Formas de transmissão de conhecimentos entre os Tariano da região do Rio Uaupés Amazonas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fernandes Fontoura, Ivo
Data de Publicação: 2006
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/933
Resumo: Esta dissertação versa sobre as formas de transmissão de conhecimentos entre os Tariano da região do rio Uaupés. Nas últimas décadas ocorre, na região, um processo de revalorização dos conhecimentos tradicionais. Esse trabalho busca identificar, analisar e discutir a importância dos mesmos no contexto atual, trazendo informações dos diferentes processos de trocas de conhecimentos que os povos indígenas adotavam antes da implantação da educação escolar na região. Os Talyáseri, assim, como outros povos indígenas da região do alto rio Negro, conforme habitam as margens dos rios Uaupés e Papuri (este último afluente do primeiro) e a sua ocupação é cheia de episódios guerreiros, de lutas com os Tukano . Atualmente os Talyáseri estão presentes em vinte e cinco povoados, três deles no rio Papuri e o restante nas margens: direita e esquerda do rio Uaupés. Cada um desses povoados representa um clã patrilinear, posto que reconhecem uma origem comum. As relações de parentesco vinculadas aos traços agnáticos e de afinidade no meio cultural constituem o essencial na identidade dos Talyáseri. Os conhecimentos tradicionais indígenas estão vinculados ao contexto social, político, econômico e cultural vivenciado pelos Talyáseri, razão pela qual a construção do conhecimento se deve àquele ambiente específico onde se encontra inserido um determinado povo, seja ele, indígena ou não, com seus costumes, crenças e tradições. As visões de mundo, os mitos, a história, a noção da hierarquia dos clãs, das relações de parentesco, da territorialidade, a compreensão da fauna, da flora, o emprego das técnicas nas atividades de pesca, da caça, no cultivo, na construção de uma habitação, o uso de plantas medicinais, o emprego das substâncias analgésicas, a orientação nas constelações, nas cheias e vazantes dos rios, a implementação e uso dos instrumentos de danças, dos objetos ritualísticos, a fabricação de objetos de uso doméstico, das indumentárias, à culinária, às crenças ao mundo sobrenatural entre outros, são alguns dos conhecimentos que os Talyáseri portam. Se fossemos analisar cada um deles poderíamos identificar vários outros conhecimentos que se encontram interligados a eles. Os conhecimentos para poderem ser adotados tiveram que passar por um longo processo de observação, experimentação e a sua validade comprovada pelas formas de como cada um deles era aplicado pelos seus detentores. E compreendem desde àqueles relacionados à ecologia (etnoecologia), onde, o objeto de estudo se volta na relação do homem com o seu ambiente, que, por sua vez, abrange às técnicas de cultivo (manejo do solo), seleção genéticas de plantas, utilização de plantas estimulantes, medicinais e industriais entre outros, a eles a autora denomina do saber etnobotânico . Além do mais, compõem o quadro do saber etnozoológico : a captura de proteína animal, estratégias de caças, captura de proteína vegetal, os tabus alimentares e o conservadorismo. A partir desses pressupostos vários pesquisadores afirmam que o conhecimento do ambiente ecológico, o tipo de adaptação e percepção da relação existente entre a vida animal e vegetal, e a humana é um dos principais legados dos povos indígenas para a sociedade contemporânea. Através de uma pesquisa de campo realizada em Iauareté concluiu-se que o conjunto de saberes adotados e desenvolvidos pelos Talyáseri desde os seus ancestrais e continuamente renovados a cada geração constitui na percepção deles ao que chamamos aqui de payekanipe. Para mostrar-se portador deste conhecimento a pessoa deve aprender todos os saberes relacionados ao seu clã como também para a sua subsistência, assim, um Talyáseri deve conhecer toda a diversidade de conhecimento que esteja vinculado à sabedoria dos seus antepassados para se manter a sua sobrevivência física, que dependendo do momento e do ambiente, eles traçam novas estratégias que graças ao senso de observação levantam hipóteses para em seguida serem testadas e se for comprovado o adotarão
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Os Talyáseri, assim, como outros povos indígenas da região do alto rio Negro, conforme habitam as margens dos rios Uaupés e Papuri (este último afluente do primeiro) e a sua ocupação é cheia de episódios guerreiros, de lutas com os Tukano . Atualmente os Talyáseri estão presentes em vinte e cinco povoados, três deles no rio Papuri e o restante nas margens: direita e esquerda do rio Uaupés. Cada um desses povoados representa um clã patrilinear, posto que reconhecem uma origem comum. As relações de parentesco vinculadas aos traços agnáticos e de afinidade no meio cultural constituem o essencial na identidade dos Talyáseri. Os conhecimentos tradicionais indígenas estão vinculados ao contexto social, político, econômico e cultural vivenciado pelos Talyáseri, razão pela qual a construção do conhecimento se deve àquele ambiente específico onde se encontra inserido um determinado povo, seja ele, indígena ou não, com seus costumes, crenças e tradições. As visões de mundo, os mitos, a história, a noção da hierarquia dos clãs, das relações de parentesco, da territorialidade, a compreensão da fauna, da flora, o emprego das técnicas nas atividades de pesca, da caça, no cultivo, na construção de uma habitação, o uso de plantas medicinais, o emprego das substâncias analgésicas, a orientação nas constelações, nas cheias e vazantes dos rios, a implementação e uso dos instrumentos de danças, dos objetos ritualísticos, a fabricação de objetos de uso doméstico, das indumentárias, à culinária, às crenças ao mundo sobrenatural entre outros, são alguns dos conhecimentos que os Talyáseri portam. Se fossemos analisar cada um deles poderíamos identificar vários outros conhecimentos que se encontram interligados a eles. Os conhecimentos para poderem ser adotados tiveram que passar por um longo processo de observação, experimentação e a sua validade comprovada pelas formas de como cada um deles era aplicado pelos seus detentores. E compreendem desde àqueles relacionados à ecologia (etnoecologia), onde, o objeto de estudo se volta na relação do homem com o seu ambiente, que, por sua vez, abrange às técnicas de cultivo (manejo do solo), seleção genéticas de plantas, utilização de plantas estimulantes, medicinais e industriais entre outros, a eles a autora denomina do saber etnobotânico . Além do mais, compõem o quadro do saber etnozoológico : a captura de proteína animal, estratégias de caças, captura de proteína vegetal, os tabus alimentares e o conservadorismo. A partir desses pressupostos vários pesquisadores afirmam que o conhecimento do ambiente ecológico, o tipo de adaptação e percepção da relação existente entre a vida animal e vegetal, e a humana é um dos principais legados dos povos indígenas para a sociedade contemporânea. Através de uma pesquisa de campo realizada em Iauareté concluiu-se que o conjunto de saberes adotados e desenvolvidos pelos Talyáseri desde os seus ancestrais e continuamente renovados a cada geração constitui na percepção deles ao que chamamos aqui de payekanipe. Para mostrar-se portador deste conhecimento a pessoa deve aprender todos os saberes relacionados ao seu clã como também para a sua subsistência, assim, um Talyáseri deve conhecer toda a diversidade de conhecimento que esteja vinculado à sabedoria dos seus antepassados para se manter a sua sobrevivência física, que dependendo do momento e do ambiente, eles traçam novas estratégias que graças ao senso de observação levantam hipóteses para em seguida serem testadas e se for comprovado o adotarãoporUniversidade Federal de PernambucoAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessTalyáseri (Tariano) e diversidade culturalformas de transmissão de conhecimentosConhecimentoFormas de transmissão de conhecimentos entre os Tariano da região do Rio Uaupés Amazonasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPETHUMBNAILarquivo4681_1.pdf.jpgarquivo4681_1.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg2018https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/933/4/arquivo4681_1.pdf.jpg07868e9c37a4db5d113438b04cd555adMD54ORIGINALarquivo4681_1.pdfapplication/pdf1878690https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/933/1/arquivo4681_1.pdf12cad92c892c9606473f2969ec79a0e0MD51LICENSElicense.txttext/plain1748https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/933/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52TEXTarquivo4681_1.pdf.txtarquivo4681_1.pdf.txtExtracted texttext/plain338030https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/933/3/arquivo4681_1.pdf.txt93e5b7b717edbd1cfaa68d2f6f680314MD53123456789/9332019-10-25 04:12:22.041oai:repositorio.ufpe.br:123456789/933Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufpe.br/oai/requestattena@ufpe.bropendoar:22212019-10-25T07:12:22Repositório Institucional da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)false
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