Práticas e eventos de letramento em meios populares: uma análise nas redes sociais das crianças na comunidade do Coque
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2008 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFPE |
Texto Completo: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/4324 |
Resumo: | O objetivo desta pesquisa foi investigar a presença e os modos de circulação das práticas e dos eventos de letramento em uma comunidade da periferia da cidade do Recife, tendo em vista os momentos de interação das crianças com a leitura e a escrita, sob a ótica de suas redes sociais de pertencimento. Argumenta-se que as comunidades de baixo poder aquisitivo e/ou risco social são consideradas meios iletrados por apresentarem baixos níveis de rendimento escolar e/ou competências de escrita. Nesse sentido, as crianças provenientes desses meios são comumente associadas, nos diagnósticos e documentos norteadores das políticas públicas de educação à idéia de fracasso escolar. No entanto, acredita-se que a discussão das práticas e dos eventos de letramento só faz sentido se for abordada a partir de condições que tornem possível sua compreensão contextual e não mais como um modismo educativo . Por essa via, neste trabalho, o eixo teórico do letramento inscreveu-se na linha de investigação que aborda a escrita em seus usos, funções e significados sociais, como também a sua contribuição para o desenvolvimento individual e coletivo, imersos numa perspectiva social e etnográfica. Devido à escolha de uma análise que não pode ser dissociada do acontecimento do lugar, da ocasião e/ou das pessoas nos quais os estudos são realizados, optamos pelo paradigma sociológico das redes sociais. Na perspectiva metodológica, esta pesquisa se caracterizou pela aplicação do mapa de redes e das entrevistas com as crianças, das entrevistas com os sujeitos que constituíam as redes sociais primárias e secundárias das crianças e das observações nos espaços delimitados em que as crianças circulavam na comunidade. Os resultados obtidos permitiram concluir que as crianças se ancoravam em suas relações concretas de pertencimento, por isso, não desvinculavam, nem fragmentavam suas interações com a leitura e a escrita de suas redes sociais, inclusive, daquelas geradas pelo espaço público, como a escola. Esse reconhecimento das práticas de letramento constitui as redefinições de uso da leitura e da escrita, pois as crianças construíam um fator de valoração em suas interações que as levavam a considerar o que era significativo nos eventos de letramento, em que o modo de circulação da leitura e da escrita era crucial para fazer sentido em suas relações sociais. Nossa compreensão, portanto, é que aprender e fazer uso da leitura e escrita exige mais do que o domínio de um código, exige um necessário reconhecimento mútuo: falar a linguagem da outra pessoa transcende falar uma linguagem dada, perpassa certos usos simbólicos da língua que podem favorecer ou dificultar uma linguagem comum. Acreditamos que os resultados obtidos a partir das análises tanto da perspectiva do letramento quanto das redes sociais contribuem não apenas como recursos críticos para o reducionismo do fracasso escolar nos meios populares, mas nos permitem a ressignificação de táticas concretas para a consolidação, alargamento e ligação dos sujeitos (professores, alunos, pais, amigos, ...) que compartilham o objetivo de acessar o mundo letrado |
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Nesse sentido, as crianças provenientes desses meios são comumente associadas, nos diagnósticos e documentos norteadores das políticas públicas de educação à idéia de fracasso escolar. No entanto, acredita-se que a discussão das práticas e dos eventos de letramento só faz sentido se for abordada a partir de condições que tornem possível sua compreensão contextual e não mais como um modismo educativo . Por essa via, neste trabalho, o eixo teórico do letramento inscreveu-se na linha de investigação que aborda a escrita em seus usos, funções e significados sociais, como também a sua contribuição para o desenvolvimento individual e coletivo, imersos numa perspectiva social e etnográfica. Devido à escolha de uma análise que não pode ser dissociada do acontecimento do lugar, da ocasião e/ou das pessoas nos quais os estudos são realizados, optamos pelo paradigma sociológico das redes sociais. 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Nossa compreensão, portanto, é que aprender e fazer uso da leitura e escrita exige mais do que o domínio de um código, exige um necessário reconhecimento mútuo: falar a linguagem da outra pessoa transcende falar uma linguagem dada, perpassa certos usos simbólicos da língua que podem favorecer ou dificultar uma linguagem comum. 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