Produção de sentidos e significados por docentes em formação continuada.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vargas, Geovana Camargo
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
dARK ID: ark:/64986/00130000067rz
Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/10940
Resumo: Compreender o mundo a partir de uma abordagem sócio-histórica traz consigo a noção de que o homem é uma criação dele mesmo, isto é, das relações e práticas sociais da humanidade. Neste sentido, ele não apenas revela o todo que o constitui como humano genérico, mas também expressa sua singularidade na relação dialética que mantém com a sociedade, sendo ao mesmo tempo parte e totalidade da humanidade. Logo, o homem transforma o mundo exterior do mesmo modo em que se transforma, produz e reproduz os conhecimentos produzidos ao longo da História da humanidade; ao se apropriarem dessa história, os homens se objetivam como humanos, objetivam sua subjetividade. Neste processo de mudança, de relação, há também a produção de trabalho, de atividade voluntária, que é significada pelos sujeitos. No caso da atividade docente, observa-se a prática de incentivo à formação continuada, a qual teria potencial transformador da atividade. Entretanto, observa-se que as pesquisas direcionadas a se pensar a produção de sentidos estão distantes da análise à luz das prescrições sociais e da possibilidade que a transformação de sentidos produza algum tipo de transformação na ação. Assim, a presente investigação objetivou analisar o processo de construção de sentidos de professores em formação continuada e o impacto disso na reconfiguração da sua ação. Para a obtenção de dados que acompanhassem o processo de construção de sentidos, foram utilizados textos produzidos em entrevista com quatro professores em formação continuada. Na intenção de verificar em que medida as transformações de sentido eram acompanhadas de modificações na ação do professor e de que forma estas eram influenciadas por prescrições de documentos mais abrangentes, foram utilizados, na construção dos dados, planejamentos realizados pelos docentes participantes e a proposta pedagógica da instituição. Longe de serem prescrições, verdades ou conclusões absolutas, as análises dos sentidos produzidos pelos professores em conjunto com o contexto em que se inserem permitiram a elaboração de algumas reflexões gerais e apontamentos. Primeiramente, é inegável o impacto dos textos prescritivos na produção de sentidos dos professores, evidenciando os textos como possibilidades de reconfiguração na ação. Os professores entrevistados, em maior ou menor grau, apresentaram a entrada na escola, cujas prescrições epistemológicas são bem claras, como fonte de mudança de sentidos e, consequentemente, de pensamento. A reconfiguração da ação nos textos, entretanto, foi observada com maior clareza nos momentos em que os sujeitos eram implicados na ação, quando os sentidos em torno dela não eram pautados na obrigatoriedade, no cumprimento de algo a pedido de uma autoridade, conduzindo a uma segunda reflexão importante. As formações continuadas que aconteciam na escola – as assessorias – eram significadas, por muitos, como inúteis. Elas foram originalmente configuradas para proporcionar subsídios aos professores na sua prática e tornaram-se momentos em que os professores, apesar de serem professores, viravam alunos e tinham tolhidas as suas experiências, necessidades, desejos, anseios. Porém, nos espaços em que não eram percebidas autoridades, obrigatoriedade e, principalmente, havia a implicação do professor no seu fazer, acolhimento e questionamento das demandas, verificaram-se sentidos atrelados ao prazer, às possibilidades, à motivação. Desse modo, apontam-se para a possibilidade de reconfiguração da ação, também nos textos e pelos textos, dadas as condições de colaboração, permitindo pensar outras possibilidades, formações continuadas que busquem transformação da ação através da ressignificação dela.
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