Das tramas do mito aos (des)caminhos da história: a travessia do herói nas literaturas cervantiana e rosiana

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: COLLINGE, Márcia Denise da Rocha
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPA
Texto Completo: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/11212
Resumo: A presente tese consiste numa investigação comparada cujo foco é a constituição dos heróis no Quixote (1605/1615), de Miguel de Cervantes (1547-1616), e no Grande sertão: veredas (1956), de Guimarães Rosa (1908-1967), no intuito de revelar o protagonista Riobaldo como figura análoga ao Cavaleiro da Triste Figura, ao circunvalar a tradição do heroísmo mítico. Do umbral da tradição da Mancha, que enlaça o chefe Urutú Branco e o Cavaleiro dos Leões, ressoam ecos de deidades; de personagens míticos e de referências conceituais de fontes clássicas e medievais. Defendo a proposição de que o Quixote recupera a mitologia que reverbera em clave irônica e atua enquanto gênesis do romance qual gênero, máxime pela recomposição das raízes arcaicas na criação de um herói que se transfigura em mito moderno pelo duplo movimento: 1) ao repropor um saber antigo, 2) justifica e reescreve a história cultural de uma nação. Neste planeamento, aplico os pressupostos da remitificação literária, propostos por Eleazar Mielietinski (1918-2005), para a elaboração do herói everyman nos textos dos corpora. Para tanto, interajo com a figura mítica do herói após o ritual de consagração nos estudos do mito, alinhado ao pensamento de intelectuais como Joseph Campbell (1904-1987) e Gustav Jung (1875-1961). Do diálogo proposto entre esses e outros intérpretes, deslindo as diversas faces do herói, em uma investigação histórico-artística, desde o mito em suas categorias clássicas, tais como o herói épico e o trágico, até seus desdobramentos medievais, barrocos e românticos. Na exegese das obras, apresento a metamorfose do mito literário Dom Quixote, cuja jornada imprime marca indelével ao mosaico heroico universal — qual imagem eterna. O aprofundamento deste estudo revela como o engenhoso cavaleiro assinala-se na memória da literatura brasileira, pelo empoderamento dos temas cervantinos, sobretudo na obra de Guimarães Rosa, o qual entrevê no gênio cervantino dimensões para um novo sistema de criação de heróis — entressachados, cheios de lúcidos intervalos no enganoso sertão mineiro. Alvidro, nas ações do guerreiro Tatarana, claras e esfíngicas marcas manchegas, dentre as quais ressalto: 1) o nascimento maduro; 2) os ciclos e sagas resultantes da busca pela aventura; 3) a evolução psicológica; 4) o mito do duplo; 5) a admiração pela donzela guerreira; 6) o amor como fantasiação; 7) as ambivalentes batalhas marcadas por rituais; 8) o retorno dos heróis; 9) o contar às loucas e 10) o claro-escuro desengano. Desse modo, fundamento o “quixotismo rosiano” — embate inovador à crítica rosiana a partir da leitura quixotesca do romance. É Riobaldo, herdeiro da linhagem de Aquiles, Odisseu, Édipo, Amadis de Gaula, Palmeirim da Inglaterra, Dom Quixote e Roque Guinart quem, ao encarnar valores contraditórios de mescla dos ideais cavalheirescos aos conflitos problemáticos em um mundo à revelia, finca a mensagem do herói mítico, homem humano, na travessia daquele que considero “último clássico”. Desse modo, vislumbro a ampliação da fortuna crítica rosiana, bem como a expansão da tradição da Mancha no Brasil na “inacabável aventura” estético-recepcional transmutada no velar e no desvelar das míticas faces desses heróis, metamorfoses literárias: Dom Riobaldo manchego e o chefe Quixote jagunço.
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Do umbral da tradição da Mancha, que enlaça o chefe Urutú Branco e o Cavaleiro dos Leões, ressoam ecos de deidades; de personagens míticos e de referências conceituais de fontes clássicas e medievais. Defendo a proposição de que o Quixote recupera a mitologia que reverbera em clave irônica e atua enquanto gênesis do romance qual gênero, máxime pela recomposição das raízes arcaicas na criação de um herói que se transfigura em mito moderno pelo duplo movimento: 1) ao repropor um saber antigo, 2) justifica e reescreve a história cultural de uma nação. Neste planeamento, aplico os pressupostos da remitificação literária, propostos por Eleazar Mielietinski (1918-2005), para a elaboração do herói everyman nos textos dos corpora. Para tanto, interajo com a figura mítica do herói após o ritual de consagração nos estudos do mito, alinhado ao pensamento de intelectuais como Joseph Campbell (1904-1987) e Gustav Jung (1875-1961). 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Alvidro, nas ações do guerreiro Tatarana, claras e esfíngicas marcas manchegas, dentre as quais ressalto: 1) o nascimento maduro; 2) os ciclos e sagas resultantes da busca pela aventura; 3) a evolução psicológica; 4) o mito do duplo; 5) a admiração pela donzela guerreira; 6) o amor como fantasiação; 7) as ambivalentes batalhas marcadas por rituais; 8) o retorno dos heróis; 9) o contar às loucas e 10) o claro-escuro desengano. Desse modo, fundamento o “quixotismo rosiano” — embate inovador à crítica rosiana a partir da leitura quixotesca do romance. É Riobaldo, herdeiro da linhagem de Aquiles, Odisseu, Édipo, Amadis de Gaula, Palmeirim da Inglaterra, Dom Quixote e Roque Guinart quem, ao encarnar valores contraditórios de mescla dos ideais cavalheirescos aos conflitos problemáticos em um mundo à revelia, finca a mensagem do herói mítico, homem humano, na travessia daquele que considero “último clássico”. Desse modo, vislumbro a ampliação da fortuna crítica rosiana, bem como a expansão da tradição da Mancha no Brasil na “inacabável aventura” estético-recepcional transmutada no velar e no desvelar das míticas faces desses heróis, metamorfoses literárias: Dom Riobaldo manchego e o chefe Quixote jagunço.The present thesis consists of comparative research whose focus is the formation of two heroes in Quixote (1605/1615), by Miguel de Cervantes (1547-1616), and Grande sertão: veredas (1956), by Guimarães Rosa (1908-1967), in order to reveal the protagonist Riobaldo as a figure analogous to the “Knight of the Sad Countenance”, by circumventing the tradition of mythical heroism. From the paradigm of the tradition of “La Mancha,” that links the chief Urutú Branco and the Knight of the Lions, resonates echoes of deities; of mythical characters and of conceptual references from classical and medieval sources. I defend the proposition that Quixote recovers mythology that reverberates as an ironic concept and acts as the genesis of the novel whose genre, especially by the recomposition of archaic roots in the creation of a hero, transforms it into a modern myth in two ways: 1) proclamation of ancient wisdom, 2) the justification and rewriting of the cultural history of a nation. Through this, I apply the presuppositions of the literary remythification, proposed by Eleazar Mielietinski (1918-2005), for the elaboration of the everyman hero in the corpora texts. Therefore, I interact with the mythical figure of the hero after the ritual of consecration in the studies of the mythology, aligned with the thought of intellectuals such as Joseph Campbell (1904-1987) and Gustav Jung (1875-1961). From the dialogue proposed between these and other interpreters, I decipher between the various faces of the hero in a historical-artistic investigation, from the myth in its classical form, such as the epic and the tragedy, to its medieval, baroque and romantic developments. In the exegesis of the works, I present the metamorphosis of the literary myth Don Quixote, whose journey leaves an indelible mark on the universal heroic mosaic — the eternal image. The depth of this study reveals how the ingenious knight stands out in the memory of Brazilian literature, ratifying the various manifestations of empowerment of Cervantine themes, especially in the work of Guimarães Rosa, who sees, in Cervantes’ genius, dimensions for a new system of the creation of different types of heroes — madmen in streaks, full of lucid intervals in the deceptive Sertão of Minas Gerais. I exhibit, through the actions of the knight Tatarana, clear and enigmatic trademarks of La Mancha, among which I emphasize: 1) mature birth 2) cycles and saga resulting from the search for adventure 3) the psychological evolution 4) the myth of the duo 5) the admiration of the lady-knight 6) Love as fantasy 7) the ambivalent battles marked by ritual 8) the return of heroes 9) mad narration 10) the disillusion of darkness and light. Through this work, I establish the idea of “Rosian Quixoticism,” an innovative approach to Rosian criticism from a quixotic reading of the novel. It is Riobaldo, heir to the lineage of Achilles, Odysseus, Oedipus, Amadis de Gaula, Palmeirim of England, Don Quixote and Roque Guinart who, in embodying contradictory values mixing chivalrous ideals and problematic conflicts in a world in absentia, establishes the message of the mythical hero, the human being, in the traversal of “the last classic”. Accordingly, I see the expansion of the Rosian critical fortune, as well as the expansion of tradition of La Mancha in Brazil through the “endless aesthetic-receptive adventure” transmuted into the veiling and unveiling of the mythical faces of these heroes, true literary metamorphoses: Don Riobaldo Manchego and the jagunço, Quixote.FAPESPA - Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e PesquisasIFPA - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do ParáPARFOR - Plano Nacional de Formação de ProfessoresporUniversidade Federal do ParáPrograma de Pós-Graduação em LetrasUFPABrasilInstituto de Letras e Comunicação1 CD-ROMreponame:Repositório Institucional da UFPAinstname:Universidade Federal do Pará (UFPA)instacron:UFPACNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRAS::TEORIA LITERARIALITERATURA: INTERPRETAÇÃO, CIRCULAÇÃO E RECEPÇÃOESTUDOS LITERÁRIOSHeróis na literaturaMito na literaturaRosa, João Guimarães, 1908-1967- Grande Sertão Veredas- Crítica e interpretaçãoCervantes Saavedra, Miguel de, 1547-1616-Dom quixote-Crítica e interpretaçãoDas tramas do mito aos (des)caminhos da história: a travessia do herói nas literaturas cervantiana e rosianainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisHOLANDA, Sílvio Augusto de Oliveirahttp://lattes.cnpq.br/0928175455054278JACKSON, Kenneth Davidhttp://lattes.cnpq.br/1262956754935486COLLINGE, Márcia Denise da Rochainfo:eu-repo/semantics/openAccessORIGINALTese_DasTramasMito.pdfTese_DasTramasMito.pdfapplication/pdf3346674http://repositorio.ufpa.br/oai/bitstream/2011/11212/1/Tese_DasTramasMito.pdf455209212d1481299bf8e89030150ea1MD51CC-LICENSElicense_urllicense_urltext/plain; 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Rosa, João Guimarães, 1908-1967- Grande Sertão Veredas- Crítica e interpretação
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LITERATURA: INTERPRETAÇÃO, CIRCULAÇÃO E RECEPÇÃO
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