Fogo Nos Racistas! : Epistemologias negras para ler, ver e ouvir a música afrodiaspórica
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Tese |
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Título da fonte: | Repositório Institucional da UFPE |
Texto Completo: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/40511 |
Resumo: | O epistemicídio foi uma das maneiras aplicadas pela colonialidade para promover o genocídio do povo negro, assim como para inferiorizar e subalternizar outros saberes que foram deslegitimados no âmbito acadêmico. Dessa forma, estudar epistemologias negras mostra-se necessário para o combate ao racismo e para a descolonização dos currículos universitários. Não se diferenciando dessa situação, o campo da Comunicação no país está muito aquém na discussão de racialidades e racismos, não refletindo assim a necessidade e a urgência do enfrentamento dessas questões. Para atingir esses objetivos há de se reconhecer a importância de se pesquisar a música negra como vetor de processos identitários e como é usada para a comunicação, política e sociabilidades dentro de um contexto afrodiaspórico, assim como suas potências e limitações. Essa música também enseja afiliações transnacionais entre populações negras no mundo e abre possibilidades de diálogos político-estéticos entre estas, numa movimentação, por vezes, anti-hegemônica. Este lugar central da música, em alguns momentos, cede espaço para outras representações, como corpo, performance e imagem. Estes são apreendidos e lidos a partir de um estopim musical, sendo assim sempre atravessados pelo som. Dessa forma, autores e autoras negras, comprometidos com a criação de um pensamento enegrecido e insurgente (WEST, 1985), foram utilizados para a construção argumentativa, dentre eles, Paul Gilroy, Tsitsi Ella Jaji, Bell Hooks, Frantz Fanon, Abdias do Nascimento, Achille Mbembe, Patricia Hill Collins, entre outros. Epistemologias negras foram aplicadas em análises culturológicas de materiais heterogêneos de artistas negros da música. Discos, videoclipes, filmes, imagens e letras foram acionados para interpretar o conteúdo, enquanto produto de subjetividades negras politizadas, do ganês Blitz the Ambassador, do afro-americano Childish Gambino em conjunto com os brasileiros Emicida, Rincon Sapiência, Xênia França e Marku Ribas. Assim, trabalhar com objetos da cultura pop, que são colocados em posição marginal dentro do campo da Comunicação, como música, videoclipes e cinema hollywoodiano, dentro do contexto de uma cultura midiática com o viés afirmativo e racializado, constitui o conteúdo desta tese. O processo de tornar-se negro (SOUZA, 1983), assim como o combate ao racismo, enseja um estímulo para que se contem experiências negras não somente no âmbito da política e da arte, mas também na academia. Isso estimularia o desenvolvimento de um olhar opositor (HOOKS, 2019) que poderia desconstruir criticamente o uso de imagens de controle (COLLINS, 2019) que a mídia utiliza para perpetuar e expandir o devir negro no mundo (MBEMBE, 2014). Tomando o controle, mesmo que parcial, de suas narrativas, vozes negras ajudam a desestabilizar o discurso hegemônico e sonhar futuros possíveis. |
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Não se diferenciando dessa situação, o campo da Comunicação no país está muito aquém na discussão de racialidades e racismos, não refletindo assim a necessidade e a urgência do enfrentamento dessas questões. Para atingir esses objetivos há de se reconhecer a importância de se pesquisar a música negra como vetor de processos identitários e como é usada para a comunicação, política e sociabilidades dentro de um contexto afrodiaspórico, assim como suas potências e limitações. Essa música também enseja afiliações transnacionais entre populações negras no mundo e abre possibilidades de diálogos político-estéticos entre estas, numa movimentação, por vezes, anti-hegemônica. Este lugar central da música, em alguns momentos, cede espaço para outras representações, como corpo, performance e imagem. Estes são apreendidos e lidos a partir de um estopim musical, sendo assim sempre atravessados pelo som. Dessa forma, autores e autoras negras, comprometidos com a criação de um pensamento enegrecido e insurgente (WEST, 1985), foram utilizados para a construção argumentativa, dentre eles, Paul Gilroy, Tsitsi Ella Jaji, Bell Hooks, Frantz Fanon, Abdias do Nascimento, Achille Mbembe, Patricia Hill Collins, entre outros. Epistemologias negras foram aplicadas em análises culturológicas de materiais heterogêneos de artistas negros da música. Discos, videoclipes, filmes, imagens e letras foram acionados para interpretar o conteúdo, enquanto produto de subjetividades negras politizadas, do ganês Blitz the Ambassador, do afro-americano Childish Gambino em conjunto com os brasileiros Emicida, Rincon Sapiência, Xênia França e Marku Ribas. Assim, trabalhar com objetos da cultura pop, que são colocados em posição marginal dentro do campo da Comunicação, como música, videoclipes e cinema hollywoodiano, dentro do contexto de uma cultura midiática com o viés afirmativo e racializado, constitui o conteúdo desta tese. O processo de tornar-se negro (SOUZA, 1983), assim como o combate ao racismo, enseja um estímulo para que se contem experiências negras não somente no âmbito da política e da arte, mas também na academia. Isso estimularia o desenvolvimento de um olhar opositor (HOOKS, 2019) que poderia desconstruir criticamente o uso de imagens de controle (COLLINS, 2019) que a mídia utiliza para perpetuar e expandir o devir negro no mundo (MBEMBE, 2014). Tomando o controle, mesmo que parcial, de suas narrativas, vozes negras ajudam a desestabilizar o discurso hegemônico e sonhar futuros possíveis.FACEPEEpistemicide was one of the ways applied by coloniality to promote the genocide of the black people, as well as to lower and subordinate other knowledge that was delegitimized in the academic sphere. Thus, studying black epistemologies is necessary to combat racism and to decolonize university curricula. Not differing from this situation, the field of Communication in the country falls far short in the discussion of racialities and racisms, thus not reflecting the need and urgency to face these issues. In order to achieve these objectives, it is necessary to recognize the importance of researching black music as a vector for identity processes and how it is used for communication, politics and sociability within an African diaspora context, as well as its strengths and limitations. This music also gives rise to transnational affiliations among black populations in the world and opens up possibilities for political-aesthetic dialogues between them, in a movement, at times, anti-hegemonic. This central place of music, at times, gives way to other representations, such as body, performance and image. These are apprehended and read from a musical fuse, thus being always crossed by the sound. In this way, black authors, committed to the creation of a blackened and insurgent thought (WEST, 1985), were used for the argumentative construction, among them, Paul Gilroy, Tsitsi Ella Jaji, Bell Hooks, Frantz Fanon, Abdias do Nascimento, Achille Mbembe, Patricia Hill Collins, among others. Black epistemologies were applied in cultural analysis of heterogeneous materials by black music artists. Records, videoclips, films, images and lyrics were used to interpret the content, as a product of politicized black subjectivities, by the Ghanaian Blitz the Ambassador, by the African-American Childish Gambino together with Brazilian artists Emicida, Rincon Sapiência, Xênia França and Marku Ribas. Thus, working with objects of pop culture, which are placed in a marginal position within the field of Communication, such as music, videoclips and Hollywood cinema, within the context of a media culture with an affirmative and racialized bias, constitutes the content of this thesis. The process of becoming black (SOUZA, 1983), as well as the fight against racism, provides a stimulus to contain black experiences not only in the realm of politics and art, but also in academia. This would stimulate the development of an oppositional gaze (HOOKS, 2019) that could critically deconstruct the use of controlling images (COLLINS, 2019) that the media uses to perpetuate and expand of the world's becoming-black (MBEMBE, 2014). Taking control, even if partial, of their narratives, black voices help to destabilize the hegemonic discourse and dream possible futures.porUniversidade Federal de PernambucoPrograma de Pos Graduacao em ComunicacaoUFPEBrasilAttribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessEpistemologias NegrasMúsica do Atlântico NegroAfrodiásporaMídiaRacismoFogo Nos Racistas! : Epistemologias negras para ler, ver e ouvir a música afrodiaspóricainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisdoutoradoreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPEORIGINALTESE Rafael Pinto Ferreira de Queiroz.pdfTESE Rafael Pinto Ferreira de Queiroz.pdfapplication/pdf5942187https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/40511/1/TESE%20Rafael%20Pinto%20Ferreira%20de%20Queiroz.pdf1f3514ae3fef500a68d368cdaa66333bMD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; 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