Estudo sobre o processo criativo no contexto de aprendizagem de História: um olhar a partir da Psicologia sócio-histórica

• Autor(a) principal: OLIVEIRA, Luciana Gregório de
• Data de Publicação: 2018
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
• Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/33095
• topic: Psicologia Cognitiva; Aprendizagem; História – Estudo e ensino; Imaginação; Criação (Literária, artística, etc.)

Tendo como referencial a Psicologia sócio-histórica, a atividade criadora é definida como toda ação humana com capacidade de produzir algo novo, agregando, com isso, aspectos singulares, coletivos, sociais, afetivos e históricos do cotidiano de um indivíduo. O processo criativo se desenvolve por meio do resgate, através da memória, de experiências passadas, e da ressignificação destas experiências por meio da imaginação. A fim de contribuir com os estudos sobre o processo criativo, pretendeu-se contextualizá-lo à aprendizagem de história, considerando a abordagem denominada Educação Histórica, que se utiliza do conceito de consciência histórica. Tanto o processo criativo quanto a consciência histórica envolvem a relação entre outros processos psicológicos como memória, pensamento, imaginação, linguagem. E ambos trabalham com a significação do tempo de modo que produzem com base no passado para compreender o presente e realizarem orientações para o futuro. Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo geral compreender o processo criativo de estudantes do ensino fundamental sobre eventos e edificações históricas do período do Brasil holandês em Pernambuco durante o século XVII. A pesquisa adotou a proposta do pesquisarCOM. Concebemos as interlocutoras do estudo de forma não hierarquizada e como construtoras de conhecimento. Para a construção dos dados da pesquisa, foi realizada uma oficina estética composta por três atividades distribuídas em cinco encontros envolvendo cinco estudantes do oitavo ano de uma escola pública federal, fazendo uso de diversas linguagens artísticas, enquanto mediação, para se ter acesso à produção criativa das estudantes. A oficina estética encontra-se fundamentada no conceito vigotskiano de educação estética, que promove a produção de sentidos a partir da ressignificação de elementos da vida cotidiana. Os dados construídos foram videografados. A análise deste material considerou os aspectos materiais e subjetivos do processo criativo, incluindo a contextualização do período histórico focado para a pesquisa em relação à cidade e ao colégio onde o estudo se desenvolveu. O material foi analisado tendo como referência categorias teóricas inspiradas nos mecanismos integrantes do processo criativo propostos por Vigotski: percepções externas e internas; fragmentações do todo; processo de modificação; influência das emoções sobre as impressões exteriores; junção dos elementos dissociados e modificados; combinação em sistemas de imagens isoladas; conversão da imaginação em imagens exteriores. Sobre o ato criador, observamos que o mecanismo do processo criativo mais frequente foi a associação dos elementos devido ao tipo de atividades propostas na oficina. Eram atividades que demandavam uma rememoração e junção dos elementos resgatados, coadunando com uma das propostas do ensino de história, que é promover a problematização de temas históricos. A associação ocorreu a partir da junção de elementos do repertório cultural das estudantes ou com estes e aqueles que surgiram no decorrer das atividades da oficina. Destas associações, percebemos que as estudantes elaboraram um sistema de conceitos formado por elementos como Maurício de Nassau, economia, diversidade cultural, colonização e pontes. Estas foram significadas como uma forma de ligação entre a cidade de Recife do século XVII e a atual.