A violência cultural racial sob a perspectiva de coletivos negros universitários
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR |
Texto Completo: | https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/583357 |
Resumo: | A violência no Brasil possui um viés racial, que há décadas vem sendo denunciado pelo movimento negro sobre diversas nomenclaturas: violência racial, genocídio negro ou desigualdades raciais. Verifica-se, entretanto, que a violência direta e mais visível, exposta cotidianamente em jornais e demais meios de comunicação, é somente a parte mais superficial da violência. Argumenta-se, por conseguinte, que o racismo, enquanto violência, é um fenômeno cultural, estrutural e estruturante, originado e desenvolvido por meio de uma Matriz Colonial de Poderes e Ideologias, que se entranhou nas pessoas e se institucionalizou nas organizações em forma de discriminações e preconceitos legitimados por meio de normas, de omissões e de práticas dissimuladas e excludentes. Tendo em vista o exposto, esse estudo contribui teoricamente de duas formas: a primeira, pela proposição do conceito de Violência Cultural Racial (VCR) e a segunda, pela afirmação de que esse tipo de violência não só é visível, mas se estrutura em níveis de visibilidade, de ideologias e de poderes, que impactam de diferentes formas e intensidades a transformação da ordem social e das organizações educacionais, aqui representadas pelas Instituições Federais de Educação Superior brasileiras (IFES). As contribuições teóricas apoiam-se, prioritariamente, em autores decoloniais, em especial, Lélia Gonzalez e seus conceitos de Memória, Consciência e Recalque e em W. E. B. Du Bois e sua Teoria da Dupla Consciência, especialmente, seu conceito de Segunda Visão. Os achados vão de encontro à Teoria do Triângulo da Violência de Galtung e à Teoria da Reprodução Cultural, de Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron e, por outro lado, vão ao encontro dos estudos de Paulson e Tikly e da Teoria da Resistência de Henry Giroux. Como resultado das pesquisas documentais, bibliográficas, entrevistas semiestruturadas em profundidade realizadas com integrantes de Coletivos Negros Universitários (CNUs) e Análise Crítica do Discurso formulou-se um modelo teórico e três proposições teóricas que buscam ampliar o conhecimento acerca de como a VCR se manifesta, se atualiza e se reproduz em cada nível cultural de visibilidade, de ideologia e de poder no âmbito das IFES e demonstrar como ela tem sido combatida pelos CNUs em cada um desses níveis, tendo em vista transformar as organizações educacionais e a ordem social brasileira. Palavras-chave: Violência Cultural Racial. Coletivos Negros Universitários. Instituições Federais de Educação Superior brasileiras. Transformação Organizacional e da Ordem Social. Análise Crítica do Discurso. |
id |
UFOR_71c91b475adf883b4bdb72882b99afc1 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai::583357 |
network_acronym_str |
UFOR |
network_name_str |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR |
repository_id_str |
|
spelling |
A violência cultural racial sob a perspectiva de coletivos negros universitáriosQuestão racialViolência - Aspectos psicológicosAdministração universitáriaA violência no Brasil possui um viés racial, que há décadas vem sendo denunciado pelo movimento negro sobre diversas nomenclaturas: violência racial, genocídio negro ou desigualdades raciais. Verifica-se, entretanto, que a violência direta e mais visível, exposta cotidianamente em jornais e demais meios de comunicação, é somente a parte mais superficial da violência. Argumenta-se, por conseguinte, que o racismo, enquanto violência, é um fenômeno cultural, estrutural e estruturante, originado e desenvolvido por meio de uma Matriz Colonial de Poderes e Ideologias, que se entranhou nas pessoas e se institucionalizou nas organizações em forma de discriminações e preconceitos legitimados por meio de normas, de omissões e de práticas dissimuladas e excludentes. Tendo em vista o exposto, esse estudo contribui teoricamente de duas formas: a primeira, pela proposição do conceito de Violência Cultural Racial (VCR) e a segunda, pela afirmação de que esse tipo de violência não só é visível, mas se estrutura em níveis de visibilidade, de ideologias e de poderes, que impactam de diferentes formas e intensidades a transformação da ordem social e das organizações educacionais, aqui representadas pelas Instituições Federais de Educação Superior brasileiras (IFES). As contribuições teóricas apoiam-se, prioritariamente, em autores decoloniais, em especial, Lélia Gonzalez e seus conceitos de Memória, Consciência e Recalque e em W. E. B. Du Bois e sua Teoria da Dupla Consciência, especialmente, seu conceito de Segunda Visão. Os achados vão de encontro à Teoria do Triângulo da Violência de Galtung e à Teoria da Reprodução Cultural, de Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron e, por outro lado, vão ao encontro dos estudos de Paulson e Tikly e da Teoria da Resistência de Henry Giroux. Como resultado das pesquisas documentais, bibliográficas, entrevistas semiestruturadas em profundidade realizadas com integrantes de Coletivos Negros Universitários (CNUs) e Análise Crítica do Discurso formulou-se um modelo teórico e três proposições teóricas que buscam ampliar o conhecimento acerca de como a VCR se manifesta, se atualiza e se reproduz em cada nível cultural de visibilidade, de ideologia e de poder no âmbito das IFES e demonstrar como ela tem sido combatida pelos CNUs em cada um desses níveis, tendo em vista transformar as organizações educacionais e a ordem social brasileira. Palavras-chave: Violência Cultural Racial. Coletivos Negros Universitários. Instituições Federais de Educação Superior brasileiras. Transformação Organizacional e da Ordem Social. Análise Crítica do Discurso.Violence in Brazil has a racial bias, which has been denounced by the black movement for decades under different terms: racial violence, black genocide or racial inequalities. It appears, however, that the direct and more visible violence, exposed daily in newspapers and other media, is only the most superficial part of violence. It is argued, therefore, that racism, as violence, is a cultural, structural and structuring phenomenon, originated and developed through a Colonial Matrix of Powers and Ideologies, which became embedded in people and institutionalized in organizations in the form of discrimination and prejudices legitimized through rules, omissions and hidden and exclusionary practices. In view of the above, this study contributes theoretically in two ways: the first, by proposing the concept of Racial Cultural Violence (RCV) and the second, by stating that this type of violence is not only visible, but is structured at levels of visibility, ideologies and powers, which impact in different ways and intensities the transformation of the social order and educational organizations, represented here by the Brazilian Federal Institutions of Higher Education (IFES). The theoretical contributions are primarily based on decolonial authors, especially Lélia Gonzalez and her concepts of Memory, Consciousness and Repression and W. E. B. Du Bois and his Theory of Double Consciousness, especially his concept of Second Vision. The findings are in line with Galtung's Theory of the Triangle of Violence and the Theory of Cultural Reproduction, by Pierre Bourdieu and Jean-Claude Passeron and, on the other hand, they are in line with the studies of Paulson and Tikly and Henry's Theory of Resistance Giroux. As a result of documentary and bibliographical research, in-depth semi-structured interviews carried out with members of Black University Collectives (CNUs) and Critical Discourse Analysis, a theoretical model and three theoretical propositions were formulated that seek to expand knowledge about how VCR manifests itself, is updated and reproduced at each cultural level of visibility, ideology and power within the scope of IFES and demonstrates how it has been fought by CNUs at each of these levels, with a view to transforming educational organizations and the Brazilian social order. Keywords: Racial Cultural Violence. University Black Collectives. Brazilian Federal Higher Education Institutions. Organizational Transformation and Social Order. Critical Discourse Analysis.A Tese foi enviada com autorização e certificação via CI 583357 em 28/02/2024.Mascena, Keysa Manuela Cunha deFigueiredo, Marina Dantas deLessa, Bruno de SouzaSoares, Maria de Nazaré MoraesOliveira, Josiane Silva deUniversidade de Fortaleza. Programa de Pós-Graduação em Administração de EmpresasCosta, Cláudia Rosana de Araújo2024info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdf216f.https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/583357https://uol.unifor.br/auth-sophia/exibicao/34167porreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFORinstname:Universidade de Fortaleza (UNIFOR)instacron:UNIFORinfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-03-01T17:03:05Zoai::583357Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://www.unifor.br/bdtdONGhttp://dspace.unifor.br/oai/requestbib@unifor.br||bib@unifor.bropendoar:2024-03-01T17:03:05Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR - Universidade de Fortaleza (UNIFOR)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
A violência cultural racial sob a perspectiva de coletivos negros universitários |
title |
A violência cultural racial sob a perspectiva de coletivos negros universitários |
spellingShingle |
A violência cultural racial sob a perspectiva de coletivos negros universitários Costa, Cláudia Rosana de Araújo Questão racial Violência - Aspectos psicológicos Administração universitária |
title_short |
A violência cultural racial sob a perspectiva de coletivos negros universitários |
title_full |
A violência cultural racial sob a perspectiva de coletivos negros universitários |
title_fullStr |
A violência cultural racial sob a perspectiva de coletivos negros universitários |
title_full_unstemmed |
A violência cultural racial sob a perspectiva de coletivos negros universitários |
title_sort |
A violência cultural racial sob a perspectiva de coletivos negros universitários |
author |
Costa, Cláudia Rosana de Araújo |
author_facet |
Costa, Cláudia Rosana de Araújo |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
Mascena, Keysa Manuela Cunha de Figueiredo, Marina Dantas de Lessa, Bruno de Souza Soares, Maria de Nazaré Moraes Oliveira, Josiane Silva de Universidade de Fortaleza. Programa de Pós-Graduação em Administração de Empresas |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Costa, Cláudia Rosana de Araújo |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Questão racial Violência - Aspectos psicológicos Administração universitária |
topic |
Questão racial Violência - Aspectos psicológicos Administração universitária |
description |
A violência no Brasil possui um viés racial, que há décadas vem sendo denunciado pelo movimento negro sobre diversas nomenclaturas: violência racial, genocídio negro ou desigualdades raciais. Verifica-se, entretanto, que a violência direta e mais visível, exposta cotidianamente em jornais e demais meios de comunicação, é somente a parte mais superficial da violência. Argumenta-se, por conseguinte, que o racismo, enquanto violência, é um fenômeno cultural, estrutural e estruturante, originado e desenvolvido por meio de uma Matriz Colonial de Poderes e Ideologias, que se entranhou nas pessoas e se institucionalizou nas organizações em forma de discriminações e preconceitos legitimados por meio de normas, de omissões e de práticas dissimuladas e excludentes. Tendo em vista o exposto, esse estudo contribui teoricamente de duas formas: a primeira, pela proposição do conceito de Violência Cultural Racial (VCR) e a segunda, pela afirmação de que esse tipo de violência não só é visível, mas se estrutura em níveis de visibilidade, de ideologias e de poderes, que impactam de diferentes formas e intensidades a transformação da ordem social e das organizações educacionais, aqui representadas pelas Instituições Federais de Educação Superior brasileiras (IFES). As contribuições teóricas apoiam-se, prioritariamente, em autores decoloniais, em especial, Lélia Gonzalez e seus conceitos de Memória, Consciência e Recalque e em W. E. B. Du Bois e sua Teoria da Dupla Consciência, especialmente, seu conceito de Segunda Visão. Os achados vão de encontro à Teoria do Triângulo da Violência de Galtung e à Teoria da Reprodução Cultural, de Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron e, por outro lado, vão ao encontro dos estudos de Paulson e Tikly e da Teoria da Resistência de Henry Giroux. Como resultado das pesquisas documentais, bibliográficas, entrevistas semiestruturadas em profundidade realizadas com integrantes de Coletivos Negros Universitários (CNUs) e Análise Crítica do Discurso formulou-se um modelo teórico e três proposições teóricas que buscam ampliar o conhecimento acerca de como a VCR se manifesta, se atualiza e se reproduz em cada nível cultural de visibilidade, de ideologia e de poder no âmbito das IFES e demonstrar como ela tem sido combatida pelos CNUs em cada um desses níveis, tendo em vista transformar as organizações educacionais e a ordem social brasileira. Palavras-chave: Violência Cultural Racial. Coletivos Negros Universitários. Instituições Federais de Educação Superior brasileiras. Transformação Organizacional e da Ordem Social. Análise Crítica do Discurso. |
publishDate |
2024 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2024 |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
format |
doctoralThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/583357 |
url |
https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/583357 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
https://uol.unifor.br/auth-sophia/exibicao/34167 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf 216f. |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR instname:Universidade de Fortaleza (UNIFOR) instacron:UNIFOR |
instname_str |
Universidade de Fortaleza (UNIFOR) |
instacron_str |
UNIFOR |
institution |
UNIFOR |
reponame_str |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR |
collection |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR |
repository.name.fl_str_mv |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR - Universidade de Fortaleza (UNIFOR) |
repository.mail.fl_str_mv |
bib@unifor.br||bib@unifor.br |
_version_ |
1800408714331553792 |