A representação social da doença de nervos entre os gêneros

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: OLIVEIRA, Alda Batista de
Data de Publicação: 2000
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
dARK ID: ark:/64986/00130000022kq
Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/16989
Resumo: A realização deste trabalho teve como objetivo investigar a organização estrutural da representação social do conceito da doença dos nervos, na classe popular, por se entender que, face a diferenciação de universos e experiências vividas, poderiam ser encontrados significados peculiares a condição de gênero. A sua elaboração e execução, baseou-se na teoria das representações sociais (Moscovici, 1961) e em estudos antropológicos que usam análises multidimensionais, tomando como ponto de partida os métodos e técnicas da antropologia cognitiva (Russel, 1994; D'Andrade, 1995; Lave, 1988). Numa amostra de 60 sujeitos, trinta homens e trinta mulheres, com idades entre 15 e 65 anos foram aplicadas as técnicas de associação livre de palavras e entrevistas semi-estruturadas. Através da técnica de associação livre, como meio de acesso ao campo semântico das representações, (pedia-se que os sujeitos falassem livremente o que pensavam com a evocação da expressão doença dos nervos), obteve-se um total de 272 respostas, compostas por 86 tipos de expressões semânticas, as quais, ao serem agrupadas de acordo com a similaridade de significados, originaram 22 categorias de análise. O julgamento de similaridades de significados das categorias seguiu os critérios ou indícios (sintomas físicos e sintomas morais) apontados por Duarte (1986), como constituintes da significação do conceito. Ao final desse processo, obteve-se três grupos de categorias: os sintomas morais (apresentou maior número de respostas), os sintomas físicos e acrescentou-se os sintomas causais. Em seguida, aplicou-se sobre estes três grupos de categorias, o método de "variáveis externas como pontos" (Amar &Cohen, 1999), para se estabelecer as correlações entre estes três grupos e os gêneros. Considerados em seu conjunto, os resultados da projeção do SSA (Smallest Space Analysis) apresentaram uma polarização entre sintomas físicos, morais e causais, conformando uma estrutura axial, onde se observou uma maior correlação entre o grupo dos sintomas físicos com o gênero feminino, assim como, o gênero masculino se apresentou mais correlacionado ao grupo dos sintomas morais e aos fatores causais. A análise dos significados da doença dos nervos demonstrou que a diferença de ênfases aplicadas pelos gêneros sobre a representação social deste objeto está atrelada aos papéis e espaços socialmente atribuídos a homens e mulheres, não se prendendo a questões de classe social ou de gênero. Verificada empiricamente, doença dos nervos é a representação de inúmeras insatisfações de homens e mulheres, que têm origem em fatores sócioeconômicos, mas também nas experiências dos dois gêneros, quando ambos não conseguem corresponder aos papéis culturalmente determinados, em suas respectivas esferas sociais.
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spelling OLIVEIRA, Alda Batista deROAZZI, Antônio2016-05-25T15:18:31Z2016-05-25T15:18:31Z2000-03https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/16989ark:/64986/00130000022kqA realização deste trabalho teve como objetivo investigar a organização estrutural da representação social do conceito da doença dos nervos, na classe popular, por se entender que, face a diferenciação de universos e experiências vividas, poderiam ser encontrados significados peculiares a condição de gênero. A sua elaboração e execução, baseou-se na teoria das representações sociais (Moscovici, 1961) e em estudos antropológicos que usam análises multidimensionais, tomando como ponto de partida os métodos e técnicas da antropologia cognitiva (Russel, 1994; D'Andrade, 1995; Lave, 1988). Numa amostra de 60 sujeitos, trinta homens e trinta mulheres, com idades entre 15 e 65 anos foram aplicadas as técnicas de associação livre de palavras e entrevistas semi-estruturadas. Através da técnica de associação livre, como meio de acesso ao campo semântico das representações, (pedia-se que os sujeitos falassem livremente o que pensavam com a evocação da expressão doença dos nervos), obteve-se um total de 272 respostas, compostas por 86 tipos de expressões semânticas, as quais, ao serem agrupadas de acordo com a similaridade de significados, originaram 22 categorias de análise. O julgamento de similaridades de significados das categorias seguiu os critérios ou indícios (sintomas físicos e sintomas morais) apontados por Duarte (1986), como constituintes da significação do conceito. Ao final desse processo, obteve-se três grupos de categorias: os sintomas morais (apresentou maior número de respostas), os sintomas físicos e acrescentou-se os sintomas causais. Em seguida, aplicou-se sobre estes três grupos de categorias, o método de "variáveis externas como pontos" (Amar &Cohen, 1999), para se estabelecer as correlações entre estes três grupos e os gêneros. Considerados em seu conjunto, os resultados da projeção do SSA (Smallest Space Analysis) apresentaram uma polarização entre sintomas físicos, morais e causais, conformando uma estrutura axial, onde se observou uma maior correlação entre o grupo dos sintomas físicos com o gênero feminino, assim como, o gênero masculino se apresentou mais correlacionado ao grupo dos sintomas morais e aos fatores causais. A análise dos significados da doença dos nervos demonstrou que a diferença de ênfases aplicadas pelos gêneros sobre a representação social deste objeto está atrelada aos papéis e espaços socialmente atribuídos a homens e mulheres, não se prendendo a questões de classe social ou de gênero. Verificada empiricamente, doença dos nervos é a representação de inúmeras insatisfações de homens e mulheres, que têm origem em fatores sócioeconômicos, mas também nas experiências dos dois gêneros, quando ambos não conseguem corresponder aos papéis culturalmente determinados, em suas respectivas esferas sociais.The goal of the present work was the investigation of the structural organization of the social representation of the concept of "nervous disease" in the low SES population, for it is understood that, given the specific universe and experiences lived by his group, peculiar meanings could be found for the term among it*s members. The planning and execution of the work was based on the Theory of Social Representations (Moscovici, 1961), and on anthropological studies using multidimensional analysis, taking as a starting point the methods and techniques of Cognitivo Anthropology (Russel, 1994; D'Andrade, 1995; Lave,1988). Techniques from the free association of words and the semi-structures interviews were appiied on a sample of 60 subjects, 30 men and 30 women, with ages ranging from 15 to 65 years. Through the free association technique (it was asked that the subjects talked freely about what was evoked to their minds by the term "nervous disease"), used as a means to access the semantic field of the representations, a total of 272 responses was attained, composed of 86 kinds of semantic expressions that, when grouped according to similarity of meaning, originated 22 analytical categories. The judgement of of the similarity of meanings in the categories foilowedthe criteria or signs (physical symptoms and moral symptoms) pointed by Duarte (1986) as being constituents of the meaning of concept. At the end of this process, three groups of caegories were obtained: moral symptoms (with the largest number of responses), physical symptoms, and, in addition, causai symptoms. Afterwards, the "Externai variables as Points" method (Amar &Cohen, 1999) was appiied to the groups to establish the correlations between those three groups and gender. Taken as a whole set, the resuits of the SSA projection (Smallest Space Analysis) showed a polarization between physical, moral, and causai symptoms, forming an axial structure, where it was observed that there was a higher correlation of physical symptoms with the female gender, as well as a greater correlation with moral and causai symptoms for the male. The analysis of the meanings of "nervous disease" demonstrated that the gender differences as to the aspects of the social representation of the object on which they place greater emphasis is associated to the roles and spaces that are socially designated to men and women, not limited to issues ofsocial class or gender. As empirically verified, "nervous disease" is the representation of numerous dissatisfactions of men and women, duissatisfactions originated from socioeconomic factors, but aiso from the experiences of the two genders, when both are unable to correspond to the existing culturally determined roles in their respective social environments.porUniversidade Federal de PernambucoPrograma de Pos Graduacao em AdministracaoUFPEBrasilAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessDoença dos nervosRepresentações sociaisSintomas físicosSintomas moraisSintomas causaisA representação social da doença de nervos entre os gênerosinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesismestradoreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPEORIGINAL39O48r Dissertação.pdf39O48r Dissertação.pdfapplication/pdf7316624https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/16989/1/39O48r%20Disserta%c3%a7%c3%a3o.pdfeba3322002a7bd95fcb943f043127122MD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; 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