Distúrbio de sono e obesidade em crianças na idade escolar : um estudo caso controle

• Autor(a) principal: ANDRADE, Sheylane Pereira de
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
• dARK ID: ark:/64986/001300000dpsh
• Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/49743
• topic: Exercício Físico; Ingestão de Alimentos; Estado Nutricional; Infância; Obesidade; Sono

A obesidade infantil é um problema crescente de saúde pública mundial. Vários são os fatores associados, dentre eles destaca-se o distúrbio de sono, com consequente privação das horas de sono, que tem se mostrado elevado atualmente. Diante disso, o objetivo do presente estudo foi verificar a associação entre obesidade e distúrbio de sono em crianças em idade escolar. Trata- se de uma pesquisa do tipo caso-controle com 299 crianças (109 obesas e 190 eutróficas) na faixa etária de seis a menor que 10 anos, atendidas no Ambulatório de Pediatria e no Ambulatório de Endocrinologia Pediátrica do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC/UFPE). A variável dependente consistiu no estado nutricional das crianças, definindo-se como “casos” as crianças obesas e “controles” as eutróficas, classificadas por meio do Índice de Massa Corporal/Idade/Sexo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. A variável independente foi o distúrbio de sono, verificado por meio do Children’s Sleep Habits Questionnaire (CSHQ), adotando-se valores superiores a 41 pontos como distúrbio de sono. As covariáveis foram os fatores da criança, como: peso ao nascer em relação a idade gestacional, alimentação, atividade física e comportamento sedentário, e fatores maternos, como: socioeconômicos, demográficos e índice de massa corporal. A análise de regressão logística múltipla foi realizada com o objetivo de identificar a contribuição ajustada das variáveis independentes no desfecho. Adotou-se valor de p<0,05 como nível de significância estatística, e significância limítrofe valores de p entre 0,05 a 0,10. Observamos que 91,3% das crianças apresentaram distúrbio de sono. Entre as crianças obesas 96,3% (105/109) apresentavam distúrbio de sono e entre as eutróficas, 88,4% (168/190) (OR=3,45; IC95%:1,15–10,25, p=0,027). A análise de regressão logística múltipla demonstrou maior chance de apresentar obesidade as crianças que apresentaram distúrbio de sono (OR=4,54; IC95%: 1,34–15,33, p=0,015), as com mães obesas (OR=6,09; IC95%: 3,20–11,56, p<0,001), com nível de pobreza menos precário (OR=1,85; IC95%: 0,96–3,56, p=0,066) e nascidas grandes para a idade gestacional (OR=1,71; IC95%: 0,92–3,20, p=0,092). Por outro lado, as que participavam de atividades físicas organizadas tiveram maior chance de serem obesas (OR=2,09; IC95%: 1,15–3,80, p=0,016), como também as que frequentemente ou muito frequentemente recebiam restrição do tempo de telas (OR=1,66; IC95%:0,93–2,97, p=0,088), sendo o maior consumo de alimentos ricos em carboidratos um fator de proteção para a obesidade (OR=0,24; IC95%: 0,07–0,81, p=0,022). Esses achados provavelmente espelham o fato das crianças obesas já virem sendo acompanhadas em ambulatório especializado onde recebiam orientação alimentar e de prática de atividade física adequadas. Concluímos que a obesidade foi associada ao distúrbio de sono em crianças em idade escolar. Embora o consumo alimentar inadequado e o sedentarismo tenham sido apontados pela literatura como possíveis fatores mediadores para o aumento da obesidade em crianças com distúrbio de sono, esses resultados não foram observados na presente pesquisa. Pertencer a famílias com nível de pobreza menos precário, nascer grande para idade gestacional e a obesidade materna contribuíram para a obesidade infantil.