Educação e espiritualidade em Chögyam trungpa rinpoche : nos rastros de uma pedagogia fantástica
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Data de Publicação: | 2020 |
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Texto Completo: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/38533 |
Resumo: | Vivemos tempo algum, nenhum tempo temos. São tempos de desencantamento. Um estado que nada acontece: suspensão. É apreciação de coisa-alguma: nada. Fazemo-nos a partir daquela insensibilidade que sabe de tudo, mas que nada sente. O que esse desencantamento não para de dizer, insistimos em não perceber: há algo de terminal em nosso mundo, a ausência de futuro já começou. Cabe-nos, mais do que nunca, farejar, nas impossibilidades do mundo, as brechas de horizontes perdidos. Nessa direção, pesquisamos em educação movidos pelo desejo de retirar do silenciamento outras epistemologias, minoritárias, como as que foram forjadas nos contrafortes dos Himalaias. Na busca de rastros do que ainda não se deixam pensar no campo acadêmico da educação, viajamos até o extremo oriente e nos perguntamos: em que medida a visão espiritual do professor tibetano Chögyam Trungpa Rinpoche pode contribuir para reorientar nossas propostas educativas? A intenção mais ampla consiste em analisar a visão filosófico-educacional deste pensador, descrevendo as bases onto-antropológicas do que ele denomina de educação guerreira a fim de mapear rastros para desdobrar uma pedagogia fantástica. De modo mais específico, buscamos (1) compreender a visão espiritual imanente ao pensamento pedagógico de Chögyam Trungpa Rinpoche, no intuito de extrair implicações que nos ajudem a repensar o papel da educação; (2) apresentar a mitologia de Shambala e o dispositivo pedagógico denominado de educação guerreira, buscando compreender o que significa ser sujeito da educação nesse contexto; e (3) apreender a meta educacional defendida pela filosofia da educação de Chögyam Trungpa Rinpoche, discutindo suas possibilidades de tradução e seus desdobramentos para a formulação de uma pedagogia fantástica. Para tanto, empreendemos uma investigação de caráter teórico-bibliográfico. Como mostraram os resultados, o enfoque de espiritualidade, desde o modo budista apreendido por Chögyam Trungpa Rinpoche, configura-se como um exercício de arejamento das estruturas de dominação e rigidez sustentadas pelo modo neurótico de funcionamento do eu. A questão que a espiritualidade pretende inserir no cenário das ciências humanas, de modo geral, e do campo educativo, de modo particular, está baseada na capacidade de abrirmos um espaço de intercâmbio de posição, onde o eu, descentrado, transmuta a neurose para enxergar o mundo desde outros pontos de vistas. O dispositivo denominado de educação guerreira, ao se inspirar na mítica de Shambala, apresenta-se como intervenção pedagógica pautada não só na reativação da magia, mas em sua invocação. Organizado por uma proposta política-pedagógica sustentada pela experiência do mundo sagrado, o trabalho formativo volta-se para um cuidado comum com as vidas. Do modo como foi tematizada, a trilha formativa da educação guerreira não só é sustentada por uma visão sui generis de espiritualidade como nos deixou rastros para engendrar o que chamamos de pedagogia fantástica. Um método de ensino e aprendizagem que, ao borrar as fronteiras da percepção, abre uma fenda nos limites da razão. Inspirados pela visão espiritual de Chögyam Trungpa Rinpoche, podemos concluir que a espiritualidade é um dispositivo formativo de cuidado com os outros do mundo e a educação um artefato mágico de transformação dos corpos pela via da fantasia. |
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SILVA, Sidney Carlos Rocha dahttp://lattes.cnpq.br/3522882034208076http://lattes.cnpq.br/5989326759915260FREITAS, Alexandre Simão de2020-11-09T13:06:24Z2020-11-09T13:06:24Z2020-03-04SILVA, Sidney Carlos Rocha da. Educação e espiritualidade em Chögyam trungpa rinpoche: nos rastros de uma pedagogia fantástica. 2020. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2020.https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/38533ark:/64986/0013000008sxjVivemos tempo algum, nenhum tempo temos. São tempos de desencantamento. Um estado que nada acontece: suspensão. É apreciação de coisa-alguma: nada. Fazemo-nos a partir daquela insensibilidade que sabe de tudo, mas que nada sente. O que esse desencantamento não para de dizer, insistimos em não perceber: há algo de terminal em nosso mundo, a ausência de futuro já começou. Cabe-nos, mais do que nunca, farejar, nas impossibilidades do mundo, as brechas de horizontes perdidos. Nessa direção, pesquisamos em educação movidos pelo desejo de retirar do silenciamento outras epistemologias, minoritárias, como as que foram forjadas nos contrafortes dos Himalaias. Na busca de rastros do que ainda não se deixam pensar no campo acadêmico da educação, viajamos até o extremo oriente e nos perguntamos: em que medida a visão espiritual do professor tibetano Chögyam Trungpa Rinpoche pode contribuir para reorientar nossas propostas educativas? A intenção mais ampla consiste em analisar a visão filosófico-educacional deste pensador, descrevendo as bases onto-antropológicas do que ele denomina de educação guerreira a fim de mapear rastros para desdobrar uma pedagogia fantástica. De modo mais específico, buscamos (1) compreender a visão espiritual imanente ao pensamento pedagógico de Chögyam Trungpa Rinpoche, no intuito de extrair implicações que nos ajudem a repensar o papel da educação; (2) apresentar a mitologia de Shambala e o dispositivo pedagógico denominado de educação guerreira, buscando compreender o que significa ser sujeito da educação nesse contexto; e (3) apreender a meta educacional defendida pela filosofia da educação de Chögyam Trungpa Rinpoche, discutindo suas possibilidades de tradução e seus desdobramentos para a formulação de uma pedagogia fantástica. Para tanto, empreendemos uma investigação de caráter teórico-bibliográfico. Como mostraram os resultados, o enfoque de espiritualidade, desde o modo budista apreendido por Chögyam Trungpa Rinpoche, configura-se como um exercício de arejamento das estruturas de dominação e rigidez sustentadas pelo modo neurótico de funcionamento do eu. A questão que a espiritualidade pretende inserir no cenário das ciências humanas, de modo geral, e do campo educativo, de modo particular, está baseada na capacidade de abrirmos um espaço de intercâmbio de posição, onde o eu, descentrado, transmuta a neurose para enxergar o mundo desde outros pontos de vistas. O dispositivo denominado de educação guerreira, ao se inspirar na mítica de Shambala, apresenta-se como intervenção pedagógica pautada não só na reativação da magia, mas em sua invocação. Organizado por uma proposta política-pedagógica sustentada pela experiência do mundo sagrado, o trabalho formativo volta-se para um cuidado comum com as vidas. Do modo como foi tematizada, a trilha formativa da educação guerreira não só é sustentada por uma visão sui generis de espiritualidade como nos deixou rastros para engendrar o que chamamos de pedagogia fantástica. Um método de ensino e aprendizagem que, ao borrar as fronteiras da percepção, abre uma fenda nos limites da razão. Inspirados pela visão espiritual de Chögyam Trungpa Rinpoche, podemos concluir que a espiritualidade é um dispositivo formativo de cuidado com os outros do mundo e a educação um artefato mágico de transformação dos corpos pela via da fantasia.CAPESWe live in no time, we do not have any. These are times of disenchantment. A state in which nothing happens: suspension. It is the appreciation of the void: nothingness. We make ourselves from that insensitivity that knows everything but feels nothing. What this disenchantment does not stop saying, we insist on not realizing: there is something terminal in our world, the absence of a future has already begun. More than ever, it is our responsibility to sniff the gaps of lost horizons in the impossibilities of the world. In this direction, we have researched education driven by the desire to remove from silence other minority epistemologies, such as those forged in the foothills of the Himalayas. In the search for traces of what is still not allowed to be thought in the academic field of education, we traveled to the far east and asked ourselves: To what extent can the spiritual vision of the Tibetan teacher Chögyam Trungpa Rinpoche contribute to reorienting our educational proposals? The broader intention is to analyze the philosophical-educational sight of this thinker describing the onto-anthropologic bases of what he calls warrior education, in order to map out trails to unfold a fantastic pedagogy. More specifically, we seek (1) to understand the spiritual vision immanent to Chögyam Trungpa Rinpoche's pedagogical thinking, in order to extract implications that help us rethink the role of education; (2) to present the Shambala mythology and the pedagogical device called warrior education, seeking to understand what it means to be subject to education in this context; and (3) to grasp the educational goal advocated by Chögyam Trungpa Rinpoche's philosophy of education, discussing its possibilities of translation and its unfoldings for the formulation of a fantastic pedagogy. To this end, an investigation of a theoretical and bibliographical nature was undertaken. As the results showed, the focus on spirituality, from the Buddhist mode seized by Chögyam Trungpa Rinpoche, is configured as an exercise of ventilation of the structures of domination and rigidity sustained by the neurotic mode of operation of the self. The question that spirituality intends to insert in the scenario of the human sciences in general and of the educational field in particular, is based on the capacity to open a space of exchange of position, where the self, decentralized, transmutes the neurosis to see the world from other points of view. When inspired by shambala's mythical, the device called warrior education presents itself as a pedagogical intervention based not only on the reactivation of magic, but on its invocation. Organized by a political-pedagogical proposal supported by the experience of the sacred world, formative work turns to a common care for lives. As it was themed, the formative trail of the warrior education is not only sustained by a sui generis vision of spirituality but left us trail to engender what we call fantastic pedagogy. A method of teaching and learning which, by blurring the boundaries of perception, opens a rift within the limits of reason. Inspired by Chögyam Trungpa Rinpoche's spiritual vision, we can conclude that spirituality is a formative device of care for others in the world and that education is a magical artifact of transforming bodies through the path of fantasy.porUniversidade Federal de PernambucoPrograma de Pos Graduacao em EducacaoUFPEBrasilAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessEducação – FilosofiaPedagogia - FilosofiaMétodos pedagógicosEducação - EspiritualidadeUFPE - Pós-graduaçãoEducação e espiritualidade em Chögyam trungpa rinpoche : nos rastros de uma pedagogia fantásticainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisdoutoradoreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPECC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; charset=utf-8811https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/38533/2/license_rdfe39d27027a6cc9cb039ad269a5db8e34MD52LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; 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