A projeção da retórica aristotélica na construção original de uma retórica jurídica da práxis por Cícero

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: MAIA, Fernando Joaquim Ferreira
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
dARK ID: ark:/64986/0013000002ttz
Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/16650
Resumo: Parte-se da hipótese de que Cícero continua e desenvolve a retórica de Aristóteles a partir de um ponto em comum, ainda que dirigido à realidade romana: a politização da ética e da filosofia. O orador tem um papel político na defesa do Estado e da ordem social e deve participar ativamente do controle do sistema jurídico, da proteção e da reprodução das relações sociais e respectivos valores e instituições. Ao fazer isso, oferece contribuições específicas que vão caracterizar a retórica jurídica em Roma e marcar sua originalidade. Defendem-se então três teses específicas. Pela primeira, Cícero coloca no mesmo plano a retórica, a filosofia e o direito, pois une o “como dizer” a “o que dizer”. Liga-se a Aristóteles ao tentar aproximar a retórica da filosofia, da ética e da política, embora o Estagirita, ao atacar os sofistas, coloque a política e a filosofia acima da retórica e assim tente separar a boa da má retórica. Cícero atenta mais para a eficiência do discurso e defende que a retórica seja informada por todos os saberes. Na segunda tese, aponta-se aqui que Cícero realça o discurso judicial. Ainda que ambos os filósofos problematizem os três gêneros retóricos (deliberativo, judicial e epidíctico), Aristóteles os coloca em um mesmo nível, com privilégio para o deliberativo. Cícero preocupa-se com o consenso em torno da lei, da tradição, da ordem e do Estado e realça o discurso forense. O orador, quando funda a sua argumentação na equidade, permite a compreensão do que seja reto, verdadeiro, justo e útil para a sociedade. Na última tese, Cícero centraliza o ethos nos atributos pessoais do orador. Do mesmo modo que Aristóteles, valoriza o ethos como técnica de persuasão, mas não foca nele a argumentação, pois os atributos do orador estão previamente concentrados nos valores sociais que encarna, o que reforça o discurso ideológico do orador.
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spelling MAIA, Fernando Joaquim Ferreirahttp://lattes.cnpq.br/8339138648737936http://lattes.cnpq.br/8269423647045727ADEODATO, João Maurício2016-04-18T12:16:05Z2016-04-18T12:16:05Z2012-02-29https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/16650ark:/64986/0013000002ttzParte-se da hipótese de que Cícero continua e desenvolve a retórica de Aristóteles a partir de um ponto em comum, ainda que dirigido à realidade romana: a politização da ética e da filosofia. O orador tem um papel político na defesa do Estado e da ordem social e deve participar ativamente do controle do sistema jurídico, da proteção e da reprodução das relações sociais e respectivos valores e instituições. Ao fazer isso, oferece contribuições específicas que vão caracterizar a retórica jurídica em Roma e marcar sua originalidade. Defendem-se então três teses específicas. Pela primeira, Cícero coloca no mesmo plano a retórica, a filosofia e o direito, pois une o “como dizer” a “o que dizer”. Liga-se a Aristóteles ao tentar aproximar a retórica da filosofia, da ética e da política, embora o Estagirita, ao atacar os sofistas, coloque a política e a filosofia acima da retórica e assim tente separar a boa da má retórica. Cícero atenta mais para a eficiência do discurso e defende que a retórica seja informada por todos os saberes. Na segunda tese, aponta-se aqui que Cícero realça o discurso judicial. Ainda que ambos os filósofos problematizem os três gêneros retóricos (deliberativo, judicial e epidíctico), Aristóteles os coloca em um mesmo nível, com privilégio para o deliberativo. Cícero preocupa-se com o consenso em torno da lei, da tradição, da ordem e do Estado e realça o discurso forense. O orador, quando funda a sua argumentação na equidade, permite a compreensão do que seja reto, verdadeiro, justo e útil para a sociedade. Na última tese, Cícero centraliza o ethos nos atributos pessoais do orador. Do mesmo modo que Aristóteles, valoriza o ethos como técnica de persuasão, mas não foca nele a argumentação, pois os atributos do orador estão previamente concentrados nos valores sociais que encarna, o que reforça o discurso ideológico do orador.Continuing with Cicero’s hypothesis and developing Aristotelian rhetoric from a common point, still directed to the Roman reality: the politicalization of ethics and philosophy. The Orator has a political role in the defense of the State, and social order, and should actively participate in control of the judicial system, in the protection and reproduction of social relations, together with respective values and institutions. In doing this, he offers specific contributions that go on to characterize the juridical rhetoric in Rome, marking its origins. Three specific theses are proposed. Regarding the first, Cicero places rhetoric, philosophy and law on the same level, since they link “what to say” with “how to say it”. The reasoning is associated to Aristotle’s attempt to approximate rhetoric with philosophy, ethics, and politics. The Estagirita, in attacking the sophists, places politics and philosophy above rhetoric, and thus tries to separate good rhetoric from bad. Cicero looks towards the efficiency of discourse, and defends that rhetoric be backed by all the fields of knowledge. The second thesis points out that Cicero emphasizes judicial discourse. Though their philosophies consider the three genders of rhetoric, (deliberative, judicial and epidictic); Aristotle places them all on the same level, with privilege given to the deliberative. Cicero is concerned more with consensus surrounding laws, tradition, order, and the State, emphasizing forensic discourse. The Orator, when basing his reasoning on fairness, enhances the understanding of what is right, true, just, and useful for society. In the last thesis, Cicero centralizes ethos as a personal attribute of the Orator. In the same manner that Aristotle’s values ethos as a technique for persuasion, without focusing his reasoning on it, since the attributes of the Orator are primarily concentrated on social values, reinforcing the ideological aspects of the discourse.porUniversidade Federal de PernambucoPrograma de Pos Graduacao em DireitoUFPEBrasilAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessDireitoRetóricaCíceroAristótelesLawRhetoricCiceroAristotleA projeção da retórica aristotélica na construção original de uma retórica jurídica da práxis por Cíceroinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisdoutoradoreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPETHUMBNAILTeseConcluídaFernandoJoaquimCORRETA.pdf.jpgTeseConcluídaFernandoJoaquimCORRETA.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1391https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/16650/5/TeseConclu%c3%addaFernandoJoaquimCORRETA.pdf.jpg4e5f338db6e82d4460ba5f58ee6cace9MD55ORIGINALTeseConcluídaFernandoJoaquimCORRETA.pdfTeseConcluídaFernandoJoaquimCORRETA.pdfapplication/pdf1941112https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/16650/1/TeseConclu%c3%addaFernandoJoaquimCORRETA.pdf962c307a79bfc4d2ed093af803267d3cMD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; 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