O realismo maravilhoso no romance sombras de reis barbudos: formas de silenciamento e de opressão em tempos de ditadura militar

• Autor(a) principal: Silva, Ellen Diniz
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFPB
• Texto Completo: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/27796
• topic: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRAS; Realismo maravilhoso; Ditadura militar; Sombras de reis barbudos

No Brasil, o Realismo Maravilhoso não alcançou o mesmo status que os demais países latinoamericanos. Mesmo assim, a crítica literária reconhece a importância do escritor brasileiro José J. Veiga como um dos maiores representantes do gênero insólito. Dentre as obras do autor, selecionamos para este trabalho monográfico o romance Sombras de reis barbudos (1972), publicado no período de ditadura militar. Nessa obra, a manifestação do Realismo Maravilhoso é convertida em situações absurdas que colaboram para o surgimento de uma atmosfera violenta e opressora, que se desenvolve a partir de um golpe instaurado na pequena e fictícia cidade chamada Taitara. Nosso objetivo é analisar os elementos insólitos como possíveis elementos alegóricos que podem ser relacionados ao contexto histórico ditatorial brasileiro, que teve início em 1964. A metodologia deste projeto está centrada em uma pesquisa de caráter bibliográfico. No que diz respeito às pesquisas que tiveram como foco investigar o modo como a censura operava no período ditatorial, consultamos os estudos das pesquisadoras Sandra Reimão (2011) e Regina Dalcastagnè (1996-2001). No que se refere aos teóricos citados a fim de conceituar o Realismo Maravilhoso, recorremos aos textos de Irlemar Chiampi (1980), Alejo Carpentier (1985), Maria Eugènia Pereira (2005) e David Roas (2014). Para melhor compreender as características da literatura de José J Veiga, recorremos aos pesquisadores Gregório Dantas (2002), Anderson Pires (2016), Leonice Carvalho (2017) e Eleone Assis (2014). Após a análise, identificamos que o espaço criado pelo autor contribui com uma esfera Real Maravilhosa caracterizada pela opressão, que exprime a violência do contexto ditatorial. Por exemplo, os muros erguidos na cidade é um símbolo que causa divisão, isolamento, opressão e medo. Além disso, observamos que a invasão e aceitação dos urubus que vigiam o lugarejo mantêm o teor Real Maravilhoso, outras marcas presentes no romance identificadas remetem de maneira mais clara ao golpe militar, por exemplo: a instauração de um golpe, as torturas, e a censura.