. Neste trabalho objetivamos investigar como se configura a relação entre experiência ontológica e tradição na elaboração da experiência de pessoas que se dedicam à preservação cultural na contemporaneidade. Situando-nos no âmbito da psicologia da cultura, realizamos pesquisa empírica adotando a Fenomenologia Clássica (Husserl e Stein) como referencial teórico-metodológico. Para coleta de dados, selecionamos intencionalmente quatro sujeitos cuja dedicação a memórias estruturou-se em obras de preservação com incidência social em âmbitos diversos (familiar, comunitário, artístico, político) em diferentes regiões do Brasil. Realizamos entrevistas semiestruturadas que foram textualizadas como narrativas. Cada uma foi analisada fenomenologicamente em quatro eixos temáticos: elaboração da obra de preservação; o emergir da pessoalidade e a experiência ontológica; a elaboração da tradição; a relação entre experiência ontológica e tradição na elaboração da experiência. Reconhecemos elementos essenciais dessa relação nas quatro entrevistas analisadas, construindo uma experiência-tipo. Em determinado momento de sua trajetória, a pessoa se maravilha com algo que vem do passado e se reconhece chamada a cuidar disso. Respondendo afirmativamente a esse chamado por meio de uma obra, ela tem ocasião de elaborar o passado e a alteridade como presenças a partir das quais ela se dá conta do próprio ser. Dedicar-se ao que vem do outro emerge então como ser fiel à própria experiência, abrindo caminho para a atualização da tradição num processo pessoal de buscar contribuir para a constituição do mundo por meio de sua obra de preservação. Experimentando realização pessoal, ela lida com obstáculos e aceita sacrifícios reafirmando a radicalidade de cuidar daquilo para o qual se viu chamada. Cuidando para dar continuidade e disponibilizar de modo próprio o que lhe foi transmitido, a pessoa reafirma a centralidade dos valores que convergem num ideal que a tradição suscita em si. Com este ideal ela avalia outras tradições e seu próprio gesto de preservação, evidenciando possibilidades e limites. Dando-se conta de que seu ideal lhe foi dado e a supera, a pessoa vive a sua obra como gratidão ao que lhe foi gratuitamente ofertado, doação de si a algo que lhe dá um lugar no mundo e realiza o próprio ser. Na discussão desses resultados, delimitamos como a relação entre experiência ontológica e tradição na elaboração dos guardiões de memórias estrutura-se como reconhecimento de uma missão pessoal dirigida à afirmação de um ideal despertado em si pela tradição. Afirmando a própria experiência como espaço de reconhecimento de sentido, a pessoa toma o ideal como ímpeto para formular e corrigir seus projetos, empenhando-se para que eles se enraízem nos valores da tradição apreendidos como correspondentes ao próprio ser e ao mundo. Finalizamos indicando como a análise dessas experiências documentam caminhos como a tradição tem lugar no mundo contemporâneo, problematizando abordagens que tematizam a subjetividade de forma necessariamente individualista e provocando-nos a considerar implicações de que o cuidado da memória seja pessoalmente correspondente nos dias atuais.In the contemporary world, the bond with the past is analyzed as something to be overcome and the most characteristic expressions of the subjects tend to be read as processes of invention of its own subjectivity. In this scenario, the human science productions that dedicates to themes such as the subject's perception about itself or the tradition tend to take them as antagonistic processes, making it difficult to understand the case of guardians of contemporary memories: subjects that in a personal movement decide to devote themselves to something that comes from the past, structuring works that takes care of memories. In this paper we investigate how is configured the relationship between ontological experience and tradition in the elaboration of the experience of people who are dedicated to cultural preservation in contemporaneity. Placing us in the field of culture psychology, we conducted an empirical research adopting Classical Phenomenology (Husserl and Stein) as our theoretical-methodological reference. For data collection, we select intentionally four subjects whose dedication to memories structured works of preservation with social incidence in various spheres (family, community, artistic, political) in different regions of Brazil. We performed semi-structured interviews which were textualized as narratives. Each was phenomenologically analyzed in four thematic axes: elaboration of the work of preservation; the emerge of personhood and the ontological experience; the development of tradition; the relationship between ontological experience and tradition in the elaboration of the experience. We recognized the essential elements of that relationship in the four analyzed interviews, building one type-experience. At a certain point in its trajectory, the person amazes itself with something that comes from the past and recognizes itself called to take care of it. Responding affirmatively to this call through a work, the person has the opportunity to elaborate the past and the otherness as presences from what it realizes its own being. Dedicate to what comes from the other emerges then as to be faithful to its own experience, opening the way for the update of the tradition in a personal process of seeking to contribute to the constitution of the world through his work of preservation. Experiencing personal realization, the person deals with obstacles and accepts sacrifices reaffirming the radical care of which the person founds itself called to do. Taking care to give continuity and passing on what was transmitted, in its own way, the person reaffirms the centrality of values that converge in an ideal aroused by tradition in it. With this ideal the person assesses other traditions and its own gesture of preservation, evidencing possibilities and limits. Realizing that its ideal was given to it and overcomes itself, the person lives its work as gratitude to which was offered, given itself to something that creates a place in the world and fulfill their own self. In the discussion of these results, we were able to point out how the relationship between ontological experience and tradition in the elaboration of the guardians of memories is structured as a recognition of a personal mission addressed to the affirmation of an ideal aroused by tradition itself. Declaring its own experience as a place of recognition of meaning, the person takes the ideal as impetus to formulate and fix its projects and engage itself so they can be rooted in the tradition’s values as a correspondence to its own being and to the world. We concluded this paper indicating how the analysis of these experiencies documented paths of how tradition takes place in the contemporary world, questioning approaches that discuss subjectivity in a necessarily individualistic way and causing us to consider implications that point to the memory care being personally correspondent in the present day.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorporUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em PsicologiaUFMGBrasilFAF - DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIAPsicologia - TesesExperiência - TesesMemória coletiva - TesesFenomenologia - TesesExperiência ontológicaTradiçãoMemória coletivaFenomenologiaExperiência ontológica e tradição na experiência de guardiões de memóriasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALTese Experiência ontológica e tradição - FINAL.pdfTese Experiência ontológica e tradição - FINAL.pdfapplication/pdf14181878https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/49214/1/Tese%20Experi%c3%aancia%20ontol%c3%b3gica%20e%20tradi%c3%a7%c3%a3o%20-%20FINAL.pdf7e831301a8c8c86c3635e320d9f5456aMD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82118https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/49214/2/license.txtcda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272MD521843/492142023-01-29 22:34:42.572oai:repositorio.ufmg.br:1843/49214TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2023-01-30T01:34:42Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
Experiência ontológica e tradição na experiência de guardiões de memórias |
title |
Experiência ontológica e tradição na experiência de guardiões de memórias |
spellingShingle |
Experiência ontológica e tradição na experiência de guardiões de memórias Roberta Vasconcelos Leite Experiência ontológica Tradição Memória coletiva Fenomenologia Psicologia - Teses Experiência - Teses Memória coletiva - Teses Fenomenologia - Teses |
title_short |
Experiência ontológica e tradição na experiência de guardiões de memórias |
title_full |
Experiência ontológica e tradição na experiência de guardiões de memórias |
title_fullStr |
Experiência ontológica e tradição na experiência de guardiões de memórias |
title_full_unstemmed |
Experiência ontológica e tradição na experiência de guardiões de memórias |
title_sort |
Experiência ontológica e tradição na experiência de guardiões de memórias |
author |
Roberta Vasconcelos Leite |
author_facet |
Roberta Vasconcelos Leite |
author_role |
author |
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv |
Miguel Mahfoud |
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv |
http://lattes.cnpq.br/3953712417488145 |
dc.contributor.referee1.fl_str_mv |
Olga Rodrigues de Moraes Von Simson |
dc.contributor.referee2.fl_str_mv |
Marco Luiz Fernandes |
dc.contributor.referee3.fl_str_mv |
Raquel Martins de Assis |
dc.contributor.referee4.fl_str_mv |
Adriano Roberto Afonso do Nascimento |
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv |
http://lattes.cnpq.br/4167975355085236 |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Roberta Vasconcelos Leite |
contributor_str_mv |
Miguel Mahfoud Olga Rodrigues de Moraes Von Simson Marco Luiz Fernandes Raquel Martins de Assis Adriano Roberto Afonso do Nascimento |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Experiência ontológica Tradição Memória coletiva Fenomenologia |
topic |
Experiência ontológica Tradição Memória coletiva Fenomenologia Psicologia - Teses Experiência - Teses Memória coletiva - Teses Fenomenologia - Teses |
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv |
Psicologia - Teses Experiência - Teses Memória coletiva - Teses Fenomenologia - Teses |
description |
No mundo contemporâneo, a vinculação com o passado é problematizada como algo a ser superado e as expressões mais características do sujeito tendem a ser lidas como processos de invenção da própria subjetividade. Nesse cenário, produções em ciências humanas que se ocupam de temas como a percepção do sujeito sobre ele mesmo ou a tradição tendem a tomálos como processos antagônicos, tornando-se difícil compreender o caso dos guardiões de memórias contemporâneos: sujeitos que num movimento pessoal decidem se dedicar a algo que vem do passado, estruturando obras de cuidado de memórias. Neste trabalho objetivamos investigar como se configura a relação entre experiência ontológica e tradição na elaboração da experiência de pessoas que se dedicam à preservação cultural na contemporaneidade. Situando-nos no âmbito da psicologia da cultura, realizamos pesquisa empírica adotando a Fenomenologia Clássica (Husserl e Stein) como referencial teórico-metodológico. Para coleta de dados, selecionamos intencionalmente quatro sujeitos cuja dedicação a memórias estruturou-se em obras de preservação com incidência social em âmbitos diversos (familiar, comunitário, artístico, político) em diferentes regiões do Brasil. Realizamos entrevistas semiestruturadas que foram textualizadas como narrativas. Cada uma foi analisada fenomenologicamente em quatro eixos temáticos: elaboração da obra de preservação; o emergir da pessoalidade e a experiência ontológica; a elaboração da tradição; a relação entre experiência ontológica e tradição na elaboração da experiência. Reconhecemos elementos essenciais dessa relação nas quatro entrevistas analisadas, construindo uma experiência-tipo. Em determinado momento de sua trajetória, a pessoa se maravilha com algo que vem do passado e se reconhece chamada a cuidar disso. Respondendo afirmativamente a esse chamado por meio de uma obra, ela tem ocasião de elaborar o passado e a alteridade como presenças a partir das quais ela se dá conta do próprio ser. Dedicar-se ao que vem do outro emerge então como ser fiel à própria experiência, abrindo caminho para a atualização da tradição num processo pessoal de buscar contribuir para a constituição do mundo por meio de sua obra de preservação. Experimentando realização pessoal, ela lida com obstáculos e aceita sacrifícios reafirmando a radicalidade de cuidar daquilo para o qual se viu chamada. Cuidando para dar continuidade e disponibilizar de modo próprio o que lhe foi transmitido, a pessoa reafirma a centralidade dos valores que convergem num ideal que a tradição suscita em si. Com este ideal ela avalia outras tradições e seu próprio gesto de preservação, evidenciando possibilidades e limites. Dando-se conta de que seu ideal lhe foi dado e a supera, a pessoa vive a sua obra como gratidão ao que lhe foi gratuitamente ofertado, doação de si a algo que lhe dá um lugar no mundo e realiza o próprio ser. Na discussão desses resultados, delimitamos como a relação entre experiência ontológica e tradição na elaboração dos guardiões de memórias estrutura-se como reconhecimento de uma missão pessoal dirigida à afirmação de um ideal despertado em si pela tradição. Afirmando a própria experiência como espaço de reconhecimento de sentido, a pessoa toma o ideal como ímpeto para formular e corrigir seus projetos, empenhando-se para que eles se enraízem nos valores da tradição apreendidos como correspondentes ao próprio ser e ao mundo. Finalizamos indicando como a análise dessas experiências documentam caminhos como a tradição tem lugar no mundo contemporâneo, problematizando abordagens que tematizam a subjetividade de forma necessariamente individualista e provocando-nos a considerar implicações de que o cuidado da memória seja pessoalmente correspondente nos dias atuais. |
publishDate |
2015 |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2015-02-26 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2023-01-30T01:34:42Z |
dc.date.available.fl_str_mv |
2023-01-30T01:34:42Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
format |
doctoralThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/1843/49214 |
url |
http://hdl.handle.net/1843/49214 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal de Minas Gerais |
dc.publisher.program.fl_str_mv |
Programa de Pós-Graduação em Psicologia |
dc.publisher.initials.fl_str_mv |
UFMG |
dc.publisher.country.fl_str_mv |
Brasil |
dc.publisher.department.fl_str_mv |
FAF - DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal de Minas Gerais |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UFMG instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) instacron:UFMG |
instname_str |
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) |
instacron_str |
UFMG |
institution |
UFMG |
reponame_str |
Repositório Institucional da UFMG |
collection |
Repositório Institucional da UFMG |
bitstream.url.fl_str_mv |
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/49214/1/Tese%20Experi%c3%aancia%20ontol%c3%b3gica%20e%20tradi%c3%a7%c3%a3o%20-%20FINAL.pdf https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/49214/2/license.txt |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
7e831301a8c8c86c3635e320d9f5456a cda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272 |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1803589397856124928 |